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No Roda Viva, Silvio Almeida explica funcionamento do racismo estrutural

Professor do Mackenzie foi o convidado de um dos mais importantes programas de entrevistas brasileiro

23.06.202013h33 Comunicação - Marketing Mackenzie

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No Roda Viva, Silvio Almeida explica funcionamento do racismo estrutural

O professor da Faculdade de Direito (FDir) da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), Silvio Almeida, foi o convidado do programa Roda Viva desta segunda-feira, 22 de junho. O docente falou sobre racismo e como ele afeta a vida social, incluindo áreas como política, educação e economia.

Logo no começo do programa, Silvio Almeida explicou o conceito de racismo estrutural, que atravessa as mais diversas instâncias da sociedade. “O racismo é um elemento muito complexo e não podemos deixar de vê-lo em sua ligação intrínseca com outros elementos da vida social, como economia, direito e política, e até mesmo imaginário social", afirmou o professor, que realizou a entrevista de sua casa, nos Estados Unidos. 

Respondendo a perguntas dos diversos entrevistadores, o mackenzista discorreu sobre como o racismo é capaz de afetar as mais diferentes áreas, principalmente economia, política, mas não deixou abordar outros aspectos como o racismo presente na educação, no mundo esportivo e na prestação de serviços públicos. 

A presença do professor no Roda Viva acontece em um momento em que diversos protestos antirracistas são realizados em todo o mundo, motivados pelo caso do norte-americano, George Floyd, que foi morto asfixiado por policiais, nos EUA. Os manifestantes também pedem o fim da violência policial contra população negra em todo o mundo.  

“Esse momento que estamos passando no mundo deixa evidente que não há mais espaço ou raciocínios que pensem o racismo apenas como um mal institucional ou individual”, declarou Almeida. 

De acordo com o professor, a educação também é afetada pelo racismo estrutural.

“Ela precisa se colocar em jogo, não existe possibilidade de educação que não tenha um acento crítico. É questionar o quanto os processos educacionais contribuem para a reprodução dos estereótipos e do imaginário racista”, enfatizou. 

Além de professor na UPM, Almeida é professor visitante da Universidade de Duke, nos Estados Unidos, e também na Fundação Getulio Vargas. Ele também é filósofo, jurista e autor do livro Racismo Estrutural.

Para se tratar e vencer o racismo, Almeida apontou que as medidas vão muito além de apenas contratar negros ou ter proximidade com pessoas negras. “A representatividade é importante, mas precisa estar ligada a uma agenda pública, que precisa ser construída com um diálogo democrático com todos os setores da sociedade. Colocar o negro em certas instituições que funcionam a partir de uma lógica racista, serve apenas para reforçar o racismo”, disse Almeida. 

Ao fim do programa, o mackenzista ainda demonstrou que pessoas brancas devem ajudar pessoas negras a construírem seu próprio espaço. “Sem os brancos, não é possível superar o racismo, porque os brancos também são uma criação do racismo. Só conseguiremos sair dessa grande noite juntos, em direção a um projeto”, apontou Almeida.

“A gente só consegue combater o racismo, desnaturalizando o racismo”, pontua o professor. 

“O que vamos deixar para nossos filhos e nossos netos depende de um projeto político que passa, necessariamente, por uma luta contra todas as formas de degradação da vida humana. Temos de criar condições para que as pessoas que vêm depois de nós possam ter um mundo melhor do que foi entregue para a gente”, concluiu ele.

O Roda Viva contou com a bancada de entrevistadores composta pelo professor da FGV-SP, Thiago Amparo; do professor de filosofia e colunista da Gazeta do Povo, Paulo Cruz; da antropóloga e diretora geral do Nexo Jornal, Flavia Lima; da ombudsman do jornal Folha de S.Paulo, Paula Miraglia; e da apresentadora do Jornal da Tarde da TV Cultura, Joyce Ribeiro. Vera Magalhães mediou a entrevista.


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