A meia verdade yankee

11.05.201718h27 Lucas Berti

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A meia verdade yankee

Que a vitória acirrada de Trump nas últimas eleições norte-americanas foi cercada por polêmicas, dos comícios à apuração, não há dúvida. A dúvida, no entanto, em todo seu conceito que nos leva a uma atmosfera de incerteza e desconfiança, parece assolar cada vez mais não só o aspecto político, mas a informação.

Desde o disse-me-disse entre Estados Unidos e Rússia que terminou com o pedido de demissão do antigo assessor de Segurança Nacional do Governo, Michael Flynn, na calada da noite de 14 de fevereiro, e com a reviravolta nas pesquisas que apontavam uma vitória Democrata nos EUA, é fato que a falta de transparência já é forte aliada do que vem a público. E isso se intensifica.

Na ressaca de um começo de mandato tenso e rebuliçado, Donald Trump toma seu café da manhã. Nas primeiras horas, antes mesmo das sete, sai de seu jejum folheando o Times, faminto por encontrar formas de provocar a imprensa a todo custo – carta marcada do bilionário desde seu lançamento de candidatura.

De pequenas mentiras dadas de graça a jornais, quando o próprio presidente ligava se passando por seu assessor para dar detalhes do universo das celebrities, a relação de intimidade entre sua figura e a onda do Fake News cresce e revela novos capítulos a cada remexida em sua longa e controversa história de vida.

O que não se pode esquecer, por outro lado, é que Trump ocupa hoje a cadeira política mais importante do mundo; isso é uma verdade – ainda que muito inconveniente aos opositores da extrema-direita e seus tons sensacionalistas. Na contramão, as pesquisas voltam a mostrar as vísceras de um Estados Unidos dividido ideologicamente.

Segundo pesquisa do Washington Post, quase 80% do eleitorado republicano acredita que Trump não tem nada de mentiroso; outros 80%, por outro lado, acreditam friamente que a mídia é a grande responsável pela veiculação de histórias falsas. Mente um, mente o outro. Uma nação para cá, outra para lá. Nesse jogo, tudo perde credibilidade. Menos a dúvida: em quem se pode confiar?