Em um contexto universitário marcado pela pressão acadêmica, sobrecarga emocional e convivência entre pessoas com diferentes idades, experiências e opiniões, a Comunicação Não Violenta (CNV) tem se destacado nos últimos anos como uma alternativa eficaz para transformar as relações. Mais do que uma técnica de comunicação, a CNV tem como principal objetivo promover um local de diálogo respeitoso, empático e acolhedor, reduzindo tensões, falhas e ruídos na comunicação. Em tempos de hiperconexão e comunicação instantânea, a velocidade com que trocamos informação pode comprometer a escuta atenta e a compreensão das mensagens. Diante disso, a CNV convida estudantes, docentes e outros profissionais da universidade a se expressarem com clareza, paciência e atenção, demonstrando empatia pela pessoa com quem estão se comunicando.
No episódio do EduCast “A cultura da educação para a paz e a comunicação não violenta”, apresentado pela Profa. Dra. Suelene Piva, com a participação das professoras Dra. Ana Claudia Torezan e Dra. Michele Asato Junqueira, discutiu-se a importância desse tema.
Torezan explicou o conceito de comunicação, sua origem etimológica e os modos como pode ser utilizada, destacando também o criador da CNV, Marshall Rosenberg, e sua visão sobre a aplicação desse modelo: “[...] [A] comunicação é um instrumental que pode ser usado para guerra ou pela paz. Então, se podemos a partir da comunicação estabelecer fake news e discursos de ódio, por que não podemos, a partir da comunicação, estabelecer um discurso para paz? E quem fez isso foi um autor estadunidense chamado Marshall Rosenberg, que entendeu que a comunicação é um instrumental que pode ser levado para a aproximação”.
Segundo Rosenberg (2006), em sua obra Comunicação Não Violenta: técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e interpessoais, essa abordagem é estruturada em quatro passos: observar sem julgamentos, reconhecer os sentimentos envolvidos, identificar as necessidades e expressar demandas/pedidos com clareza. Ao aplicar esses passos em sala de aula, o docente consegue se comunicar com mais clareza, favorecendo um ambiente acolhedor e cooperativo, o que influencia positivamente no engajamento estudantil e no aproveitamento das aulas.
Diversos estudos reforçam os benefícios da prática da Comunicação Não Violenta. Em destaque, um estudo realizado por Menezes, A.L.C.; Costa, J.D.; Cordeiro, L.M.; e Lima, M.H. (2023), intitulado “Contribuições da comunicação não-violenta no ensino superior”, que identificou melhorias nas relações interpessoais e formas de comunicação entre docentes e discentes, bem como entre colegas de trabalho. O estudo mostra o quão efetiva é a CNV e destaca sua contribuição para o aumento da empatia, a prevenção e resolução de conflitos e o reconhecimento de necessidades, humanizando as novas e as relações já existentes.
Outro trabalho que reflete a importância da CNV nas práticas pedagógicas é o artigo “Uma breve reflexão sobre a aplicabilidade da comunicação não violenta em sala de aula” por de Almeida, E. L.; Zanerato, D. A. Z.; Oliveira, F. M.; Hortela, H. C.; Silva, V. C. P.; e Lima, I. A. A. (2024). Os autores defendem que a formação do professor deve ir além da parte técnica do ensino, se estendendo para a dimensão emocional da comunicação. Os autores ainda destacam que ao adotar os princípios da CNV, os professores conseguem desenvolver relações mais saudáveis com os seus alunos, favorecendo um ambiente de aprendizado mais empático, onde os sentimentos e as necessidades estudantis são levados em consideração durante o processo formativo.
Considerando o impacto positivo da Comunicação Não Violenta identificado nas relações pedagógicas, é cada vez mais comum ver universidades investirem nessa prática por meio da formação de professores e do uso de metodologias que compreendam as relações humanas como parte essencial do processo de ensino-aprendizagem.
Para saber mais sobre a CNV e compreender por que ela é tão importante ao ambiente universitário, assista ao EduCast “A cultura da educação para a paz e a comunicação não violenta”.
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