Laboratório Meu Breve Morar: Habitação Temporária de Caráter Emergencial

Primeiramente, o motivo causador: Os desastres estes, sendo de caráter natural ou não, infelizmente são os motivos determinantes para a idealização de um abrigo temporário em resposta ao acontecido. Pode-se entender esse problema em diferentes partes de um único acontecimento, como uma linha do tempo. Sendo assim, o desastre como um início infeliz, que força uma medida emergencial, na qual a resposta imediata determina a sobrevivência das vítimas. Um segundo momento cujo foco seria a recuperação, uma intervenção mais elaborada de abrigos temporários. E um terceiro que seria a reconstrução, tanto das moradias definitivas como as vidas de cada vítima. Além deste ponto, nesta terceira etapa deve- se pensar qual destino teria cada abrigo temporário, assim que os usuários voltarem a morar em residências permanentes, o que aconteceria com esta arquitetura. Cada lar permite a construção de vidas, onde se cria e manifesta a afeição pela mesma, independentemente de como foi concebida ou dos materiais que foram utilizados, sendo assim a perda pela destruição deste bem é um obstáculo que cada vítima irá enfrentar, logo elas serão forçadas a se adaptar a uma forma de habitar totalmente diferente do antigo lar. Neste novo começo, a coletividade acaba se tornando mais presente nas vidas de cada vítima, o individualismo seria um outro fator agravante na situação, sendo assim pode-se identificar este meio como uma comunidade. A união inevitável de diferentes culturas através do desastre pode dar origem a uma arquitetura única, que necessita pensar em como confluir ideais até mesmo opostos em um local comum. Deste modo citando Roque de Barros Laraia, ou seja, nestes conjuntos de abrigos, o etnocentrismo não deverá existir, e o relativismo cultural entre os povos deverá se manter em harmonia. Deste modo, pode-se levantar a seguinte questão. A casa é a moradia permanente, enquanto abrigo, seria a moradia temporária. Sendo assim, o que torna um abrigo em uma casa? Ao tomar uma identidade, um abrigo passa afeição para seus moradores, e que estes respondem reciprocamente. A afeição permite a construção de uma memória. e, conforme Walter Benjamin, se torna uma interpretação de nossas experiências convertendo-a em realidade, firmando o significado ao mundo físico. Entende- se então a importância destas casas temporárias, e como estas deverão ser projetadas, desenvolvendo mais a interação dos usuários com o objeto arquitetônico, para que esta recuperação seja mais espontânea. Esta tipologia de abrigos necessita abranger a preocupação com a temporalidade e a reversibilidade e nas áreas da sustentabilidade. Entende-se como uma arquitetura reversível é ser passível de ativar um processo contrário da construção, ou seja, ser possível desmontar a mesma de modo fácil após o término da vida útil do objeto arquitetônico, ou que permita ser remontado em outro local, dando assim a estas moradias uma qualidade flexível. Poder se alterar, se modificar, se tornar algo novo, pode ser um meio destes abrigos emergenciais se integrar ao meio urbano, seja em uma escola, teatro ou hospital. Se diluir e reciclar para que possa servir a diferentes propósitos.

Esta pesquisa tem como objeto projetual o abrigo emergencial temporário, voltado para a segunda fase de recuperação. Este trabalho busca compreender a necessidade de uma arquitetura temporária voltada para os abrigos temporários pós-catástrofes, não apenas no cenário nacional, mas para diferentes ocasiões em que é necessária esta tipologia. Buscar tecnologias e sistemas construtivos flexíveis para que a adaptação do objeto em diferentes locais seja facilitada, deste modo enaltecendo a importância do estudo da temporalidade desta arquitetura assim como sua reversibilidade, evitando o desperdício e desenvolvendo a sustentabilidade. No aspecto técnico-construtivo, a pesquisa toma uma vertente relacionada a construção a partir de encaixes em madeira, justificado pela reversibilidade, deste modo as peças uma vez utilizadas para a montagem do abrigo poderão ser desmontadas para que sejam armazenadas para o uso numa próxima ocasião, ou para que sejam utilizadas em outras áreas ou estabelecimentos. Abrigos emergenciais são considerados como um tema ainda recente e não bem estabelecido no meio arquitetônico, mas que vem se provando uma necessidade devido ao aumento de catástrofes naturais. O objetivo não é se tornar uma resposta única e definitiva para todos os acontecimentos, mas que possa se tornar um estudo que contribua em uma parcela deste conhecimento ainda jovem, sendo este o objetivo principal deste estudo.

Inovação: O ponto de partida para a idealização do projeto foi o entendimento de seu sistema construtivo. Foi escolhido um sistema de pré-fabricação de peças que seriam enviadas para o local de implantação, e que seriam de fácil montagem e instalação. Os abrigos montados a partir de peças apresentam vantagens importantes. Primeiramente, o transporte destes se torna facilitado, pois o volume que as peças em suas caixas ocuparão será menor que um abrigo já pronto para uso, deste modo a acessibilidade em locais mais complexos se torna mais possível. A outra vantagem deste sistema construtivo se encontra em sua própria forma de se montar. Por ser pensado em peças, a substituição de partes danificadas pode ser mais fácil, e neste mesmo pensamento, peças poderão ser substituídas ou adaptadas por outros elementos para que a adequação com o contexto seja praticável, mas entende que este ponto deverá ser idealizado pela empresa responsável ou pelo arquiteto, como dito antes. O objeto arquitetônico que foi desenvolvido durante este período de pesquisa, apoiou-se na premissa: buscar o máximo de adaptabilidade com mínimo de material e custo. Este pensamento permeou em diferentes etapas e escalas do abrigo, desde a concepção de suas peças e cada encaixe entre estas, até estratégias de implantação que permitem uma melhor organização de disposição dos abrigos.

Oportunidades/Vantagens/Benefícios: O abrigo baseia se em um método construtivo a partir de novas tecnologias como a fabricação digital. O uso de uma cortadora CNC Router, permite a ampliação deste tema, como também permite simultaneamente a divulgação das potencialidades que este equipamento pode trazer para o meio arquitetônico. No que tange ao processo de projeto a "maquete física" é fundamental para melhor entendimento das etapas projetuais em conformidade com o detalhamento do projeto, assim como em uma fase projetual final, as novas tecnologias colaboram para confecção dos componentes em escalas menores ou escala 1:1. Oportunidade para integração dos laboratórios de Maquetaria e Prototipagem durante a realização dos experimentos e possível parceria de empresas atreladas ao segmento dos sistemas construtivos em madeira, empresas fornecedoras de equipamentos de novas tecnologias, ONGs no segmento habitacional.

       

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