Editora italiana lançará livro de professor mackenzista

Compartilhe nas Redes Sociais
Riscrevere le città: Semiotica della street art per le politiche sociali será lançado dia 19 de setembro pela editora Carocci 

16.09.2025 Atualidades

Tainá Fonseca, sob supervisão de Jonathas Cotrim


O professor de Design, Marc Bogo, do Centro de Comunicação e Letras (CCL) da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), é um dos escritores do livro Riscrevere le città: Semiotica della street art per le politiche sociali” obra inédita que será lançada na Itália no próximo dia 19 de setembro pela editora Carocci. Escrito em coautoria com os renomados semioticistas italianos Tiziana Migliore e Orlando Paris, o livro é o primeiro no país a analisar o grafite e a arte urbana sob a perspectiva da semiótica.

Na obra, os autores se dedicam a falar mais sobre como o grafite produz sentidos nas cidades, do que focar apenas em aspectos técnicos ou estéticos. “Estamos menos interessados na história, funções e técnicas deste tipo de manifestações, e mais interessados no sistema significante dos grafites”, explicou Marc.

A abordagem semiótica, segundo ele, permite olhar o grafite como um sistema de significados, que articula tanto a dimensão da expressão, cores, formas e materialidade, quanto a do conteúdo, narrativas, valores e discursos sociais. Nesse sentido, a arte urbana é entendida não apenas como estética, mas como forma de democratizar o acesso às produções culturais e dar voz a grupos muitas vezes marginalizados.

O livro também discute a relação entre grafite e políticas sociais. “Antes de apagar, restaurar ou promover murais, é preciso entender a ‘sintaxe’ da cidade, como ela se reescreve continuamente. A semiótica nos dá ferramentas para observar essas transformações e pensar políticas públicas mais consistentes”, afirma o professor.

No livro, Marc também analisa as manifestações urbanas em São Paulo, incluindo grafites em bairros como Higienópolis. Para ele, a capital paulista oferece um material rico e singular, o pixo característico, a coexistência de diferentes estilos, grafite, lambe-lambe, stencil, grapixo, e a influência da Lei Cidade Limpa, que moldou a paisagem urbana ao restringir publicidades de grande formato. “São Paulo também tem pelo menos um local que se tornou muito turístico no mundo, graças ao grafite, que é o Beco do Batman. Claro, existem outros no mundo, como os grafites no Muro de Berlim, mas sem dúvidas São Paulo merece seu lugar nessa lista”, explicou. 

A publicação pela Carocci, editora de referência na área de semiótica, é outro ponto de destaque. “Quando eu fiz meu pós-doutorado na Itália, comprei vários títulos dessa editora, eram uma referência para mim. Então tem um peso nisso, sem dúvidas. Também é o primeiro livro italiano sobre grafites escrito por semioticistas, tem algo de pioneirismo nesse ponto”, concluiu Marc.