Como a educação foi influenciada pela Reforma Protestante

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reitor da Universidade Presbiteriana Mackenzie aparece em frente ao data show, durante sua apresentação da palestra
Reitor da Universidade Presbiteriana Mackenzie explica legado deixado pela Reforma

07.11.2018 Reitoria


“Antes da Reforma Protestante tomar forma, o direito à educação era restrito aos nobres e ao clero. Foi Martinho Lutero quem iniciou um movimento para modificar esse cenário. Em uma de suas cartas endereçadas aos príncipes europeus, Lutero reivindicava que fossem criadas escolas acessíveis a todos. A carta, com teor crítico, solicitava que todas as comunidades tivessem suas próprias escolas”, explica o reitor da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) Benedito Guimarães Aguiar Neto sobre o legado que a Reforma deixou para a educação.

A fala de Aguiar Neto ocorreu durante sua apresentação no  I Colóquio sobre “A Reforma Protestante e o seu impacto no século XXI”, no campus Higienópolis do Mackenzie em 31 de outubro.

O reitor da UPM pontua que a Reforma Protestante foi fruto de uma inquietação, um grito de libertação individual de Lutero que, aos 21 anos, na biblioteca de sua universidade, começou a estudar as escrituras de maneira mais profunda e entendeu que todas as pessoas deveriam ter acesso às reflexões do texto. No entanto, como isso poderia ocorrer se a maioria do povo era analfabeto? “É neste cenário que a educação se revela como algo  indispensável. Ao lado de Lutero, também estava Felipe Melanchthon (uma espécie de Ministro de Educação) que defendeu o direito universal à educação ao requerer que as meninas também tivessem direito para frequentar a escola”, enfatiza ele.

A Reforma, Educação Universitária e seu legado

Segundo comenta Aguiar Neto, João Amós Comenius produziu o primeiro tratado sistemático de pedagogia: a Didática Magna. Esse tratado trazia que a educação deve contemplar três áreas: instrução, que seriam os conteúdos em si; a virtude, entendidas por habilidades que podem ser desenvolvidas; e a piedade, que são as atitudes. Essa visão prega que a educação deve considerar o educando e enxergá-lo como um ser integral em todas as suas dimensões: intelectual, moral e espiritual.

Para se ter uma ideia, antes da Reforma existiam cerca de 60 universidades, algumas com cerca de 300 anos e restritas à formação do clero. Foi depois deste movimento espiritual e social que as portas foram abertas para a população, com grandes universidades criadas por cristãos reformados, como a Universidade de Yale, em 1640; a Universidade de Harvard, em 1643; a Universidade de Princeton, em 1746; e a Universidade Livre de Amsterdã, em 1881. O lema dos pioneiros norte-americanos era: uma igreja, uma escola.

Nessa mesma linha de instituições educacionais reformadas, o professor Marcel Mendes, diretor do Centro de Educação, Filosofia e Teologia (CEFT) da UPM e que mediou a palestra, citou que o Mackenzie foi também uma concretização da Reforma Protestante.

Desafios deixados

A educação foi uma das áreas contempladas com o legado da Reforma Protestante, no entanto, ainda existem inúmeros desafios e barreiras a serem superados como garantir o direito universal de acesso à educação e uma aprendizagem significativa e responsável. Para o reitor da UPM, a maior preocupação da Universidade Presbiteriana Mackenzie é “o compromisso com a educação. Nós queremos professores que se sintam chamados pelo exercício da docência e alunos que se tornem cidadãos melhores, além de ótimos profissionais”, encerra ele.