Incertezas, Desafios e Oportunidades do Novo Cenário Global

Centro Mackenzie de Liberdade Econômica proporcionou debate sobre o impacto do protecionismo e as novas dinâmicas comerciais 

12.05.202513h07 Jullia Oliveira, sob supervisão de Camila Lippi

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Incertezas, Desafios e Oportunidades do Novo Cenário Global

Na última quinta-feira, 08 de maio, o auditório Rev. Wilson da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), campus Higienópolis, foi palco do evento “Incertezas, Desafios e Oportunidades do Novo Cenário Global”, organizado pelo Centro Mackenzie de Liberdade Econômica (MackLiber), em parceria com a Faculdade de Direito (FDir).  

O encontro propôs uma análise crítica e interdisciplinar sobre as transformações recentes no cenário internacional e seus efeitos sobre o Direito e a Economia. Entre os participantes de destaque, estavam o presidente do Ibrachina, Thomas Law; o presidente do IBRAC, René Medrado; o vice-presidente da ITALCA, Fábio Ongaro e o coordenador do FGVceisa, Gesner de Oliveira.   

O coordenador do MackLiber, Vladimir Fernandes Maciel, compartilhou que o evento debate o atual cenário global, que a partir dos Estados Unidos, está virando uma disputa no mundo com o aumento de tarifas e importações. “Olhar essa perspectiva internacional, aprendendo lições e pensando em oportunidades e desafios que podemos ter no Brasil nesse novo cenário e como podemos nos colocar economicamente”, completou.  

Thomas Law explicou que o Multilateralismo Mundial se iniciou no século XXI, após a II Guerra Mundial, a partir do fortalecimento da Organização Mundial do Comércio (OMC) e atualmente existe um retorno ao protecionismo, fragmentando as cadeias produtivas e enfraquecendo a OMC. Ele também compartilhou sobre o processo de ascensão econômica da China desde sua entrada na OMC até sua parceria com outros países, principalmente com o Brasil, no qual 28% das exportações brasileiras tiveram a China como destino em 2024.  

“A China possui uma estratégia de ampliar oportunidades para países como o Brasil e, somos um grande parceiro, o comércio brasileiro sai ganhando nesse cenário, diferentemente dos EUA que perde com o superávit da China”, destacou Thomas Law.  

De acordo com René Medrado, a OMC teve como objetivo a liberação comercial e a redução de barreiras tarifarias, mas há 30 anos isso deixou de ocorrer por conta do sistema multilateral. “O que nós vemos é uma redução ao longo do tempo da eficácia nas negociações da OMC que se deu por um engrandecimento de taxas e tarifas por diversos acordos, o que acarretou essas mudanças”, disse.  

Fábio Ongaro compartilhou, por meio de números, uma análise comercial dos países que estão tendo mais impactos com essa transformação internacional. Um dos destaques foi a relação da União Europeia (UE) com o comércio global e seus desafios. “O enfraquecimento da globalização, a ascensão ao protecionismo e a rivalidade entre China e EUA afetam o modelo econômico europeu de acordo com as exportações e a integração multilateral, além das suas pressões geopolíticas devido a guerra da Ucrânia”, ressaltou.  

“Por um longo período, a América Latina esteve esquecida. No entanto, em um contexto global mais tenso e instável, a região surge com uma vantagem comparativa significativa, a ausência de conflitos territoriais”, afirmou Gesner de Oliveira, evidenciando ainda, as oportunidades específicas para o Brasil nesse novo cenário mundial, destacando sua posição estratégica nas relações tanto com a União Europeia quanto com a China.  

René Medrado explicou que o processo de liberalização comercial visa exportar para outros países aquilo que uma região possui de maior vantagem comparativa nas negociações internacionais. Quando essa dinâmica não se concretiza, os produtores locais frequentemente recorrem a subsídios governamentais, o que não ocorre em mercados realmente. “Esse é um dos fatores que explicam o movimento dos EUA contra a globalização, o que, por sua vez, leva outros países a buscar acordos multilaterais”, destacou.  

Este evento proporcionou uma reflexão profunda sobre as transformações no comércio internacional e destacou como o Brasil pode se beneficiar dessa nova dinâmica global, ao explorar oportunidades de diversificação de mercados e fortalecer parcerias estratégicas, especialmente com potências emergentes como a China.