Brasília, 22 de maio de 2023 - Pelos idos de 1964, a poetisa Cecília Meireles publicou o poema Ou isto ou aquilo em livro de mesmo nome. Basicamente, o eu lírico opõe situações cotidianas e universais em que, não sendo possível conciliar duas coisas, é inevitável fazer escolhas: “Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo… / e vivo escolhendo o dia inteiro!”
A questão é que a cada escolha corresponde uma ou várias renúncias. E, para piorar, quase sempre não temos garantias de que nossa opção seja a melhor. Fica fácil quando conseguimos antever as consequências das nossas escolhas, como em um jogo de dominó, quando contamos as pedras e sabemos aquela que interessa ao adversário.
Nas palavras de Peter Drucker, conhecido como o pai da administração moderna, “Cada decisão é arriscada: ela é um comprometimento de recursos presentes com um futuro incerto e desconhecido.” Uma paráfrase requintada do velho dito popular acerca do risco de trocar o certo pelo duvidoso, a qual se aplica ao mundo empresarial e se estende à vida particular de cada indivíduo.
E as situações tendem a ficar ainda mais (in)tensas quando o processo decisório envolve paixões, visto que obnubilam e contrariam as mais clarividentes perspectivas racionais, levando a percepções enganosas. Daí a importância de ouvir quem está “de fora” e por essa razão pode ter visão mais equilibrada das coisas.
Há alguns anos, escrevi estes versos a respeito do tema:
Nossas escolhas dão A medida do nosso ser:
Somos o que escolhemos e o que deixamos de escolher.
Meu olhar estava voltado para a importância de considerarmos que, para além da semelhança fonológica, o preferir e o preterir andam de mãos dadas e dizem muito sobre nós.
Tempos depois, rabisquei outros, intitulados “Geração self-service”. Uma reflexão a respeito da voluntariosidade de crianças e jovens de um mundo repleto de possibilidades, o qual, paradoxalmente, por um lado, amplia o universo de escolhas, mas, por outro, amplifica o drama de ter de escolher.
É exatamente o que vemos no ambiente escolar e na sociedade atual: pessoas que não lidam bem com o fato de não poder ter tudo. Assim, com frequência, o bem estar propiciado pelo objeto da escolha não supera a frustração por aquilo que se deixa de ter. Resultado: inexplicavelmente, o que era para ser motivo de alegria passa a ser causa de sofrimento e dor.
Hoje, certamente caberia esta transgressão gramatical no título do poema da eminente poetisa: “Ou isto ou aquilos”, com ênfase na complexidade ocasionada por tantas alternativas. Em analogia com as provas escolares, é como se, em vez das tradicionais quatro ou cinco opções em uma questão de múltipla escolha, tivéssemos dez. Haja foco e autocontrole!
A verdade é que, inegavelmente, a vida era mais fácil — que não se confunda com melhor! — quando tínhamos poucas opções e, mesmo, pouca autonomia para dar voz aos nossos desejos e determinar nossos caminhos. As escolhas eram poucas e, muitas vezes, já estavam predeterminadas.
E aí, o que fazer?! Devemos abrir mão das infinitas oportunidades que o mundo nos apresenta para fugir dos dilemas das escolhas?! Não parece uma saída inteligente e razoável.
As soluções vêm do próprio contexto, bem mais aberto e flexível do que outrora, quando as decisões pareciam “para sempre”. Diálogo — com foco na escuta —, análise e orientação. Com direcionamento, (auto)conhecimento e assertividade, a alegria do “isto” pode suplantar a tristeza dos “aquilos”!
Sobre os Colégios Presbiterianos Mackenzie
Os Colégios Presbiterianos Mackenzie são reconhecidos, hoje, pela qualidade no ensino e educação que oferecem aos seus alunos, enraizada na antiga Escola Americana, fundada em 1870, por George e Mary Chamberlain, em São Paulo. A instituição dispõe de unidades em São Paulo, Tamboré (em Barueri-SP), Brasília (DF) e Palmas (TO). Com todos os segmentos da Educação Básica - Educação Infantil (Maternal, Jardim, Jardim I e II), Ensino Fundamental e Ensino Médio.
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