A Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) sediou na última quarta-feira, 30 de abril, o Seminário Desafios da Universidade do Futuro, promovido pelo jornal Folha de S.Paulo, com o objetivo de discutir o papel da educação superior frente às transformações globais rápidas e, muitas vezes, irreversíveis. O evento foi realizado no auditório Ruy Barbosa, campus Higienópolis.
O seminário contou com dois painéis. O primeiro teve como tema Pensando o Brasil: Demandas Atuais e Futuras e discutiu justamente o posicionamento das instituições de ensino superior frente aos diversos desafios do mundo atual.
O pró-reitor de Graduação da UPM, Marcos Nepomuceno, participou do debate e ressaltou os caminhos para que instituições de ensino não públicas tenham relevância na sociedade, por meio de parcerias estratégicas e com foco na resolução de problemas.
“Há 500 anos o grande desafio desse país é a educação e continuará sendo por muito tempo enquanto a gente não enfrentar de peito aberto, não só o governo, mas os atores que podem colaborar no debate para que, de fato, a gente construa um modelo educacional com a qualidade necessária para o mundo contemporâneo”, afirmou Nepomuceno.
Ele ainda destacou que é importante pensar na formação integral do estudante, em toda a sua jornada no ambiente acadêmico, com foco na educação continuada.
A discussão também contou com a participação da reitora da Universidade Federal do Sul da Bahia, Joana Guimarães; do superintendente do Instituto Unibanco, Ricardo Henriques; e do diretor da associação Data Privacy Brasil de Pesquisa, Bruno Bioni.
Para Joana Guimarães, a universidade ainda é o local necessário para a produção de conhecimento e essa função deve ser cada vez mais ressaltada. “Com as mídias digitais e tecnologias, cria-se a ilusão de que o conhecimento está dado, está pronto na palma da mão, o que reduziria a necessidade de cursar o ensino superior. A nossa missão é mostrar que a produção de conhecimento continua sendo necessária. Se a gente não gerar conhecimento, vamos empobrecer intelectualmente”, apontou.
Ricardo Henriques, por sua vez, fez algumas análises sobre o que se entende por futuro. Para ele “a única coisa que sabemos é que o futuro será muito diferente de tudo o que temos hoje”. Por isso, torna-se tão importante pensar no papel da universidade, pois ela deve indicar o caminho para que diversas pessoas se encontrem no mercado de trabalho. “Várias habilidades que nomeamos como sendo do futuro, já são do presente ou até do passado”, afirmou.
Bruno Bioni focou sua apresentação na governança de dados e produção equitativa de dados. “Temos que considerar que a produção de dados não é neutra, existe intenção política na escolha de quais dados devem ser produzidos”, disse, ressaltando ainda a importância da Inteligência artificial, que pode contribuir para que assimetrias sociais sejam ampliadas ou reduzidas.
“Existem dados que precisam ser produzidos e que a IA pode ajudar. Mas se você não tiver um esforço público e busca por parcerias com as empresas de tecnologia, diversos apagamentos acontecerão. A Academia tem um papel muito importante de apontar tecnologias não vão gerar mudanças ou as que, de fato, contribuirão com o desenvolvimento humano a partir dos dados”, destacou Bioni.
O segundo painel teve como tema Educação Superior Diante de um Mundo em Transformação. A íntegra do evento está disponível no YouTube.
Na abertura do evento, o Reitor da UPM, Marco Tullio de Castro Vasconcelos, destacou que o Mackenzie está sempre aberto para pensar a sociedade brasileira. “Universidades só se justificam se são capazes de apontar futuros possíveis para a coletividade humana. A universidade do futuro deve ser capaz de lidar com os desafios do presente”, disse.