CHANCES-6: pesquisadores estudam saúde mental e pobreza

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O Chanceler do IPM, Rev. Dr. Robinson Grangeiro Monteiro, comenta sobre inciativa do CHANCES-6. | Foto: Divulgação

11.03.2022


Segundo dados do Banco Mundial (2018), 61% das pessoas em situação de pobreza no mundo têm menos de 24 anos. Esse é um dos índices apontados durante o 2º Workshop do Projeto Internacional Multicêntrico CHANCES-6, iniciativa que reúne pesquisadores do mundo inteiro para estudar acerca da saúde mental e pobreza.

“Os transtornos mentais são a principal causa dos problemas das crianças e dos adolescentes. As desvantagens sociais, como a pobreza, a moradia precária e a evasão escolar afetam diretamente o desenvolvimento das pessoas até a vida adulta. Esse é um assunto necessário para a educação efetiva de cada indivíduo”, afirma a principal investigadora do estudo, a Dr. Sara Evans-Lacko, da London School of Economics and Political Science.

Para minimizar os danos relacionados ao tema, os pesquisadores propõem os Programas de Transferência de Renda como impacto positivo. O CHANCES-6 é um dos primeiros grupos do mundo a articular os resultados de milhares de crianças e jovens de diferentes países, combinados com entrevistas e dados quantitativos. “David e eu trabalhamos nesses relatórios constantemente. As transferências de renda podem mudar a saúde mental das crianças e dos jovens. Nosso projeto investiga essa dinâmica entre pobreza, saúde mental, oportunidades de vida e o impacto disso na sociedade”, diz Dr. Sara Evans-Lacko.

 

A palavra do Chanceler: saúde mental, pobreza e vulnerabilidade social

Para o chanceler do IPM, Rev. Robinson Grangeiro Monteiro, o atual cenário mundial é preocupante. Como exemplo, cita o confronto entre a Ucrânia e a Rússia, em que dados revelam que há mais de 5 mil crianças nas fronteiras, separadas de seus pais e responsáveis.

“Nas catástrofes humanitárias como fome, guerras étnicas ou conflitos entre as nações, os mais prejudicados na história são aqueles chamados de “a geração perdida”, jovens e crianças que são privados de viver em um contexto sociopolítico-econômico que, de fato, garanta condições de inclusão e de gerações de oportunidades de uma vida digna”, lamenta o chanceler. “As crianças estão totalmente vulneráveis às decisões dos adultos. Toda vez que me deparo com um conflito social, como a pandemia da Covid-19 ou as guerras, entristeço-me por ver que isso priva as crianças de terem uma continuidade nos estudos e um desenvolvimento pleno de suas vidas”, complementa.

Durante a reflexão que fez no workshop, ele citou a passagem de Êxodo 22:21 – “Não afligirás o forasteiro, nem o oprimirás; pois forasteiros fostes na terra do Egito.” Nesse trecho, Moisés fala, basicamente, sobre pessoas em situação de vulnerabilidade social e há nele um processo explícito de inclusão ao citar “não afligirás o forasteiro”. No decorrer das leis escritas por Moisés, há direcionamentos que podem ser chamados simbolicamente de “estatuto de inclusão social” que se baseia, por exemplo, em: bom uso do solo; distribuição de renda; inclusão; e como tratar vulneráveis.

A palavra usada para “forasteiro” no texto original, em hebraico, é o mesmo que “excluído”. E não sugere uma ideia de incompetência do sujeito, mas de um processo cultural que não lhe permite ser incluído na sociedade. Portanto, a melhor leitura moderna seria “não afligiras o excluído...” A visão histórica desse trecho, traz uma reflexão sobre os hebreus que estavam sem uma terra e, somente 430 anos depois, experimentam a libertação, quando acontece o grande êxodo para a terra prometida. Eles eram forasteiros, que não professavam a mesma fé, não falavam a mesma língua, nem tinham a mesma cultura dos egípcios, como nômades que originalmente eram.

Quando eles chegam ao Egito, são tratados como estrangeiros, com uma inclusão social mínima, que se acentua ainda mais após a morte de José, quando se levantou um Faraó que não o conhecia e daí começou a opressão mais severa. Nessa perseguição, as maiores vítimas foram as crianças hebreias. “O princípio básico que está na instrução de Moisés, portanto, é o da compaixão. Veja, não é dó, ou ‘pena’ como diz na minha terra [Paraíba]. É dar a oportunidade, assistência e suporte para que o sujeito se levante e tenha oportunidades, portas abertas e uma vida verdadeiramente digna”, relata o chanceler.

Para concluir, o Rev. Robinson Grangeiro afirma: “Que sejamos aqueles que, de fato, façam o que é possível fazer. Nós devemos oferecer ao outro a mesma oportunidade que tivemos ou a melhor que podemos oferecer. Compaixão é solidariedade. É ver e incentivar nas pessoas os talentos e potenciais que cada uma pode ter. Que sejamos educadores e influenciadores sociais, que incluem e oferecem cada vez mais oportunidades aos excluídos.”