Economia

Guerra, inflação e eleições: economista da Bloomberg fala das perspectivas econômicas para Brasil

Adriana Dupita palestrou na abertura da XX Semana do CCSA, na UPM

10.05.202216h00 Comunicação - Marketing Mackenzie

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Guerra, inflação e eleições: economista da Bloomberg fala das perspectivas econômicas para Brasil

Realizada pelo Centro de Ciências Sociais e Aplicadas (CCSA) da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), em parceria com a Empresa Junior Mackenzie de Consultoria, começou nesta segunda-feira, 09 de maio, a XX Semana do CCSA. Após sessão solene, Adriana Dupita, economista para Brasil e Argentina da Bloomberg, apresentou a palestra Brasil: Perspectivas e desafios econômicos para um auditório Ruy Barbosa lotado, no campus Higienópolis, além de transmissão ao vivo pelo YouTube da TV Mackenzie.

A mesa da sessão de abertura contou com a presença do reitor da UPM, Marco Tullio de Castro Vasconcelos; do pró-reitor de Extensão e Cultura (PREC), Cleverson Pereira de Almeida; do pró-reitor de Controle Acadêmico (PRCA), Wallace Tesch Sabaini; do pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação (PRPG), Felipe Chiarello; do diretor do CCSA, Claudio Parisi; do capelão universitário, José Carlos Piacente, que esteve representando o reverendo Robinson Grangeiro Monteiro, chanceler do Mackenzie; do coordenador Geral de Cursos de Graduação (CGC), Sérgio Silva Dantas, que esteve representando a Pró-reitora de Graduação (PRGA) Janette Brustein; e o coordenador do evento, Wagner Ricarth.

Perspectivas econômicas

Adriana Dupita, que já foi professora de economia na UPM, ressaltou o grande prazer que era estar de volta a sua “casa” para trazer um conteúdo especial aos alunos mackenzistas. “Inclusive, estou emocionada, pois está é minha primeira grande palestra presencial, desde que retornamos da pandemia”, disse.

Em meio a guerra, eleições e velhos desafios brasileiros, tais como inflação, a economista prevê que o cenário em nosso país ainda será turbulento neste ano. Adriana destacou que, apesar de tratar do tema da guerra entre Rússia e Ucrânia, não estava abordando a parte mais dura do conflito, que sem dúvida alguma é a perda de vidas humanas. “Seja a respeito das eleições, seja a respeito da guerra, cabe a mim tratar apenas dos aspectos econômicos e o que pode influenciá-los”, pontuou.

“A guerra é uma das situações em que todo mundo perde, inclusive na parte econômica. A Rússia está com inflação alta, diminuição do Produto Interno Bruto (PIB), e sofre também com as sanções econômicas de outros países. Mesmo as nações que não estão envolvidas diretamente na guerra são afetadas por ela, com diminuição do ritmo de recuperação econômica que tínhamos logo depois da pandemia, com uma reabertura maior da circulação de pessoas”, assinalou.

De acordo com ela, o conflito tende a afastar as nações e provocar o fenômeno da “desglobalização, que gera mais inflação. As áreas do Euro, Reino Unido, Índia e Estados Unidos tendem a ser as mais afetadas. Além disso, o segundo lockdown que a China vive, mais severo dessa vez, também vai afetar os mercados”. O resultado, segundo estudos apresentados, é uma tendência a acelerar a inflação e o crescimento dos países diminuir.

“Apesar da inflação ser um fenômeno global, alguns países estão mais expostos a ela, como é o caso do Brasil pelo seu histórico de hiperinflação, junto à América Latina como um todo”, destacou a economista.

Neste cenário, Adriana lembra que a resposta dos bancos centrais (BCs) é subir os juros, movimento já notado nos EUA e no Brasil, diminuindo o incentivo ao consumo para desinflacionar a economia. “Provavelmente, teremos mais juros nos EUA, menos na União Europeia e a China tende até a cortar suas taxas para incentivar o consumo”, disse.

Para o Brasil e a América Latina, Adriana avalia que não devemos ter muitos problemas no campo da alimentação porque somos grandes produtores de commodities, mas o caminho aqui será de juros muito altos para tentar controlar a inflação. “Tivemos uma queda econômica menor durante a pandemia, se comparados a outros países da América Latina, e recuperamos mais rapidamente, mas depois estagnamos. Para a região como um todo, teremos menor crescimento nesse ano, com provável aumento do endividamento público no Brasil e na Argentina – o que tende a depreciar a moeda. Peru e Chile estão levemente mais protegidos nesse sentido de câmbio por conta de reformas passadas”, constatou.

Por conta deste cenário conturbado, a economista afirma que as projeções são de que, até 2024, o Banco Central do Brasil não vai conseguir fechar a inflação na meta. “O maior problema nesse caso é que os juros estão subindo e pesando sobre uma população que já estava endividada, comprometendo, na média, mais de 30% da renda das pessoas, o que não é um número saudável”, adicionou.

Apesar do crescimento e consumo serem baixos, a perspectiva é de aumento do emprego no Brasil por conta da subida e do reaquecimento da área de serviços.

Sobre as eleições, de acordo com a especialista da Bloomberg, o grande problema brasileiro segue sendo as instabilidades das políticas que mudam ao longo dos governos. “Não há atalho para o crescimento estável e inclusivo. Para buscar a estabilidade desejada, com equidade e crescimento, precisamos estabelecer teto de gastos; rever a reforma da previdência; fazer privatizações com qualidade; promover abertura comercial (que ajuda a tornar nosso setor competitivo); realizar reformas administrativa e tributária; e investir direito em educação”, resumiu Adriana.

“A grande dificuldade neste último ponto, é que apostar em educação é difícil, pois não tem ‘dividendo eleitoral’ de curto prazo. Como estudantes de ciências sociais, convido vocês a refletirem sobre as propostas de todos os candidatos e sobre a coerência de cada uma para, depois, escolhermos da melhor forma possível e não numa discussão apenas genérica”, aconselhou ela

Moderaram a palestra e as perguntas à convidada os professores do CCSA: Andresa Francischini, Eraldo Genin Fiore e André Fernandes Lima.

Sobre a realização da Semana do CCSA

O reitor da UPM, visivelmente feliz com o auditório cheio para abertura do evento, parabenizou a todos pela organização da XX Semana do CCSA. “Os últimos dois anos foram muito difíceis para todos nós, mas fico satisfeito em estarmos juntos novamente. Destaco como a tecnologia afeta nossa vida, de formas positivas e negativas e pudemos verificar isso muito bem desde 2020, por isso, temos de avaliar esses desafios para não sermos consumidos. Aproveitem os instrumentos, mas tomem cuidado com o uso equilibrado deles”, realçou ele em eco ao tema que norteia todo o evento: Os Desafios da Era Digital: Desenvolvimento Profissional, Inovação Disruptiva e Sustentabilidade.

Já o diretor do CCSA destacou que, com exceção do ano em que não houve este evento por conta da pandemia, já são cerca de 20 anos realizando a Semana do CCSA, acontecimento já tradicional e relevante para o Mackenzie e empresas participantes. “Vinte edições que completamos no aniversário de 70 anos da UPM, o que é bem simbólico. A tecnologia e o aprendizado deste período foram muito importantes. Agora, temos o desafio de integrar esse mundo digital, desenvolver nossos jovens para essa realidade e construir soluções conjuntas através do ensino, pesquisa (acadêmica e aplicada) e extensão”, afirmou Parisi, agradecendo também ao trabalho da Empresa Junior Mackenzie de Consultoria e aos professores.

O reverendo Piacente, que realizou o momento devocional no início do dia, trouxe uma reflexão baseada nas palavras de Shakespeare e suas frases de impacto. “Aprendi que as oportunidades nunca são perdidas, alguém vai aproveitar as que você perdeu. Portanto, aproveitem as oportunidades nessa manhã e nessa semana”, concluiu.

A XX Semana do CCSA vai até 13 de maio, contando com workshops, oficinas e palestras de renomados empresários de grandes organizações brasileiras e mundiais. Parte da programação será transmitida pelo YouTube da TV Mackenzie. Confira neste link o evento completo da sessão de abertura.