Durante o 20º Encontro de Comunicação e Letras da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), a mesa-redonda Notícia em xeque: o que o brasileiro espera do jornalismo reuniu profissionais da área de comunicação para discutir a credibilidade, os desafios e as novas linguagens do jornalismo de hoje.
O encontro, mediado pelo docente do CCL, Vanderlei Dias, teve como convidados os sócios-diretores da Agência Virta, Lucila Lopes e Paulo Moura, contou também com a participação da jornalista da Folha de S.Paulo, Alexa Salomão, e da executiva Graziel Sueiro, líder da equipe de vendas do Instituto QualiBest, responsáveis pelo estudo apresentado.
Os participantes anunciaram uma parceria entre Mackenzie, QualiBest e Virta, que permitirá aos alunos do curso de jornalismo realizarem visitas técnicas às empresas, conectando-os ainda mais com o mercado de trabalho.
A percepção do jornalismo
“Querendo ou não, todos têm a mesma preocupação: o futuro do jornalismo. A proposta da mesa em apresentar a pesquisa e, a partir dela, refletir sobre os caminhos possíveis para a profissão, chama a atenção por ter tido a participação de outros alunos, além daqueles do curso de jornalismo”, explicou o mediador, Vanderlei Dias.
A pesquisa, realizada em setembro de 2025, ouviu 837 brasileiros de todas as regiões do país, com idades entre 18 e 60 anos, e buscou compreender as percepções do público sobre a credibilidade, papel social e futuro do jornalismo, além da influência das redes sociais e das novas tecnologias, como a inteligência artificial. “Essa parceria conecta o acadêmico ao mundo real. Resumindo, a pesquisa traz uma reflexão sobre o que está acontecendo na cabeça do leitor de hoje”, pontuou Alexa, da Folha de S.Paulo.
Os resultados apontaram que 63% dos brasileiros consideram a credibilidade do jornalismo média, mas revelam também uma crescente preocupação com a imparcialidade das notícias e o impacto das fake news. “Se as pessoas têm uma credibilidade média na imprensa, então não existe credibilidade”, contou a jornalista.
Quatro em cada dez entrevistados acreditam que o maior desafio do jornalismo está justamente em informar com imparcialidade e combater a desinformação. De acordo com Lucila Lopes, a população deve se preparar para combater as notícias falsas geradas por ferramentas de inteligência artificial. “Não é apenas a função do jornalismo combater fake news, é função da sociedade eliminar e conviver com as vantagens e desvantagens de utilizar IA”, frisou.
Outro destaque foi o papel dos influenciadores digitais. A maioria dos participantes reconhece que eles não substituem o jornalismo profissional, embora possam complementar a produção de informação.
“O jornalismo tem de andar lado a lado com a tecnologia, seja por meio de Inteligência Artificial, seja por meio de influenciadores. Como todas as tecnologias, temos que vê-las como aliadas e não como substitutas. O melhor a se fazer é conviver e tirar proveito desses avanços”, destacou a executiva do Instituto QualiBest.
A pesquisa ainda revelou que 67% dos entrevistados afirmaram buscar informações em meios tradicionais, como televisão, rádio e jornais. Já entre os mais jovens, cresce o consumo de conteúdo via redes sociais, podcasts e YouTube.
O estudo também abordou o impacto da inteligência artificial na comunicação. Cerca de 44% dos entrevistados acreditam que a IA pode prejudicar a qualidade da informação, enquanto 26% acreditam que seja uma ferramenta capaz de melhorar a apuração e a produção de conteúdos.
Além disso, o levantamento indica que o público vê com bons olhos a aproximação do jornalismo com a linguagem das redes sociais, desde que isso não comprometa a credibilidade. “As pessoas demonstram um claro cansaço de bolhas ideológicas. A partir da pesquisa, o que percebemos é um crescente interesse por notícias que estejam fora desses círculos, desse contexto”, afirmou Paulo Moura.










