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Reality shows: por que fazem tanto sucesso?

Ferramentas da neurociência explicam pontos que fazem as pessoas se interessarem pelos programas televisivos

27.04.202115h07 Comunicação - Marketing Mackenzie

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Reality shows: por que fazem tanto sucesso?

Por que os realities shows têm tanta audiência? Esses programas televisivos possuem esse nome por serem baseados na “vida real” e movem, a cada dia mais, grandes públicos que assistem e torcem vigorosamente pelos participantes que mais gostam. No Brasil, o primeiro Reality Show a ser exibido na televisão foi o No Limite, em 2000. Desde então, foram diversos programas deste gênero, sempre com temáticas variadas, como música, culinária e outros. 

Desde 2020, o Big Brother Brasil (BBB), da Rede Globo, é, possivelmente, o maior exemplo de reality da TV brasileira. O índice de engajamento das torcidas nas redes sociais e os altos níveis de audiência, dignos de jogo de Copa do Mundo, tornaram o programa um fenômeno. Para entender os motivos que fazem os Realities Shows tão assistidos, conversamos com a professora do Centro de Ciências e Tecnologia (CCT) da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), campus Campinas, Mariana Munis, especialista na área de Marketing. 

De acordo com ela, além do entretenimento, o reality show, assim como um produto e serviço, é lançado para satisfazer necessidades e desejos de seu público-alvo e de seus parceiros de negócio envolvidos com o programa. 

Munis destaca que o BBB passou por uma mudança de 2019 para 2020. Desde então, o programa bateu recorde de audiência e arrecadação. No ano passado, o programa foi visto por 37 milhões de pessoas por dia e a emissora faturou bem menos com anunciantes fixos, que totalizou R$ 304 milhões. Para esse ano, o reality pretende arrecadar mais de meio bilhão de reais, conseguindo vender, antecipadamente, cotas de anúncios para empresas como Avon, Americanas, Amstel, C&A, McDonald's, Procter & Gamble e Seara. Antes mesmo do BBB21 começar, a Globo já havia arrecadado R$ 470 milhões, com projeção de um faturamento total de R$ 520 milhões.

A professora destaca alguns pontos que justificam a utilização de ferramentas de neurociência durante a exibição do programa e que tornam os realities tão queridos pelos brasileiros. Confira: 

Escolha do elenco:

Cada participante é escolhido com base em um arquétipo diferente. O psiquiatra e psicoterapeuta suíço Carl Jung descobriu que existem 12 arquétipos de personalidade que se repetem em todas as culturas. As marcas utilizam esses personagens para compor sua personalidade: o fora da lei, o inocente, o cara comum, o amante/apaixonado, o governante, o bobo da corte, o herói, o mago, o sábio, o explorador, o prestativo e o criador. No momento de escolher o elenco, a Globo avalia a personalidade das pessoas. Além do mais, por serem pessoas com vivências diferentes, os desentendimentos virão mais facilmente. 

Storytelling:

De acordo com Mariana Munis, apontando o BBB como exemplo, a Globo narra e edita os acontecimentos, contando-os como boas histórias. Com alguns personagens, pode até utilizar a jornada do herói, técnica de produção de narrativas.

“Percebemos a jornada do herói sendo contada pela participante Juliette, por exemplo: primeiro, a participante do grupo pipoca recebe um chamado para entrar na casa. Ela ganha o favoritismo do público para ficar imune na primeira semana, começa a fazer piadinhas e se afobar e começa a desagradar o público. Depois de um tempo, ela se encontra dentro da casa e se transforma, mostrando-se muito mais forte e contando a história de suas origens. Muitos brasileiros se identificam com a sua garra, com sua origem e até onde chegou”, assinala ela.

Munis ainda complementa que Juliette pode não ter feito isso de propósito, mas conseguiu traçar a jornada do herói em sua trajetória ao longo do BBB.

Boas narrativas, com começo, meio e fim:

A professora explica que o cérebro ama histórias que tenham alguma conclusão e ressalta que o programa sempre faz de tudo para dar continuidade a essa história semanalmente. “Como o BBB dura um pouco mais de três meses, as pessoas se apegam e querem ver até onde o reality show vai. Além do mais, a cada prova, a cada paredão, há uma surpresa diferente”, reforça. 

A especialista explica que o BBB trabalha com histórias empolgantes, utilizando algumas técnicas de neuromarketing e tudo é feito para gerar narrativa: desde as provas do líder, anjo, jogo da discórdia, até mesmo na escolha de seu elenco, ao misturar os grupos pipoca (anônimos) e camarote (famosos). Quanto maior a diversidade entre os brothers, maiores são as polêmicas e discussões e, portanto, mais narrativas são geradas.

“Com isso, o programa consegue gerar assunto aos diversos meios de comunicação, além de trazer marcas interessantes para patrociná-lo", conclui.

Provas que possuam mensagem subliminar: 

Mariana Munis afirma que a mensagem subliminar não é aquela que aparece sem contexto, mas sim aquela que nos envolve emocionalmente. Segundo a especialista, quando os brothers participam de provas inesquecíveis, as marcas e os patrocinadores ficam em evidência.

Como um exemplo, ela comentou. “Lembro-me da prova da Coca Cola, onde a Karol Conká acabou ganhando: a marca acabou sendo lembrada por vários dias nas redes sociais”.

Redes sociais ajudam:

As redes sociais podem ser um fator para promover o assunto e mantê-lo em alta. A professora mackenzista foi clara e disse que com certeza é um esforço proveniente de “várias mãos”.

“Assim como as mídias sociais do BBB geram assuntos, as mídias dos participantes também, mostrando looks do dia, maquiagem, produtos, vídeos previamente preparados para cada etapa que o participante alcança, engajando torcidas”, afirma.

Além do mais, segundo a professora esses conteúdos também engajam e geram assunto para outras redes sociais, de influenciadores, sites de fofoca, debate de assuntos polêmicos, entre outros.