
12.11.2025 Cultura
Já está aberta ao público a exposição Pimenta do Reino, no Centro Histórico e Cultural Mackenzie (CHCM), em São Paulo. A mostra, uma parceria entre CHCM e MackPlay, presta homenagem a Sérgio Pimenta – compositor, arranjador, intérprete e uma das figuras mais marcantes da música cristã brasileira – revelando diferentes facetas de sua trajetória e de sua contribuição artística e espiritual.
A exposição, fruto de uma parceria entre o Instituto Presbiteriano Mackenzie (IPM) e a família do artista, propõe uma imersão sensorial e interativa. Fotografias, manuscritos, gravações raras e objetos pessoais compõem um percurso afetivo que refaz os caminhos criativos de Pimenta, autor de mais de 300 músicas gravadas e cerca de 500 composições estimadas.
Durante a abertura da mostra, familiares do homenageado, autoridades do Mackenzie e músicos amigos de Pimenta se reuniram para lembrar de suas boas histórias.
“Ele era uma pessoa querida e dedicada. Tive o privilégio de encontrá-lo durante a preparação de um trabalho de música brasileira. Ao chegar à igreja, no Rio de Janeiro, eu o conheci com um jeito tímido, cantou para mim algumas canções e perguntei se ele tinha mais, então ele me entregou uma fita K7 com cerca de 30 músicas. Pensei: esse artista merecia um disco só dele”, lembrou o músico Guilherme Kerr, parceiro de longa data de Pimenta.
Anos de trabalho conjunto depois, Kerr pôde conhecer e se aproximar do colega de palco. “Sérgio estudava o dicionário em busca de novas palavras e rimas. Sua música sempre teve requinte e criatividade”, adicionou.
Kerr lembrou que muitas vezes, em turnês, Pimenta acordava cedo para correr e Guilherme o acompanhava. Os amigos combinavam de trilhar cerca de 5km juntos. “Por volta do quilômetro quatro eu começava a me cansar e Sérgio dizia para eu seguir que faltava apenas um. Até hoje, quando saio para correr e penso em desistir em algum trecho, lembro-me de sua voz dizendo para seguir. Ele era, em todos os sentidos, um encorajador”, contou.
O presidente do IPM, reverendo Cid Caldas, destacou a sintonia entre a vida e a obra de Pimenta e os valores mackenzistas. “Em nossa história, temos inovação e tradição – saber de onde viemos, onde estamos e para onde vamos. Ouso dizer que Sérgio era um mackenzista em essência, porque buscava sempre qualidade e aprimoramento. Tinha fé e dedicação em tudo o que fazia. Esta exposição é fruto da generosidade de muitos, especialmente de sua família”, afirmou.
Cid ressaltou ainda dois aspectos marcantes de celebrar o legado de Pimenta. “Ele faleceu em 1987, nós estamos em 2025, de repente a gente revisita a nossa própria história e a de uma pessoa que marcou indelevelmente a vida de milhões. Essa exposição é pequena, mas é sensível para a família e para todo mundo que tem a oportunidade de visitar. Ela nos permite ver a qualidade daquilo que um gênio musical produziu num ambiente evangélico”, pontuou ele.
Para a curadora do CHCM, Luciene Aranha, a mostra não apenas homenageia o artista, mas também convida o público a experimentar sua obra de forma viva e participativa. “É uma experiência sensorial e interativa, que permite conhecer a profundidade de sua criação e o impacto de sua fé na arte”, disse.
Já o diretor de Administração do IPM e coordenador do CHCM, Eduardo Abrunhosa, compartilhou lembranças pessoais, dizendo que chegou a Cristo dormindo nos bancos da igreja, durante o intervalo das aulas na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). “Passei a conhecer as canções ali, e uma que carrego até hoje comigo diz assim: Só quem sofreu pode avaliar quem sofreu, pode se identificar, pode ter o mesmo sentir, só quem sofreu tem palavras de puro mel”, rememorou ele a respeito da canção de Pimenta.
De acordo com Abrunhosa, poesias como essa e outras que emanavam do coração e da mente genial de Sérgio, quando cantadas e declamadas, preenchem vazios. “Atribuem a Fernando Pessoa uma das melhores definições de saudade, que seria ‘a firme presença da ausência’. Ao relembrá-lo, garantimos que Pimenta nunca seja esquecido”, completou.
A cerimônia de abertura contou, ainda, com a presença de Rogério Martins, superintendente Comercial e de Marketing do IPM, estrutura sob a qual se encontra o MackPlay. Ele destacou o caráter inspirador da obra de Pimenta, assinalando que “a arte feita com coração e propósito se torna extensão do amor divino”.
Emocionada, Sônia Pimenta, viúva do compositor, agradeceu as homenagens. “Em nome da família, quero agradecer por tudo o que está acontecendo aqui. Estamos muito tocados com o carinho e as surpresas preparadas pelo Mackenzie”.
A exposição Pimenta do Reino é um tributo à arte feita com fé, sensibilidade e propósito, um convite a revisitar um dos nomes mais importantes da música cristã brasileira e a redescobrir a beleza de sua mensagem.
Conheça mais sobre a vida e a obra de Sérgio Pimenta em: www.sergiopimenta.art.br
Serviço
Exposição Pimenta do Reino – o legado de Sérgio Pimenta
Local: Centro Histórico e Cultural Mackenzie, prédio 01, campus Higienópolis do Mackenzie. Rua Maria Antônia, 307
Visitação: até 12 de dezembro, de segunda a sexta, das 9h às 19h
Entrada: gratuita












