Daniel Dias resgata a memória da Mac-Med em edição especial do “Pesquisa em Debate”

O auditório Centro Histórico e Cultural Mackenzie, campus Higienópolis, foi palco nesta última quinta-feira, 15 de maio, de uma edição especial do evento Pesquisa em Debate, que teve como convidado o atleta mackenzista Daniel Dias, campeão paralímpico de natação. O encontro promoveu uma reflexão sobre a importância histórica dos 90 anos do Mac-Med e o papel do esporte na formação acadêmica e social. 

Realizada pela primeira vez em 1935, a Mac-Med era uma competição entre a Escola de Engenharia Mackenzie e a Faculdade de Medicina da USP, envolvendo diversas modalidades esportivas e atraindo a atenção de toda a cidade de São Paulo. “A cidade parava pra ver, era uma mobilização social em dias de jogos”, comentou Eduardo Castedo Abrunhosa, diretor de Administração do Instituto Presbiteriano Mackenzie (IPM) 

Ele lamentou o fim da disputa, explicando que, além dos conflitos entre alunos das universidades, a competição foi oficialmente proibida pelo poder público. “Infelizmente, a cidade também perdeu com o fim da Mac-Med. Era um momento em que o Brasil buscava se reconstruir e esse evento simbolizava união”. 

Daniel Dias trouxe ao debate uma perspectiva atual da natação como instrumento de transformação. Após imagens sobre a modalidade no Mac-Med, ele brinca dizendo que era uma natação raiz, no qual os nadadores da época nem sequer usavam óculos. “Nadar sem enxergar o fundo da piscina trazia perigos”, apontou o atleta sobre os riscos dessa realidade. Ao longo de sua fala, reforçou como a evolução tecnológica e o acesso à informação transformaram a natação e ampliaram sua segurança. 

Parceiro do Mackenzie desde 2008, Daniel exaltou o papel da Instituição no suporte à formação acadêmica de atletas. “O Mackenzie tem essa preocupação com a vida acadêmica do esportista. Isso faz toda a diferença”, destacou. Para ele, o esporte é uma escola de valores: “É uma forma de aprendizado. E quando existe um propósito, existe também um processo.” 

O nadador também compartilhou detalhes da sua transição após deixar o alto rendimento em 2021, explicando o que chamou de “destreino” - um processo gradual para desacelerar os treinamentos, respeitando os limites do corpo e da mente. “A gente precisa desacelerar, mas com propósito, com planejamento”, refletiu. 

Entre tantas conquistas, Daniel destacou que a Paralimpíada do Rio de Janeiro, em 2016, foi a que mais marcou sua carreira. “Foi a mais difícil, mas também a mais especial”, disse. Ele também comentou os desafios de se manter no esporte de alto rendimento. 

O evento marcou não apenas uma homenagem aos 90 anos da Mac-Med, mas também uma oportunidade de inspiração para as novas gerações, ao unir passado e presente, esporte e educação. A memória da Mac-Med segue viva — como símbolo de tradição, excelência e legado acadêmico.