Na última quinta-feira, 02 de maio, a Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), por meio do Núcleo de Estudos Avançados (NEA), promoveu a palestra Os desafios da universidade no Brasil. O evento foi ministrado pelo reitor da Universidade de São Paulo (USP), Carlos Gilberto Carlotti Junior.
O chanceler do Mackenzie, Robinson Grangeiro, pontuou as transformações ocorridas no âmbito das universidades ao longo da história, nas quais foram enfrentadas questões como pensar a própria urbe ou tratar a educação como uma mercadoria. Em toda a trajetória, lutar por um ensino que incentive reflexões profundas e com liberdade, sempre foi um dos grandes desafios da universidade.
Utilizando uma passagem do livro “Cidade de Deus”, de Santo Agostinho, ele faz uma reflexão sobre a importância da educação e da qualidade do ensino. “Desde a Grécia antiga, ensinar com liberdade, autoridade e relevância foi sempre revestido de riscos, levando, em alguns casos a sentenças extremas, como foi o caso da condenação de Sócrates à morte”, disse. No entanto, não se pode desanimar de tal empreitada.
Durante a abertura do evento, o reitor da UPM, Marco Tullio de Castro Vasconcelos, ressaltou a proximidade entre as instituições. “Espero que esse momento traga contribuições para nossas reflexões. A conexão entre a USP e o Mackenzie é verdadeira. Um exemplo disso é que sou egresso da USP, e diversos outros professores também têm vínculos muito antigos com a Universidade de São Paulo”.
"Nós buscamos tratar de temas de interesse nacional e internacional e, recentemente, realizamos debates relacionados ao futuro da universidade no Brasil, pensando nas mudanças tecnológicas e nas novas demandas do mercado e da sociedade. Por conta disso, convidamos o reitor da USP para debater este assunto”, destacou o coordenador do NEA, Wilson Nakamura.
Para Carlotti, todas as instituições dentro do estado de São Paulo deveriam fazer um grande acordo para entregar a todos os jovens uma formação, superior ou profissional, adequada para continuarem na sua carreira. “Somos um estado privilegiado. Se não conseguirmos fazer isso dar certo aqui em São Paulo, nenhum outro lugar do Brasil conseguirá”, destacou.
Carlotti frisou sobre o enorme desafio da resistência à mudança quando se trata do ensino acadêmico. “Alguns dizem ‘mas por que eu vou mudar o jeito de ensinar, se faz 30 anos que eu formo profissionais com qualidade?’ Se pensarmos nisso, certamente uma hora nós vamos estar desatualizados. É importante inovar”, salientou o reitor da USP.
Para ele, muitas adaptações são necessárias, mas todas com o objetivo de proporcionar maior interação do aluno com o mercado e a sociedade. Carlotti citou entre suas ideias a diminuição da carga horária, a inserção de atividades mais dinâmicas, e a mudança no layout das salas de aula para um método mais interativo.
O reitor da USP destacou o grande desafio do aluno em vulnerabilidade socioeconômica em acompanhar os estudos. Ele compartilhou que, desde 2011, a USP promove auxílios estudantis para alimentação, pesquisa e estudos. “Houve muita resistência na USP para investirmos em extensão. O aluno não pode ficar quatro ou cinco anos dentro da universidade. Ele precisa ser integrado à sociedade. Caso contrário, ao se formar, sofrerá um grande choque cultural”, explicou.
Além das autoridades já mencionadas, ainda participaram da solenidade os pró-reitores da UPM, diretores das unidades acadêmicas, coordenadores e professores de diversas áreas.