Aprender a aprender: como professores podem formar alunos mais autônomos e organizados

Conheça estratégias que estimulam a consciência e reflexão dos alunos acerca do próprio aprendizado 

14.11.202516h44 Comunicação - Marketing Mackenzie

Aprender a aprender: como professores podem formar alunos mais autônomos e organizados

No ambiente universitário, muitos alunos enfrentam dificuldades para administrar o aprendizado de maneira eficiente. A falta de habilidades de organização, a procrastinação e a sensação de sobrecarga são desafios comuns que prejudicam o desempenho acadêmico e a motivação. Para além de fatores como o conteúdo das disciplinas, um estudante depende também da sua capacidade de autorregular o processo de aprendizagem. E, nesse sentido, os professores desempenham um papel fundamental. Além de fornecerem conteúdo, eles podem atuar como guias, auxiliando os alunos no desenvolvimento de habilidades necessárias para estudar de maneira eficaz e organizada. 

Muitos estudantes, ao se depararem com cargas muito pesadas de tarefa e prazos apertados, tendem a procrastinar, adiando o que precisam fazer até o último momento. Esse comportamento, embora comum, é o reflexo de uma falta de estratégias de autorregulação.  A procrastinação, por exemplo, gera ansiedade e a sensação de não ter controle sobre o próprio tempo. Muitas vezes, os alunos também não sabem como organizar seus estudos de forma eficiente, o que aumenta ainda mais a sensação de sobrecarga. A autorregulação, portanto, é uma competência essencial para superar esses obstáculos e promover um aprendizado mais eficaz. 

Gerir o próprio aprendizado envolve habilidades de planejamento, monitoramento e avaliação do próprio processo de estudo. Ela permite que o aluno se torne mais independente, capaz de ajustar suas estratégias conforme necessário e de refletir sobre o próprio progresso. No entanto, desenvolver essa habilidade não é algo automático, mas sim um processo que exige prática e orientação adequada. É nesse processo que os professores entram, com o objetivo de criar um ambiente que favoreça o autoconhecimento e a reflexão. 

Estudos recentes das pesquisadoras Luciana Toaldo Gentilini Avila (Universidade Federal do Rio Grande) e Lourdes Maria Bragagnolo Frison (Universidade Federal de Pelotas)1 e Fátima Leal (Universidade de Évora)2 indicam que tanto o comportamento dos alunos quanto a metodologia adotada pelos professores influenciam diretamente o sucesso acadêmico. Quando o ensino estimula a autonomia e o protagonismo estudantil, os alunos demonstram maior engajamento, melhor desempenho e menor propensão ao abandono do curso. 

Uma das primeiras atitudes que pode ser adotada pelos docentes é incentivar os estudantes a estabelecerem metas claras para o semestre, não só para cada disciplina, mas também para suas atividades diárias. Essa programação permite que o aluno tenha uma visão completa dos seus objetivos, facilitando sua compreensão sobre o que é necessário ser feito para que possa alcançá-los. Além disso, o apoio é uma parte importante desse processo, pois a criação de um ambiente acolhedor, no qual o professor oferece feedback contínuo, ajuda o estudante a ajustar suas estratégias e a perceber suas evoluções. O feedback, principalmente quando bem colocado, detalhado e específico para cada aluno, permite que este compreenda suas dificuldades e pontos fortes e busque maneiras de melhorá-los. 

Outro ponto importante é o desenvolvimento de habilidades de organização, que evitam adiantamentos e tarefas mal realizadas. Neste sentido, o professor pode orientar na criação de uma rotina de estudos, ajudando os alunos a dividirem o tempo de maneira equilibrada entre as disciplinas e outras responsabilidades. O uso de ferramentas como agendas ou aplicativos de produtividade pode ser uma excelente forma de estimular essa prática. 

Contudo, a autorregulação não depende somente do professor. O aluno deve ter um papel ativo em seu processo de aprendizagem. Adotar boas práticas de estudo, como a revisão constante de conteúdos, elaboração de resumos, realização de questionários etc., são atitudes que favorecem o aprendizado. Ao estabelecer metas de curto e longo prazo, por exemplo, o aluno pode manter foco no que precisa ser feito, sem se perder em distrações. Organizar o ambiente de estudo também é essencial: um espaço silencioso, sem distrações e que contenha tudo o que for necessário para as sessões de estudo. 

A reflexão sobre o próprio desempenho em provas e atividades também é uma estratégia fundamental. Ao invés de se frustrar ou se desmotivar, o estudante deve observar as melhorias a serem feitas e compreender as razões das suas dificuldades. 

Em resumo, o sucesso acadêmico vai muito além da inteligência ou do esforço individual. Ela depende da capacidade do aluno de planejar, monitorar e de ajustar suas estratégias de estudo. Para isso, o professor, na criação de um ambiente de aprendizagem que incentive a reflexão e o feedback construtivo, pode auxiliar seu discente no desenvolvimento de habilidades essenciais. E, por sua vez, o aluno precisa se envolver no processo, buscar alternativas para melhor organizar o tempo, adotar técnicas de estudos que melhor se encaixem em sua vida cotidiana e refletir sobre a própria aprendizagem. 

Dessa forma, cria-se uma cultura acadêmica mais colaborativa. Ao ajudar os estudantes no desenvolvimento das competências necessárias, os professores não só promovem um aprendizado mais eficaz e completo, como também preparam os alunos para desafios além da universidade. 

Leia na íntegra: 

1AVILA, Luciana Toaldo Gentilini; FRISON, Lourdes Maria Bragagnolo. Promoção de estratégias de aprendizagem no ensino superior: desafios para aprender. Rev. Reflex, Santa Cruz do Sul, maio 2022, v. 30, n. 2, p. 84-98.   DOI: 10.17058/rea.v30i2.14046. Disponível em http://educa.fcc.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1982-99492022000200084&lng=pt&nrm=iso. Acesso em 10 nov. 2025. 

2LEAL, Fátima. Estratégias de estudo e de aprendizagem de estudantes de Ensino Superior. Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação, Rio de Janeiro, vol. 31, n. 119, abr-jun. 2023. DOI: 10.1590/S0104-40362023003103349. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ensaio/a/qjMRpgnDDRvMtDrrYm8VC6h/?format=html&lang=pt. Acesso em 10 nov. 2025.