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Um cientista pode ser empreendedor?

Presidente da Emerge, Guilherme Rosso, explica o que são “scientrepreneurs”

30.08.201815h26 Comunicação - Marketing Mackenzie

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Um cientista pode ser empreendedor?

Scientrepreneurs é uma expressão que parece um trava-língua até para quem domina o inglês, não é? O termo junta as palavras science (ciência) + entrepreneur (empreendedor) e quer dizer “cientista empreendedor”, ou seja, pesquisadores que criam negócios com base científica.

São eles que a organização sem fins lucrativos Emerge apoia com o intuito de levar o conhecimento produzido para o mercado e para a sociedade. O presidente da organização, Guilherme Rosso, virá ao Mackenzie para palestrar sobre o assunto e nos deu uma breve introdução sobre o que será explorado na XXX Semana da Escola de Engenharia*. Dê só uma olhada:

Como a ciência pode ser mais empreendedora?

Sciencetrepeneur é um termo bem novo. A gente não tinha visto ninguém usar aqui no Brasil e ele se refere a cientistas que fazem pesquisas em universidades – um exemplo é o MackGraphe – e que, a partir dessas pesquisas, conseguem criar produtos, serviços, empresas, e levar essa pesquisa na forma de negócio para o mercado e para a sociedade. Por exemplo, na Emerge há um garoto de 19 anos, do interior do Mato Grosso do Sul, que desenvolveu uma interface cérebro-computador para se comunicar com pacientes em coma em estado vegetativo. Ele tem apenas 19 anos! O estudo foi um projeto de pesquisa e agora ele está abrindo uma empresa para levar essa tecnologia para hospitais. Outro exemplo é a história do Gabriel, que está fazendo doutorado. Ele é médico e está pesquisando impressão 3D de células e quer ser o primeiro médico brasileiro a imprimir um coração até 2030. São esses exemplos de cientistas empreendedores que estamos apoiando e incentivando.

Como funciona o trabalho da Emerge?

A Emerge foi concebida em 2016, então somos bem novos. Basicamente, estamos preocupados em contribuir com o desenvolvimento do Brasil através da ciência que transforma a sociedade. Apoiamos aqueles pesquisadores, engenheiros químicos, físicos, etc., que estão produzindo conhecimento nas universidades e estão levando isso para a sociedade e para o mercado.

Qual o primeiro passo para quem quer empreender uma ideia?

Para você ter um negócio, primeiro tem de ter conhecimento dentro da sua proposta. Ou seja, se você quer criar, por exemplo, um sistema de purificação de água utilizando o grafeno, precisa saber o que é grafeno, como funciona, quais são as propriedades. Precisa ter uma base cientifica-técnica bastante sólida. Porém, isso sozinho não se concretiza em uma empresa ou negócio. É preciso ir além e entender qual vai ser o mercado, como os clientes vão utilizar isso e qual a proposta de valor do produto que está sendo desenvolvido. Assim, unir a ciência com o mercado, a universidade com a empresa e o conhecimento com os negócios é algo muito importante para se ter sucesso. Isso porque existe o que chamamos de “vale da morte da inovação”, que é justamente aquele momento no qual as inovações morrem. É o momento de transição dos conhecimentos produzidos na universidade até chegarem ao mercado. Nessa transição é onde as inovações costumam morrer.

E por que acontece essa “morte”?

Pensando em negócios de base cientifica e tecnológica, geralmente a “morte” ocorre porque o capital que era o necessário para o desenvolvimento da ideia, na maioria das vezes, é muito grande. Às vezes você precisa de microscópio de varredura ou um laboratório de engenharia, equipamentos sofisticados, toda essa estrutura. E isso nem sempre é fácil de dimensionar. Além disso, o tempo de maturidade também é diferente para cada elemento. Por exemplo, no desenvolvimento de um app (aplicativo), às vezes em três meses você consegue rodar, enquanto que um produto de engenharia ou um purificador de água utilizando grafeno, é necessário um tempo de pesquisa, mestrado, doutorado ou mesmo uma iniciação cientifica para conseguir desenvolver a parte técnica.

Qual a importância desse assunto na XXX Semana da Escola de Engenharia da Universidade Presbiteriana Mackenzie?

É importante essa pauta porque o Brasil tem deficiência de qualificação em ciências básicas e diversas áreas da engenharia que são essenciais para os sistemas de tecnologia e inovação do país. No caso dos engenheiros do Mackenzie, muitos deles desenvolvem pesquisas, iniciação científica, etc., mas é preciso refletir como todo esse conhecimento produzido na universidade pode ir para o mercado e para a sociedade. A nossa provocação com isso é que os alunos possam criar empresas ou negócios a partir do conhecimento que eles próprios estão produzindo dentro do ambiente universitário.

Saiba mais sobre o assunto na XXX Semana da Escola de Engenharia

Entre os dias 03 e 06 de setembro, ocorrerá na Universidade Presbiteriana Mackenzie a XXX Semana da Escola de Engenharia, que trará palestras e minicursos com diversos especialistas. Serão mais de 20 ações diárias e Guilherme Rosso virá ao Mackenzie para palestrar sobre “Como a ciência pode ser mais empreendedora”, no dia 03 de setembro, às 16h00 no auditório Ruy Barbosa. Confira a programação completa do evento neste link.