O livro Rondon, o marechal da paz – A vida de um herói nacional contada por meio da Filatelia, de Maurício Melo Meneses, será lançado em 17 de maio, às 18h30, no campus Higienópolis. Com 128 páginas, leitura agradável e instigante, a obra, lançada pela Editora Mackenzie, é ricamente ilustrada por selos que retratam aspectos da vida do Marechal Rondon, dos períodos nos quais realizou seu grande trabalho – que entrou para a história do Brasil. Imagens e textos harmonizam-se e se complementam, propiciando ao leitor uma experiência diferenciada para conhecer a vida deste importante personagem de maneira lúdica, informativa e didática. Para assistir, clique aqui.
Na introdução, o autor salienta que falar de Cândido Mariano da Silva Rondon é essencialmente fazer alusão a um herói nacional. “Marechal Rondon, como é popularmente conhecido, é um exemplo de vida e padrão de civismo para todos os brasileiros.” Meneses ressalta que o biografado foi até mesmo indicado ao Prêmio Nobel da Paz pelo físico Albert Einstein e que, em 2015, por meio da Lei 13.141, seu nome foi inserido no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria.
O livro traz depoimentos de várias personalidades, que acrescentam relatos sobre a vida de Rondon, reforçando a importância e o caráter inusitado da obra de Meneses: general de Divisão Floriano Peixoto Vieira Neto, presidente da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos; general de Brigada Paulo A. B. Valença, chefe do Estado Maior do Comando Militar do Sudeste, de 2017 a 2019; Ives Gandra da Silva Martins, professor emérito da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM); Nelson Câmara, presidente da Academia Mackenzista de Letras (AML); e o jornalista e cineasta Cacá de Souza.
Na contracapa do livro, há frases relevantes de personalidades brasileiras e estrangeiras, a começar por Theodore Roosevelt, ex-presidente dos EUA e integrante da Expedição Roosevelt-Rondon, que anuncia: “Rondon, como homem, tem todas as virtudes de um sacerdote, é um puritano de uma perfeição inimaginável na época moderna. E como profissional é tamanho cientista, tão grande é o seu conjunto de conhecimentos, que se poderia considerar um sábio”.
Outro admirador famoso do marechal foi o antropólogo Darcy Ribeiro que, ao ser questionado por representantes da Índia, em uma conferência internacional, se Rondon tinha sido discípulo de Gandhi, disse que “esta pergunta vale por um julgamento de atitude que alcança o pensamento pacifista brasileiro formulado por Rondon: Morrer se preciso for. Matar, nunca”.
Carlos Drummond de Andrade, poeta brasileiro, foi outro que reconheceu os atributos do marechal e, em trecho extraído do poema Pranto geral dos índios lembrou Rondon, diz: “Eras um dos nossos voltando à origem e trazias na mão o fio que fala e o foste estendendo até o maior segredo da mata... Oh, Rondon, trazias contigo o sentimento da terra...”.
Manuel Bandeira se junta aos admiradores. Ele viu esperança e fé na caminhada do biografado: “A vida de Rondon é um conforto para todo brasileiro que ande descrente de sua terra”.
Ideal Incomum
O livro de Maurício Meneses reflete cada uma dessas e muitas outras visões que se pode ter de Rondon, um herói sui generis que, para não matar, nem deixar que se matasse um só homem, preferiu encarar 100 vezes a morte. “Apresentamos aos leitores uma biografia única do Marechal Rondon, que não pretende ser exaustiva, nem extremamente detalhada, mas almeja ser marcante em cada uma de suas páginas”, pontua o autor.
Militar, sertanista, indigenista e professor, Rondon foi imortalizado à frente da Comissão Construtora de Linhas Telegráficas. Esse seu pioneirismo para a expansão das comunicações torna ainda mais relevante a escolha da filatelia como uma das linhas narrativas utilizadas por Meneses. Afinal, a instituição da reforma postal e do selo postal brasileiro, em 1º de agosto de 1843, abriu o caminho para outras significativas modernizações que viriam a partir do estabelecimento do Segundo Reinado, o que incluiu a implementação dos telégrafos, em 1857, e do telefone, 20 anos depois.
Foi neste contexto, e em meio ao fervilhar dos movimentos abolicionistas e de integração nacional, que, em 1865, na sesmaria de Morro Redondo, Campos de Mimoso, no distrito de Santo Antônio do Leverger, Mato Grosso, nascia Candido Mariano da Silva Rondon. Meneses conta que, desde muito jovem, o biografado, que descendia, por parte de mãe, de índios terenas e bororos, já expressava um “ideal incomum para sua época: o desejo constante de implantar em seu estado natal uma rede telegráfica que ligasse todos os povoados mais longínquos à capital”, enfatiza.
“O grande pensamento da juventude de Rondon foi levado a cabo”, segue o autor, pois o futuro Marechal mato-grossense não apenas ligou entre si os longínquos rincões de Mato Grosso como também conectou as regiões Centro-Oeste e Norte do país ao Rio de Janeiro, então capital da República, solucionando os antigos e preocupantes problemas de comunicação e segurança daquelas partes da nação.
Tamanho conhecimento adquirido em suas andanças pelos sertões fez com que as contribuições do “patrono das comunicações do Brasil”, como é conhecido, excedessem o trabalho de unificação do território via instalação de redes de telégrafos. De 1927 a 1930, Rondon foi o responsável por inspecionar as fronteiras brasileiras, do extremo norte do país até as divisas com Argentina e Uruguai. O legado dessa contribuição pode ser identificado em expressão cunhada pelo próprio Rondon: “do Oiapoque ao Chuí”, que faz referência a estes dois municípios, o primeiro no ponto mais setentrional do território brasileiro, no Amapá, e o segundo, no mais meridional, no Rio Grande do Sul.
Rondon, o Indigenista
Uma das consequências deste trabalho, cuja amplitude vai muito além do trecho destacado acima, deu a Rondon outro dos apostos pelo qual é mundialmente conhecido: o de “mais importante registrador de etnias indígenas do Brasil”.
Na obra, Meneses apresenta as características que fizeram com que o biografado não apenas localizasse, mas integrasse ao território brasileiro, de maneira pacífica, muitas das nações que contatou. Ao apresentar a experiência do marechal com cada um desses povos, o autor revela o caráter pacifista de sua abordagem. “Mediante o contato diário e a descoberta dos valores desses povos, Rondon passou a cuidar dos direitos dos índios, por isso foi muito além do desempenho de suas funções geográficas e científicas. Rondon construiu, por meio do contato com os nativos, um verdadeiro legado humanista numa época em que os índios eram abatidos a tiros logo no primeiro encontro”, relata o autor.
As conclusões a que chega Meneses ao apresentá-lo como indigenista talvez traduzam o que provavelmente fez com que Rondon se tornasse o único brasileiro a ser indicado, três vezes, ao Prêmio Nobel da Paz.
No entanto, Marechal Rondon pode e deve ser visto por muitas outras lentes. Suas contribuições para a consolidação do Brasil moderno não cabem nem nos milhares de quilômetros que percorreu a pé. Por isso, como ressalta Jaguaribe de Matos, membro oficial da Comissão Rondon, general de Brigada e comandante da Revolução Constitucionalista de 1932: “Tem na sola dos pés o mais longo caminho jamais percorrido, mas é preciso acrescentar: e que realizações em cada um dos passos desse fundo palmilhar!”.
É o que faz este Rondon: o marechal da paz.
Serviço
Lançamento da Editora Mackenzie
Livro: Rondon, o marechal da paz – A vida de um herói nacional contada por meio da Filatelia
Data: 17 de maio
Hora: às 18h30
Link da transmissão: clique aqui