Pesquisa e Inovação

Com apoio da NASA, Mackenzie inaugura antena em rádio-observatório no Ceará

Novo equipamento proverá dados de referencial terrestre capazes de sustentar pesquisas em ciências da Terra, estudos climáticos e navegação por satélite

10.11.202518h36 Comunicação - Marketing Mackenzie

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Com apoio da NASA, Mackenzie inaugura antena em rádio-observatório no Ceará

Foi inaugurada na cidade de Eusébio, região metropolitana de Fortaleza, Ceará, a nova antena do Rádio Observatório Espacial do Nordeste (ROEN) e seu novo terminal VGOS (VLBI Global Observing System). A instalação contou com financiamento da NASA, dos Estados Unidos, e apoio da Agência Espacial Brasileira (AEB). A Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), por meio do Centro de Radioastronomia e Astrofísica Mackenzie (CRAAM), é a instituição anfitriã do observatório.

A instalação da nova antena é resultado de uma cooperação internacional iniciada em 2019, com apoio técnico e financeiro da NASA, que investiu cerca de US$ 8 milhões na construção e transporte do equipamento. O Mackenzie coordena as operações científicas por meio de um contrato bilateral com a agência norte-americana. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) é responsável pela manutenção da área e suporte técnico, enquanto a Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA) e outras universidades locais contribuem com pesquisa e formação acadêmica.

Para o reitor da UPM, Marco Tullio de Castro Vasconcelos, a inauguração do ROEN representa um marco histórico para a ciência brasileira e um salto de excelência tecnológica. “Foi muito importante essa parceria e a confiança que a NASA tem nos nossos pesquisadores do Mackenzie e nos pesquisadores brasileiros, ao viabilizar esse investimento no ROEN.”

O novo equipamento substituirá gradativamente a antena de 14 metros de diâmetro instalada em meados dos anos 90, que funcionará paralelamente apenas por um período de transição. Com o novo projeto, será possível prover, com precisão e estabilidade a longo prazo, um referencial terrestre capaz de sustentar pesquisas em ciências da Terra, estudos climáticos e navegação por satélite, como a elevação do nível do mar, a perda de gelo e o movimento da crosta terrestre, além de permitir estudos sobre fenômenos como atividade sísmica, variações atmosféricas, enchentes, meteorologia e telecomunicações.

O VLBI, técnica de interferometria, é essencial não apenas para a ciência, mas também para aplicações cotidianas, como o funcionamento preciso de sistemas de navegação por GPS. A rotação da Terra e suas variações influenciam diretamente a estabilidade dos referenciais utilizados globalmente, tornando esse tipo de observação indispensável para a segurança e eficiência tecnológica em escala mundial.

Para o coordenador do CRAAM, Jean Pierre Raulin, a inauguração do novo terminal do ROEN é um marco para a ciência brasileira e para a presença estratégica do Nordeste na rede global de geodésia espacial. “Com tecnologia de ponta e cooperação internacional, fortalecemos a capacidade do Brasil de abrir novas oportunidades para a formação de jovens pesquisadores e o avanço do conhecimento em áreas estratégicas para o país e para o mundo”, afirmou.

O reitor da UPM, Marco Tullio Vasconcelos, destacou ainda a importância da nova antena para o ensino mackenzista. “Esse avanço técnico fortalece diretamente a formação acadêmica e científica dos alunos, que passam a ter contato com tecnologias de ponta, dados de pesquisa em tempo real e experiências colaborativas com redes internacionais.”

Ele também ressaltou que a expansão dos pontos de coleta de dados espaciais é uma estratégia fundamental para o CRAAM, ao garantir medições de alta precisão e maior cobertura global das observações. “O CRAAM consolida-se não apenas como um polo de excelência científica, mas também como um laboratório de formação de pesquisadores capazes de liderar projetos complexos e inovadores em escala global”, finalizou.

Já a assessora de Cooperação Internacional da AEB, Márcia Alvarenga, destacou que a parceria com a NASA é fruto de 20 anos de cooperação entre as agências. Ela explicou que, mais do que contribuir para avanços na pesquisa brasileira, os dados do ROEN podem impactar o dia a dia das pessoas. “Os resultados fortalecem a rede global de geodésia e, ao mesmo tempo, impactam diretamente a vida dos cidadãos, evidenciando de forma clara os benefícios que as atividades espaciais proporcionam à sociedade”, afirmou.

A distribuição global de antenas VLBI é historicamente concentrada no hemisfério norte. A instalação do novo terminal no Ceará contribui para equilibrar essa cobertura, ampliando a capacidade de observação em direção ao sul e melhorando a precisão dos referenciais celestes e terrestres utilizados por cientistas em todo o mundo.