Trajetória da Economia Liberal no Brasil

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Evento do Centro Mackenzie de Liberdade Econômica reúne especialistas para debate

12.02.2019 Atualidades


“Precisamos nos unir, trabalhar juntos e encontrar os pontos de concordância entre nossos grupos de orientação liberal. Além disso, é preciso estudar, traçar estratégias e nos preparar para estabelecer uma ordem econômica diferenciada. Apenas depois deste primeiro momento é que deveríamos discutir os pontos de discordância entre nós”.

Este foi o tom do encontro "Liberalismo: ontem, hoje e amanhã", que ocorreu em 11 de fevereiro no auditório João Calvino do Mackenzie São Paulo, campus Higienópolis. O evento, organizado pelo Centro Mackenzie de Liberdade Econômica (CMLE) junto ao Instituto Ludwig von Mises Brasil e LVM Editora, trouxe o processo de evolução das teorias liberais e o papel dessa corrente econômica no Brasil.

A frase de abertura deste texto é de Ubiratan Iório, doutor em Economia pela Escola de Pós-Graduação em Economia da Fundação Getulio Vargas e Diretor Acadêmico do Instituto Ludwig von Mises Brasil, que esteve no evento e comentou a respeito da entrevista e palestra de Antônio Paim, autor acadêmico da área de Filosofia com passagem pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), que não pôde estar fisicamente no encontro, mas enviou seu material por vídeo.

Segundo Iório, o debate acontece no momento em que o liberalismo passa por uma fase muito interessante, dando o tom dos novos rumos econômicos do país, inclusive com o novo governo. “A meu ver, o Brasil há 50 anos vem sendo dominado e torturado pela social democracia e hoje estamos começando, espero, uma nova era”, afirmou ele.

O professor ainda destacou que é necessário estudo e preparo para se conhecer a teoria liberal e verificar se ela está de acordo com seus valores. “Todo mundo se diz liberal, atualmente, parece que virou moda. É preciso ter cuidado, saber do que se trata. Não queremos adesões de "quem é contra o outro lado", mas sim de quem é a favor desses preceitos e valores”, pontuou.

O evento teve mesa de debate composta pelo presidente do Instituto Mises Brasil, Hélio Beltrão Filho, e o editor da LVM Editora, Alex Catharino. Além de autoridades do Mackenzie: Antônio Cabrera Mano Filho, Milton Flávio Moura e reverendo Milton Ribeiro, todos do Conselho Deliberativo; e reverendo Jonatas Abdias de Macedo, capelão da UPM, responsável pela reflexão confessional.

Vladimir Maciel, coordenador do CMLE, apresentou o encontro. Na plateia estiveram o chanceler do Mackenzie, Davi Charles Gomes, e Adilson Aderito da Silva, diretor do Centro de Ciências Sociais e Aplicadas (CCSA) da Universidade.

Cabrera comandou a sessão de perguntas e respostas e destacou que não podemos nos fiar totalmente a governos apenas, “pois pessoas são mais confiáveis e são vocês que vão colocar o país nos trilhos”, disse se dirigindo ao público composto por jovens e adultos desde o Ensino Médio até os mais altos níveis de especialização acadêmica.

Realismo e utopia

Para Paim, que em sua juventude chegou até a militar em partidos comunistas, o liberalismo brasileiro tem a grande virtude de estar com os pés no chão. “O novo governo, com ministros liberais, não deve subestimar a teoria, mas também não podem se transformar em escravos dela”, sugeriu o professor.

Já Beltrão acredita que é necessário embasar o movimento liberal em uma utopia e um método sistemático, visando a descentralização do poder em vários aspectos da economia e da sociedade. “É preciso ter utopia para inspirar, ter sistema e estratégia para atuar. A liberdade depende da eterna vigilância”, colocou ele.

Iório acredita que o crescimento da esquerda em diversos países ao longo das décadas passadas se deveu a um planejamento bem feito, com penetração dos socialistas nos ensinos fundamental e universitário. “A Revolução Francesa, tão aclamada, na verdade não foi libertária, mas sim sem liberdade, com morte dos que não concordavam com as ideias da maioria”, assinalou, completando que será difícil mudar rapidamente o cenário, mas que “é preciso ter persistência e atuação, pois já se nota força do movimento liberal”.

Ao contrário de Beltrão, Catharino não é afeito à utopia, mas confessa sua necessidade para inspirar. “É preciso equilíbrio entre teoria e prática. Utopia para inspirar e pessoas presas à realidade para executar”, finalizou.