Nobel de Medicina 2025 consagra descobertas sobre como o sistema imunológico evita atacar o próprio corpo

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Camilla Cristina Pereira , alergologista e imunologista do Hospital Universitário Evangélico Mackenzie (HUEM), explica a importância das novas descobertas

17.10.2025 - EM Atualidades

Comunicação - Marketing Mackenzie


O Prêmio Nobel de Medicina de 2025 foi concedido aos cientistas Mary E. Brunkow, Fred Ramsdell e Shimon Sakaguchi por revelações fundamentais sobre o funcionamento do sistema imunológico, especificamente como ele evita atacar o próprio corpo.

A pesquisa premiada trouxe à luz o conceito da tolerância imune periférica, mecanismo essencial que impede o sistema imune de entrar em colapso autoagressivo. A chave para esse entendimento foram as chamadas células T reguladoras (Tregs), descritas por Sakaguchi na década de 1990, e o papel do gene FOXP3, identificado por Brunkow e Ramsdell anos depois.

Essas descobertas vêm transformando a compreensão e o tratamento de doenças autoimunes, além de impactar áreas como transplantes e imunoterapia contra o câncer, explicando que, dentro do nosso sistema imune, temos guardas que impedem ataques do corpo contra ele mesmo. 

“Essas descobertas explicam um mecanismo central chamado de tolerância periférica, o qual impede que o sistema imunológico entre em colapso auto-agressivo”, explicou a alergologista e imunologista do Hospital Universitário Evangélico Mackenzie (HUEM), Dra. Camilla Cristina Pereira. 

Segundo Camilla, o grande avanço da pesquisa foi demonstrar que o controle imunológico não acontece apenas no componente central (timo), mas também no sistema periférico. Esse novo estudo mudou completamente a visão sobre a regulação do sistema imunológico. 

A premiação destaca não apenas uma conquista científica, mas também seus desdobramentos diretos na medicina. “O aprendizado sobre as células Tregs auxilia no planejamento de terapias imunomodulatórias futuras e no entendimento de por que certos indivíduos desenvolvem autoimunidade ou reações anormais - como alergias.”, detalhou Camilla.

Entre os impactos práticos estão o desenvolvimento de terapias celulares e genéticas voltadas à indução de tolerância promissoras para doenças autoimunes (como lúpus, diabetes tipo 1, esclerose múltipla), a prevenção de rejeição de transplantes, a imunoterapia oncológica personalizada e a alergologia e imunologia clínica,  protocolos de imunoterapia e dessensibilização alérgica.

Para a especialista, a escolha do Nobel deste ano é simbólica e necessária para uma medicina mais precisa e personalizada. “O prêmio Nobel 2025 expõe ao mundo um avanço que redefine o equilíbrio entre defesa e tolerância imunológica, fundamento vital para a saúde humana”, ressaltou.