Dia do Economista

Data comemorativa

13.08.202112h00 Comunicação - Marketing Mackenzie

Compartilhe nas Redes Sociais

Dia do Economista

 A profissão de Economista é relativamente nova, aliás, como o projeto de desenvolvimento e de industrialização brasileiro. Apenas em 1946, no bojo das reformas institucionais e trabalhistas, foi criado o primeiro curso de Economia, da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade do Brasil, hoje, Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro – IE-UFRJ.

E por que comemorarmos o Dia do Economista em 13 de agosto? Simples, a resposta. Pois foi nesta data que a Lei nº 1.411, de 1951, de autoria do deputado gaúcho Fernando Ferrari, do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), regulamentou a profissão do economista no Brasil e estabeleceu que a designação profissional de economista é privativa daqueles que alcançam o bacharelado em Ciências Econômicas, diplomados no Brasil. A Lei nº. 1411, reconheceu, também, os profissionais de notório saber que, até então, atuavam como economistas, além de criar o Conselho Federal de Economia (Cofecon) e os Conselhos Regionais de Economia (Corecon). Essas instituições são Autarquias Federais cuja finalidade é fiscalizar o exercício da profissão, haja vista que todos devemos estar registrados nos Conselhos Regionais de Economia, no caso o do Rio de Janeiro, cuja carteira de identidade profissional tem validade em todo o Território Nacional.

E isto é necessário? Sem dúvida, é uma reafirmação corporativa, mas condizente com o fazer do Economista. Sim, pois o economista é um profissional de grande complexidade. A Economia, como área específica do pensamento, nasceu como Economia Política, ou seja, migrando da área de Filosofia, para o grupo das Ciências Sociais, preocupada com a produção da riqueza, com sua apropriação e distribuição, pela nobreza e por duas classes sociais que emergiam com o fim do feudalismo: os burgueses comerciantes e donos de manufaturas e com os trabalhadores, agora assalariados. Os economistas da Economia Política sempre escreveram e pensaram do ponto de vista das classes dominantes e de seus Estados nacionais. Eram “homens de Estado”, ligados ao poder, dispostos a impulsionarem a riqueza de seus países num jogo de competição entre impérios europeus.  

Se entendermos suas origens, também compreenderemos por que afirmamos que o fazer do economista é de grande complexidade. Ele é um agente da produção de riqueza, é certo, seja atuando junto a instituições públicas ou a organizações privadas. E aí, exatamente nesse ponto, inicia-se a complexidade da profissão. Formamos economistas para sermos um dos elementos articuladores, em dada sociedade, dos interesses do capital e do trabalho, pois mesmo quando trabalhando para a iniciativa privada, ou seja, para o capital, o economista não pode esquecer-se de que entre os seus afazeres há na outra ponta trabalhadores assalariados, tão cidadãos quanto todos os demais brasileiros.

No século XIX, quando os europeus competiam pela condução da segunda Revolução Industrial, ainda estávamos utilizando mão de obra escrava e reafirmando nossa independência. Quando proclamamos a República, não havia projeto para a população brasileira, fosse ela nativa, oriunda da África e mesmo da Europa, nosso mercado interno era ínfimo, e continuamos agrário-exportadores. Desenvolvemos um mercado interno sem unidade nacional. Criamos instituições de Estado moderno capitalista e industrializamos tardiamente, em meio a crises internas e externas que se repetem, que destroem riquezas e que fazem parecer que o tempo anda para trás. Como nos ensinou mestre Celso Furtado, um brasileiro, considerado um dos maiores economistas do século XX, fazemos parte de uma nação cuja construção é recorrentemente interrompida.

Mas nós, os economistas, formados pelas diferentes instituições de ensino superior do Brasil, por vários Institutos de Economia, por Faculdades de Economia e de Ciências Econômicas, não importa a denominação, não importa se eram públicas ou privadas, temos o compromisso, assim feito em nosso juramento, de promover o desenvolvimento nacional. Temos o compromisso de fazer de nossa profissão não um instrumento de valorização pessoal, mas sim de promoção de bem-estar social e econômico, de desenvolvimento nacional, e de agir com ética profissional. Para ser um economista e podermos juntos comemorar esse dia, devemos lembrar que cidadãos são todos os que nascem em um território nacional, portanto nesse território denominado Brasil. Cidadãos brasileiros desejam e merecem viver com qualidade de vida, dignidade, com acesso a oportunidades e melhorias profissionais, e nós, os economistas, através de nossa atividade profissional temos o compromisso de fazer o País deixar de ser um dos piores em concentração de renda e de riqueza enquanto milhões de brasileiros vivem na miséria, ou seja, abaixo da linha da pobreza, em situação de insegurança alimentar.

Que no dia do Economista possamos parar e refletir sobre a complexidade da profissão que escolhemos exercer em um País com tantas promessas de futuro, mas permeadas por várias crises. A economista Mª. da Conceição Tavares, professora de muitos de nós, mais ou menos conservadores, mais a direita ou a esquerda, hoje com quase 92 anos e afastada da vida pública, nos deixa um legado: A economia que não se preocupa com a justiça social é uma economia que condena os povos a isso que está ocorrendo no mundo inteiro: uma brutal concentração de renda e de riqueza, o desemprego e a miséria.”  

Salve o Dia do Economista! Rio de Janeiro, 13 de agosto de 2021.