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Projetos de Iniciação Científica do Mackenzie são reconhecidos na 77ª Reunião Anual da SBPC

Pesquisas nas áreas de Psicologia e Arquitetura reforçam o papel social e científico da universidade

08.08.202516h40 Bruno Carvalho

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Projetos de Iniciação Científica do Mackenzie são reconhecidos na 77ª Reunião Anual da SBPC

A Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) foi destaque na 77ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), com dois projetos de Iniciação Científica reconhecidos nacionalmente. Na área de Psicologia, o trabalho Caracterização dos CAPS da região oeste da cidade de São Paulo, de Milena Mendes Chiodi, orientado pela professora Bruna Suruagy do Amaral Dantas, recebeu premiação. Já na área de Arquitetura e Urbanismo, a pesquisa Participação em ATHIS: um estudo sobre os processos participativos nos projetos fomentados pelo CAU/SP, de Maria Fernanda Maximo Monteiro, orientada pela professora Renata Fragoso Coradin, recebeu menção honrosa.

Saúde mental e políticas públicas

O estudo premiado na psicologia analisou o funcionamento dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) da região oeste de São Paulo, com foco nos impactos das medidas neoliberais sobre os serviços, condições de trabalho dos técnicos e tipos de tratamento oferecidos.

Segundo a professora Bruna Suruagy, a pesquisa possui “relevância social, científica e política”, contribuindo para “o aperfeiçoamento de políticas públicas” ao analisar todo o processo dos serviços de saúde mental. Entre os principais pontos levantados, destacou-se a terceirização dos serviços, a rotatividade de profissionais, que compromete o vínculo com os usuários e a substituição gradual do modelo comunitário pelo biomédico, caracterizando um processo de “remanicomialização”.

Para a aluna Milena Mendes Chiodi, a experiência foi transformadora. “O que mais me marcou foram os relatos dos usuários dos serviços, especialmente sobre a diferença entre o atendimento nos CAPS e nas instituições manicomiais. Um deles disse: ‘Aqui você tem a comunicação, no manicômio não. No manicômio você é amarrado, toma injeção amarrado... Aqui tem a conversa, profissionais à disposição, vínculo e acolhimento’”.

Milena destacou ainda a importância de valorizar os profissionais e manter equipes estáveis, apontando a urgência de defender uma saúde mental pública, comunitária e de base territorial.

Sobre o reconhecimento da SBPC, afirmou: “Foi extremamente significativo. Esse reconhecimento amplia minhas perspectivas e reforça meu compromisso com a saúde coletiva.”

Arquitetura, moradia e participação popular

Na Arquitetura e Urbanismo, a pesquisa orientada pela professora Renata Fragoso investigou projetos de Assistência Técnica para Habitação de Interesse Social (ATHIS) fomentados pelo CAU/SP, com foco nos processos participativos.

Para a docente, o trabalho evidencia “a centralidade dos processos participativos nas ações sociais, buscando a efetivação do direito à moradia e à cidade”. A análise mostrou como a escuta ativa e o envolvimento de moradores, especialmente mulheres e crianças, fortalecem os vínculos comunitários, ampliam a legitimidade dos projetos e favorecem a apropriação dos resultados pelas comunidades.

A aluna Maria Fernanda Maximo Monteiro iniciou seu interesse pelo tema durante a graduação, ao participar do Escritório Modelo de Arquitetura e Urbanismo (EMAU) Mosaico, programa de extensão da FAU-Mackenzie. “Atuando no EMAU, percebi na prática a importância dos processos participativos para reconhecer as potencialidades, fragilidades e desejos das comunidades”, contou.

Durante a pesquisa, ela se surpreendeu com o impacto positivo que a participação popular teve em comunidades como a do Plano Popular do Cafezal e com os desafios enfrentados por arquitetas do Coletivo Mola, como as violências de gênero no exercício profissional.

Sobre a menção honrosa recebida na SBPC, Maria Fernanda declarou: “A premiação contribui para a valorização e reconhecimento da ATHIS no campo acadêmico e profissional. Espero que incentive novas práticas extensionistas e o debate sobre a participação popular na Arquitetura e Urbanismo, dentro e fora do Mackenzie”.

Formação e impacto social

As professoras destacaram que a Iniciação Científica é fundamental para aproximar os estudantes da realidade da pesquisa e das demandas sociais. “Esse percurso garante entusiasmo e desejo de continuar a trajetória acadêmica, além de estimular a autonomia científica”, afirmou Bruna Suruagy. Para Renata Fragoso, o reconhecimento também fortalece “a integração entre ensino, pesquisa e extensão, e o papel social da universidade em contextos de vulnerabilidade”.

Com os resultados obtidos e a projeção nacional alcançada, as pesquisas reforçam o compromisso do Mackenzie com a produção de conhecimento que dialoga com a sociedade.