Em fevereiro deste ano, a mackenzista Andresa Ledo Marques, pesquisadora e mestre em Arquitetura e Urbanismo, defendeu seu doutorado de dupla titulação, com o tema “Metropolitan fringes towards resilience in the context of climate change. Planning pathways for the Juqueri-Cantareira sub-basin (São Paulo Metropolitan Region, Brazil)”, no auditório Mackgraphe.
A pesquisa é uma parceria entre o Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo (PPGAU) da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) e o Instituto de Desenho Urbano e Planejamento da Faculdade de Arquitetura e Paisagismo da Gottfried Wilhelm Leibniz Universität Hannover (LUH), da Alemanha. O Na Lupa conversou com Andressa Marques sobre o desenvolvimento e aplicações de sua pesquisa.
A tese reside na investigação e discussão sobre a importância de articular escalas e atores no planejamento urbano e regional, com o objetivo de construir resiliência às mudanças climáticas, afastando-se de uma dependência elevada do carbono e de uma visão extrativista de desenvolvimento, contribuindo para a formulação de políticas públicas e discussões acadêmicas com base em uma abordagem territorial. Busca, em resumo, alcançar um desenvolvimento urbano mais ecológico e equitativo, além de propor a integração da natureza à cidade.
O estudo foca nas áreas de franja da região metropolitana de São Paulo, especificamente na região norte, local da sub-bacia Juqueri-Cantareira. A escolha se deu pelo fato desse local apresentar altas taxas de crescimento urbano populacional nos últimos censos demográficos, além de concentrar áreas protegidas e remanescentes naturais significativos, incluindo o reservatório Paiva Castro, que abastece mais da metade da população da região metropolitana.
“Além disso, eu cresci em um dos municípios que fazem parte dessa região, Caieiras, e, desde minha formação como arquiteta e urbanista, sempre me inquietei com as possibilidades de desenvolvimento urbano sustentável”, apontou Andresa.
Para a pesquisadora, o principal desafio no contexto da sub-bacia Juqueri-Cantareira é a interação complexa entre políticas climáticas e urbanas, evidenciando impasses e conflitos entre instrumentos regionais e locais. “Para integrar efetivamente políticas climáticas e urbanas, são necessárias ações interfederativas, especialmente em uma região marcada por desigualdades sociais e fragmentação espacial, isso demanda uma abordagem inovadora e maior participação social”, destacou.
O estudo foi reconhecido com a distinção máxima no âmbito da universidade alemã, "Summa cum laude"; foi recomendada pela banca para publicação na íntegra e indicada para concorrer ao Prêmio Capes 2025, representando o PPGAU UPM.
A pesquisa contou com a orientação dos professores Angélica Benatti Alvim, da UPM, e Jörg Schröder, da LUH. Para Alvim, o processo de orientação foi muito produtivo e enriquecedor. “Andresa sempre se destacou pela sua habilidade em analisar e sintetizar informações complexas. Sua dedicação e os resultados excepcionais alcançados, refletem o sucesso deste processo, que incluiu orientação conjunta com o professor Jörg Schöreder”.
Mas não para por aí, Andresa planeja dar continuidade à sua tese em projetos futuros. “Pretendo continuar colaborando como pesquisadora nos debates da região por meio de um projeto de pós-doutorado, além da participação na rede de pesquisa CIAM Clima”, salientou.