O MackCast, podcast oficial do MackPlay, recebeu o membro do Conselho Deliberativo do Instituto Presbiteriano Mackenzie (IPM) e antigo presidente do IPM, Maurício Meneses, que também é autor do livro Rondon, o Marechal da Paz, obra que reflete sua admiração por um dos maiores desbravadores da história brasileira, o Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon.
Durante o episódio, Meneses compartilhou curiosidades sobre Rondon e memórias de sua própria trajetória pessoal e profissional. “Eu vivo viajando, porque tenho atividade comercial em 12 estados. Então, tenho que dar uma de Rondon também”, brincou.
Mineiro da cidade de Patrocínio, conhecido como a “terra do café”, o convidado contou que sua história começou em uma família profundamente ligada à fé. “Meu pai era pastor e minha mãe missionária. Eles se conheceram no Instituto Bíblico, em Patrocínio. Eu nasci dentro do seminário, pelas mãos de uma enfermeira chamada Julieta Costa, porque na época não havia hospital, UTI neonatal, nada. Nasci praticamente sem vida, mas estou aqui pela soberania de Deus”, relembrou.
A trajetória de Meneses começou na Engenharia Florestal, área em que atuou por alguns anos antes de migrar para o setor comercial. “Quando me formei, passei em um concurso e fiz pós-graduação na Universidade Federal do Pará. Trabalhei quatro anos na cultura da seringueira. Depois, uma pessoa da minha igreja dizia, ‘você é um vendedor’, e acabou me convencendo. Saí do serviço público e entrei na área comercial, onde estou até hoje”, contou.
Mas foi por meio da família de sua esposa que a história de Cândido Rondon ganhou novo significado. “Meu sogro, engenheiro agrimensor, trabalhou com Rondon na última vez que ele esteve no Mato Grosso. Ele usava materiais e mapas deixados por ele, e ficou apaixonado pela história daquele homem. Em 1959, um ano após a morte de Rondon, fundou em Cuiabá a Sociedade dos Amigos de Rondon, da qual foi presidente por 30 anos. Eu namorei, noivei e casei escutando histórias espetaculares sobre o Rondon”, relatou Meneses.
Essa admiração resultou, em 2010, em uma homenagem ao sogro de Meneses, que enfrentava um câncer em estágio avançado. “Montei uma coleção de selos contando a vida do Rondon, que foi exposta na Assembleia Legislativa do Mato Grosso. Ele viu, ficou muito feliz. No ano seguinte, faleceu”, recordou, emocionado.
O vínculo com o legado do marechal permaneceu vivo. “Em 2013, vim para o Mackenzie e, em 2015, nos 150 anos de nascimento do Rondon, fizemos uma grande homenagem aqui. Trouxemos o selo comemorativo dos Correios, fizemos uma exposição com acervo da família do meu sogro e da Secretaria de Cultura, e recebemos autoridades civis e militares. Foi um momento muito especial”, relembrou o membro do Conselho Deliberativo.
Ao longo do episódio, Meneses também revisitou passagens marcantes da biografia de Rondon, desde a infância até o protagonismo na integração do país. “Ele nasceu em Mimoso, região pantaneira do Mato Grosso, durante o início da Guerra do Paraguai. O pai, iletrado, escreveu ao irmão em Cuiabá pedindo que, quando o filho completasse sete anos, fosse levado para estudar. O pai morreu cinco meses antes de ele nascer e a mãe, dois anos depois. Ele era um menino que tinha tudo para dar errado, mas o tio cumpriu a promessa e o levou para Cuiabá. Lá, Rondon estudou muito e se destacou como o melhor aluno”, narrou.
Aos 17 anos, o jovem viajou de barco ao Rio de Janeiro para estudar na Academia Militar da Praia Vermelha. “Ele atravessou o país em 29 dias. Era um aluno excepcional. Em pouco tempo, tornou-se o melhor da turma, aprendeu três idiomas e meio, inglês, espanhol, francês e um pouco de alemão e foi homenageado pela princesa Isabel após escrever um texto sobre a abolição da escravatura”, relatou.
Segundo Meneses, Rondon foi figura importante até mesmo na Proclamação da República, em 1889. “Ele saía à noite levando bilhetes entre o Exército e a Marinha. No dia da proclamação, estava ao lado de Deodoro da Fonseca e Benjamin Constant. Participou daquele momento histórico”.
Mais tarde, Rondon foi encarregado de um dos maiores projetos de integração nacional, a construção das linhas telegráficas que ligaram o Rio de Janeiro à Amazônia. “Quando começou a Guerra do Paraguai, a informação da invasão demorou seis meses para chegar à capital. Então, o governo decidiu que precisava fazer as linhas telegráficas. Enquanto os americanos construíam ferrovias, nós só tínhamos dinheiro para fios. E foi Rondon quem assumiu essa missão”, explicou.
Além de engenheiro, Rondon era um homem de filosofia firme e profunda. “Ele dizia, ‘morrer, se preciso for. Matar, nunca’. Era neto de portugueses, mas filho de mãe indígena, e isso fez dele alguém que compreendia a alma do povo que encontrava nas expedições. Quando tomou uma flechada dos índios Nhambiquaras, não permitiu que atirassem de volta. Mandou atirar para o alto. Trinta dias depois, estava sentado com o cacique, em paz”, contou Meneses.
As expedições de Rondon duraram 25 anos e transformaram o país. “As linhas telegráficas abriram o interior do Brasil. Ele usava metade da equipe formada por indígenas e criou escolas nos povoados por onde passava. Documentou tudo por meio da fotografia. Foi ele quem conectou o país, não só com fios, mas com humanidade”, destacou.
Para Maurício Meneses, revisitar a trajetória do Marechal é também um convite à reflexão. “Ele acreditava que o Brasil não era só o que já se conhecia, mas também o que ainda se podia alcançar. E para chegar lá era preciso mais do que coragem, era preciso não ferir. Rondon conectou mundos e talvez seja isso que ainda nos falte, coragem para ouvir e ternura para não ferir”.
O episódio, conduzido por Osmar Guerra, está disponível no MackPlay, streaming oficial do Mackenzie, e no YouTube. O MackCast reúne conversas inspiradoras com docentes, gestores, pesquisadores e convidados especiais. O conteúdo integra a missão do Mackenzie de promover conhecimento, cultura e valores cristãos por meio da educação e da comunicação.









