Fazer um intercambio era em sonho que cultivava em mim desde pequena, mas que em 2022 consegui realizar. O ano foi recheado de desafios, me mudar para um país de outra língua, apesar de eu ter estudado e me preparado 3 anos e meio para essa aventura, não foi fácil. Há muito mais dentro de uma nova língua do que a gramatica, há uma cultura, o jeito que cada expressão ou palavra é colocada tem um porquê que só se descobre vivendo seu cotidiano, acredito que um dos principais desafios que encontrei ao me mudar para Paris, e um dos que mais demorei para aprender, foi desvendar, pelo menos um pouco dessa cultura local do jeito parisiense que passei muito tempo achando que era só “grosseria”.
Outro ponto que se encontra ao ter uma experiencia internacional com certeza é a comida, senti uma falta do arroz e feijão, da feijoada e do pão de queijo nem se fala, mas tenho que ser franca que não dá para reclamar muito disso levando em conta a quantidade de croissants quentinhos que comi esse ano e as deliciosas sobremesas que tinha no restaurante universitário da faculdade.
Acredito que não posso falar da França sem mencionar sua famosa burocracie , acho que realmente entendi o real significado dessa palavra ao passar horas em filas, telefonemas com o banco, mandar carta física para oficializar tudo, enfim, hoje em dia já sei que preciso tem tempo e paciência para tratar qualquer assunto por aqui.
Mas, apesar de todos os desafios que esse ano me proporcionou, eu consegui crescer com cada um deles e me perceber uma pessoa mais madura e independente. Aprendi que independência, não é como a percepção que se tem nas redes sociais com manchetes e conselhos como “você deve ir no cinema sozinha pelo menos uma vez na sua vida” ou “você deve ir a um restaurante e almoçar sozinha”, independência não é dever, é simplesmente o não dever nada para ninguém, é saber que se nenhum dos seus amigos quiser ir a uma exposição que você tem vontade de ir, você pode muito bem ir sozinha, é se planejar para ir sozinha para um café e acabar encontrando um amigo no caminho o que deixa o café mais interessante e alegre, é pegar sol no parque e não se importar com o que as pessoas que estão passando pensam, porque você sabe que elas não estão pensando nada sobre você. Independência é saber viver sua própria vida e vontades e o resto, como diria os franceses, Je m’em fous.
Fazer parte desse intercâmbio acadêmico me fez conhecer pessoas que eu tenho certeza de que marcaram minha vida para sempre, algumas delas me relembraram o que é se sentir seguro quando se está tão longe de casa, outras me abriram meus olhos para novas culturas e diversidades e muitas me ajudaram a olhar meus estudos e a arquitetura sob diferentes perspectivas e novas visões.
Sou muito grata por toda essa experiencia e sei que muitos frutos serão colhidos tanto no meio acadêmico como no pessoal.