O Todo-Poderoso é simples...

Capelania - Momentos de Fé #3

28.06.202115h00 Comunicação - Marketing Mackenzie

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O Todo-Poderoso é simples...

Na bíblia é narrada uma história de um acontecimento que tem muito a nos ensinar nestes dias difíceis e intrigante que vivemos. Começa com uma menina, que feita prisioneira de guerra, trabalha como serviçal da esposa do general que subjugara seu povo e sua terra, e por isso era considerado o herói da Síria – potência militar dominante no Oriente Médio àquela época. Aprendi que Deus faz seus planos que são diferentes dos nossos, e por vezes de imediato não compreendemos.
Esta escrava sem nome - porque pessoas assim não tem nome - se compadece com a aflição do general ocasionada por uma incurável doença que produz feridas e erupções na pele, e fala de um homem simples e profeta chamado de Eliseu que vivia no território ocupado de Israel, e que poderia curá-lo. E eis aqui outra lição: pessoas simples amam, e se importam com a aflição do outro sem se importarem quem sejam.
De imediato, Naamã pede carta de apresentação ao rei Ben-Hadad (filho do deus Hadad) e segue para Israel onde é recebido pelo rei Joram, que na condição de vassalo crê ser uma artimanha político-militar para ser invadido, pois a carta de apresentação determina que seja intermediário para acesso ao profeta, e que providencie a cura de seu súdito Naamã. Isto leva o rei ao total desespero, pois este era hostilizado constantemente pelo rei. Sabe, por mais importante que você seja, sempre há alguém que é mais, e saber tratar bem a todos é uma virtude de reciprocidade, você não sabe o dia de amanhã, nem o que ele lhe reserva.
A reação de total descontrole e desespero do rei Joram impacta o profeta, que ouvindo sobre o acontecido, pede que envie Naamã até ele, o que aconteceu. Mas ao invés de pessoalmente receber Naamã, o profeta Eliseu simplesmente manda um mensageiro a porta que diz a Naamã que, para curar sua lepra mergulhe sete vezes no rio Jordão. 
Sabe, é quando ficamos desesperados ao perceber que nunca tivemos controle da situação que Deus age e abre portas para vir em nosso socorro, e em nossa arrogância muitas vezes nos mantemos altivos. Assim era o rei, e assim era Naamã, que esperava que o próprio profeta viesse falar com ele e fazer algum tipo de ritual mágico impressionante, afinal:
– Este profeta sabe com quem está falando?
E será que já ouvimos algo semelhante? Tenho certeza de que sim... O general com raiva, claro, desdenha e recusa a banhar-se naquele rio de águas paradas e lamacentas – Há muitos rios mais belos e mais limpos na Síria – diz ele preparando para ir para casa. 
Será aqui de novo que a sabedoria da simplicidade fará toda a diferença. Seus escravos sugerem que ele não tinha nada a perder em fazer uma tentativa; afinal, para quem já tinha conseguido a carta do seu Rei, a acolhida do rei vassalo depois de uma longa viagem, e a atenção do profeta. A decisão banhar-se num rio não seria nada além de colocar de lado seu orgulho e pré-conceito. Ele faz o que Eliseu mandou e ficou curado. 
As pessoas estão dispostas a fazerem as coisas mais difíceis, inusitadas, dispendiosas; mas não estão dispostas a coisas simples que darão o resultado. Não como elas querem, não no tempo que elas desejam, não conforme seus planos, não privilegiando o eu, mas dispostas a pensar, olhar, e se importar com o outro.
Duas coisas por fim marcam o fim desta história.  A primeira é que Naamã volta à Eliseu com presentes caros, e Eliseu se recusa a aceitar. Quem faz o bem em nome de Deus não espera pagamento, pois a maior recompensa é a alegria de poder fazer, e o sentimento de dever cumprido para com Deus expresso na vida do próximo.  
Naamã também renuncia ao deus Rimom - este era um deus arameu equivalente a Hadad, o deus do trovão, chuva e tempestade - deus do poder e da força que até então tinha moldado sua vida como implacável guerreiro. Naamã encontra o Deus da simplicidade, que não pode ser comprado, que se importa com os outros, e até com os inimigos. Nos nossos dias estas esquecidas lições devem ser relembradas e vividas, devem voltar a nossa pauta de uma vida com Deus. 

Rev. Prof. Jouberto Heringer, MSc.