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Robinson Grangeiro Monteiro, chanceler do Mackenzie.

Foto: NTAI/Mackenzie

Esta expressão que faz trocadilhos entre pontes e muros tem sido bastante usada para incentivar relacionamentos mais saudáveis e congruentes entre as pessoas, instituições e segmentos da sociedade.

O símbolo da ponte fala por si mesmo como superação de vãos e abismos, ligando pontos até então incomunicáveis, ao passo que muros normalmente isolam e contêm pessoas em espaços separados e diferentes.

O mundo — esse espaço comum onde habita a humanidade, por vezes unida por pontes, por vezes separada por muros — se aproxima de completar o segundo ano da pandemia da COVID-19, e desafiando a esperança de volta à normalidade, mais uma letra grega assusta a todos como símbolo de uma possível nova onda de infecções.

A ômicron (Οο), assim chamada segundo o padrão da Organização Mundial da Saúde (OMS) de nomear variantes do vírus com letras gregas, foi escolhida para evitar preconceitos e estigmatizações, segundo alguns sites de notícias. Antes da “ômicron”, a OMS poderia usar, pela ordem do alfabeto grego, a letra “nu” (Νν), mas preferiu evitar confusões de pronúncia com “new”, nova em inglês, o que poderia atrapalhar a comunicação sobre qual variante se estaria falando, assim como também evitou usar a letra “xi” (Ξξ), para não associar ao nome próprio chinês Xi, que inclusive é o nome do presidente Xi Jinping, da China, onde surgiram os primeiros casos.

Preconceitos são tipos de muros mentais, que categorizam um indivíduo e rotulam como isso ou aquilo, sem sequer permiti-lo apresentar-se ou com ele conviver. Muros foram levantados no início do século XX, quando se chamou a influenza de “espanhola” (1918/1919), quando na verdade os primeiros casos foram entre soldados americanos e britânicos. Recentemente, pessoas oriundas de países da África austral, onde foi identificada a variante ômicron, foram impedidas de viajar para o restante do mundo, e muitos viram renascer o preconceito naquela região onde muros muito altos já foram levantados pelo regime de segregação racial (apartheid).

Questões sanitárias reais e teorias de conspiração fantasiosas à parte, o fato é que em um mundo cada vez mais aproximado por pontes de uma globalização irrefreável, continua construindo muros, alguns para conter vírus, outros para separar pessoas.

Felizmente, muitos têm preferido construir pontes, assim como fez o Mackenzie em 1918, abrindo suas portas e disponibilizando o prédio 48 para um hospital de campanha, que atendeu contaminados pela gripe influenza, ou quando em pleno ano da pandemia, comemorou 150 anos expandindo para mais de 600 leitos os seus hospitais em Curitiba e Dourados, a fim de se tornarem referências para tratamento da COVID-19.

Algumas pontes digitais superaram o vão da impossibilidade de educadores e educandos estarem presencialmente juntos, mas bem juntos no ciberespaço para ensinar e aprender. Pontes humanitárias foram feitas pelo envolvimento em ações sociais para segmentos em vulnerabilidade social, em parceria com outros engenheiros de pontes por onde trafegaram amor e solidariedade, desafiando vírus e isolamento social.

Curiosamente, neste ano de 2021, a Escola de Engenharia da Universidade Presbiteriana Mackenzie celebra seus 125 anos (1896–2021) com o reconhecimento de ser uma das mais importantes escolas de Engenharia do Brasil, com o curso pioneiro de Engenharia Civil, e atualmente, oferecendo Engenharia Elétrica (linhas de formação em: Eletrônica, Telecomunicações e Automação ou Sistemas de Potência, Energia e Automação), Engenharia Mecânica (Plena ou com linha de formação em Mecatrônica), Engenharia de Materiais, Engenharia de Produção.

Certamente, engenheiros projetam e constroem bem mais do que pontes e muros. Todos nós, engenheiros ou não, somos desafiados a optar, como seres humanos, por uma atitude dominante na vida: separarmos ou unirmos, odiarmos ou amarmos, dominarmos ou servirmos.

O apóstolo Paulo lembra aos cristãos de Filipos, na Macedônia, que o foco de sua mensagem era que completassem a sua alegria,“de modo que penseis a mesma coisa, tenhais o mesmo amor, sejais unidos de alma, tendo o mesmo sentimento. Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo. Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros.”

O fundamento dessa exortação a construir pontes é o modelo perfeito, que construiu a maior ligação possível para superar o abismo mais intransponível:

“Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana,a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz”.

O fruto dessa ponte eterna é que “Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai”,porque assim como quem se humilha é exaltado, quem constrói pontes usufrui do amor na forma de abraços inseparáveis mesmo pelos muros mais altos.

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