Antiga mackenzista lança romance que mescla distopia e estrutura jurídica

Livro de Tayres Carvalho retrata sua experiência com vítimas de violência 

06.08.202511h46 Jullia Oliveira, sob supervisão de Jonathas Cotrim

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Antiga mackenzista lança romance que mescla distopia e estrutura jurídica

A advogada Tayres Carvalho, antiga aluna do Direito da Universidade Presbiteriana Mackenzie, lançou um romance literário baseado em experiências que viveu a partir da sua atuação jurídica. O livro O Símbolo: Despertar foi publicado em inglês e português, e narra a trajetória de uma promotora de justiça que sobrevive à violência doméstica e luta contra um regime autoritário global onde robôs substituem humanos no acolhimento às vítimas.   

Misturando crítica institucional, subjetividade feminina e linguagem jurídica, Tayres constrói um universo narrativo que denuncia as falhas do sistema de justiça contemporâneo. E essa crítica nasce de lugar real, sua experiência direta no atendimento a mulheres vítimas de violência de gênero. “Aprendi que a dor tem timbre, respiração e hesitação. Que nenhuma mulher é ‘só vítima’, todas resistem, mesmo em silêncio”, afirma a autora. “O mais marcante foi perceber que, muitas vezes, o trauma não vem apenas do agressor, mas também da omissão institucional”. 

A escolha pelo gênero distópico foi uma decisão estética e ética, segundo a autora. “Eu precisava de um gênero que comportasse o exagero sem perder a verdade. Nada ali é fantasia: é extrapolação crítica do que já vivemos. A distopia foi a forma mais honesta que encontrei para denunciar sem suavizar”. 

A formação em Direito pelo Mackenzie foi o ponto de partida para uma abordagem crítica na obra. “Foi ali que minha consciência jurídica se formou. Entendi que o Direito não é apenas norma, mas linguagem, disputa e silêncio. Essa base acadêmica me ajudou a construir uma distopia juridicamente plausível, mas profundamente inquietante”, explicou a autora.

A simbologia do título também carrega múltiplos significados. “O símbolo representa a mulher que sobrevive e decide resistir. É a metáfora do corpo politizado, do silêncio que vira denúncia. A capa reflete isso: a descoberta de um símbolo de resistência por vítimas, por mulheres e por todos que não se calam diante da violência de gênero”, compartilhou a egressa mackenzista. 

O romance distópico recebeu a medalha de prata da Literary Titan e o selo 5 estrelas da Readers’ Favorite, ambos concedidos nos Estados Unidos a partir de votação de leitores e escritores. “Ser reconhecida fora do Brasil, por prêmios que avaliam tanto a qualidade literária quanto o impacto social da obra, foi como ouvir essas mulheres sendo finalmente escutadas. Não era sobre mim. Era sobre todas nós”, destacou Tayres sobre seu reconhecimento internacional.