FAU Mackenzie debate justiça socioambiental em antecipação à COP 30

Compartilhe nas Redes Sociais
Evento promoveu reflexão descolonial e ecológica sobre cidades e mudanças climáticas 

01.09.2025 Atualidades

Tainá Fonseca, sob supervisão de Camila Lippi


No dia 28 de agosto, a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) realizou o evento Devires Urbanos - para uma abordagem descolonial e ecológica das questões urbanas, que trouxe para o centro do debate o desenvolvimento urbano e suas dimensões socioambientais, em diálogo com os desafios globais que serão discutidos na 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP 30), marcada para novembro deste ano, em Belém, no estado do Pará. 

Com comunicação em francês e português, o evento buscou aprofundar reflexões sobre os rumos das sociedades urbanas no Norte e no Sul Global, propondo um diálogo interdisciplinar aberto para estudantes, professores e ao público em geral.  

“Nós estamos fazendo a nossa tarefa de produzir reflexão e trazer nossos alunos para entender o que é possível fazer sobre as questões ambientais. Se o mundo caminha para o colapso, podemos ter ações locais de mitigação dos problemas gerais”, destacou a professora de Arquitetura da UPM, Nádia Somekh.  

O evento também colocou em evidência a urgência de enfrentar as desigualdades habitacionais no Brasil. A professora Nádia destacou dados do IBGE que revelam que cerca de 100 milhões de brasileiros vivem em condições precárias. “Não haverá programa habitacional que resolva isso sozinho. Nós, arquitetos, temos elementos para promover melhorias que impactam a saúde da população e reduzem injustiças socioterritoriais”, completou. 

A professora da Universidade Federal do Pará (UFPA), Ana Claudia Cardoso, ressaltou a importância da COP 30 ocorrer na Amazônia, um território historicamente marcado por processos de ocupação agressiva. “Perdeu-se a conexão com modos de coexistência desenvolvidos por povos originários durante milênios. Reimaginar essas formas de vida é fundamental para viabilizar novos caminhos”, afirmou a pesquisadora. 

O debate também destacou a necessidade de repensar os modelos de urbanização, a relação entre ocupação humana e ecossistemas e as estratégias de adaptação às mudanças já em curso. Nesse contexto, a pesquisadora Ana Paula trouxe um olhar voltado à valorização das referências locais e dos saberes tradicionais. 

“Precisamos descolonizar o nosso saber. Nem sempre somos nós que levamos a solução, é preciso aprender com quem vive e resiste nos territórios. A cidade não é um espaço artificial isolado, ela faz parte de um ecossistema. Reescrever nossas práticas é urgente para enfrentar os impactos climáticos”, concluiu Ana Claudia.