Vista do edifício
Henrique Pegado,
campus Higienópolis.
Década de 1950
O Mackenzie dá os primeiros passos para expandir sua atuação para todo o Brasil.
Fotos: Acervo CHCM
Os primeiros anos que seguiram a passagem da gestão para a Igreja Presbiteriana do Brasil foram conturbados e complexos por causa do ambiente eclesiástico que buscava compreender melhor seu papel junto à instituição que passara para sua responsabilidade e principalmente por conta do ambiente externo nacional, uma vez que o país vivia um momento político de instabilidade, em um regime excepcional de governo.
Nesse contexto, alterações estatutárias foram realizadas a fim de adequar a instituição ao novo modelo jurídico nacional. Criou-se nesse momento a figura do chanceler, que representaria, a partir de então, a Igreja no dia a dia da organização. Também foi implantado o Conselho de Curadores composto de representantes designados pela Igreja para acompanharem os atos de gestão, e o primeiro presidente nomeado foi o presbítero Renato Guimarães, que, em seguida, assumiria a Chancelaria.
Não se pode falar desse momento sem destacar a liderança exercida pelo reverendo Boanerges Ribeiro, que sem dúvida alguma foi o artífice de todo o processo de nacionalização, sempre ladeado pelos presbíteros Renato e Paulo Breda, que exerceram, respectivamente, ao longo dessa fase, as funções de chanceler e de reitor.
Naquele período, o Mackenzie já somava mais de sete mil estudantes em todos os ciclos de ensino oferecidos. A jovem Universidade Mackenzie chegou ao final da década de 1960 no ritmo das mudanças que ocorreram no Brasil. O país dava os primeiros passos na esfera científica e tecnológica, desenvolvendo pesquisas nos mais variados campos da ciência. Novamente pioneiro, o Mackenzie instalou em 1970, na cidade paulista de Atibaia, a maior antena parabólica da época, com 13,7 metros de diâmetro, para o estudo dos processos físicos solares. A estrutura resultou de uma parceria com o Departamento de Física do Centro de Radioastronomia e Astrofísica Mackenzie (CRAAM), que funcionava desde 1966. Afinal, aquela também era uma época das primeiras inovações tecnológicas da ainda nascente era digital. No mesmo período, surgiria o Serviço de Processamento de Dados Mackenzie (Sepromack), acompanhado da fundação da Faculdade de Tecnologia.
Centenário
O ano de 1970 não poderia passar em branco, afinal, a escolinha da professora Mary Ann Chamberlain, que nasceu de maneira modesta, estava completando cem anos como uma universidade que conquistara um espaço de excelência no ensino privado nacional. Para celebrar a data, um dos pontos altos foi a inauguração do Edifício Esther de Figueiredo Ferraz, em homenagem à reitora, que deixou o cargo um ano depois.
Naquele momento, os estudantes do Mackenzie também se engajaram em um programa criado pelo governo federal em 1967, o Projeto Rondon. A proposta era envolver os universitários de instituições públicas e privadas de todo o Brasil nos planos de integração para o desenvolvimento do país. Entre as atividades do Projeto, os estudantes eram incentivados a conhecer e conviver durante um período com as comunidades de regiões mais distantes dos grandes centros, como a Amazônia, por exemplo. O objetivo era motivar a responsabilidade social e a cidadania, permitindo a criação, por parte dos estudantes, de propostas que pudessem melhorar as condições de vida dessas populações. No caso do Mackenzie, as práticas foram realizadas em Irecê, na Bahia, a partir de 1972.
Adaptando-se às mudanças legislativas no âmbito da Educação, em 1972 o nome Escola Americana passou a designar apenas aquilo que hoje conhecemos como primeiro ciclo do ensino fundamental (o antigo primário), o segundo ciclo do fundamental e o ensino médio (ginásio e segundo grau) passaram a ser denominados Colégio Mackenzie.
Alterações na grade curricular também foram realizadas pelos mesmos motivos. Ao lado disso, a expansão curricular teve continuidade, sendo criados os cursos de Pedagogia (1972) e Biologia (1979), e as faculdades de Tecnologia (1970) e de Comunicação e Artes (1976). Inicialmente vinculados à FAU, os cursos de Comunicação Visual, de Desenho Industrial e de Desenho e Plástica ganharam autonomia em 1976, transformando-se em novas faculdades.
A década de 1970 foi marcada também pelo enfrentamento entre professores e gestores que se antagonizaram pela disputa em torno da estatização da Universidade. O Regime Militar empreendeu por todo o país um amplo programa de estatização de instituições de ensino superior; no estado de São Paulo, esse Programa acabou por gerar a Universidade Estadual Júlio de Mesquita, UNESP, resultante justamente desse processo e da fusão de todas as instituições que passaram para o controle do estado. Havia uma discussão sobre a estadualização ou federalização da Universidade Mackenzie, tudo por conta do clima interno de tensão entre o corpo docente e a alta direção do Instituto, que conseguiu manter a posse da instituição graças ao papel destacado do presbítero Renato Guimarães e do reverendo Boanerges Ribeiro, então presidente da Igreja.
Nesse cenário de dúvidas e instabilidade, foi adquirida uma área na cidade de Barueri, no bairro do Tamboré, em 1978, onde em 1981 começou a funcionar o Colégio Mackenzie Tamboré em uma área de mais de 700 mil metros quadrados com infraestrutura educacional de ponta, que viria mais tarde a abrigar também um dos campi da UPM.
Por outro lado, em 1980, a faculdade de Filosofia foi extinta e dela nasceram a Faculdade de Ciências Exatas e Experimentais (reunindo as cadeiras de Química, Física, Matemática e Biologia) e a Faculdade de Letras e Educação, reunindo os cursos de Letras Neolatinas, de Tradução e de Pedagogia — um desenho inicial que começava a formar o que são hoje os diferentes Centros da Universidade.
A década seguinte foi marcada pela criação de um bordão que se tornou célebre entre os mackenzistas: “Isto é Mackenzie!”, criado em 1983 pelo estudante Luiz Poças Leitão e que se transformou em grito tradicional de todos os alunos. A essa frase poderia ser adicionado o advérbio “também” para se referir à primeira expansão da instituição para além da cidade de São Paulo.
Um novo tempo
A década de 1990 foi marcada por profundos avanços tecnológicos, quando os sistemas digitais começaram a ganhar espaço em todos os segmentos sociais. Além da modernização, o segmento da educação também passou por algumas reformas que acabaram promovendo avanços no ensino superior brasileiro. O próprio Ministério definiu a Educação como “investimento estratégico para garantir o desenvolvimento econômico e a plena cidadania”. O Mackenzie contribuía para ampliar a oferta de formação superior ao passar a oferecer, a partir de 1991, os primeiros cursos de pós-graduação lato sensu e stricto sensu.
Depois de diversas mudanças em seu traçado e edificações nas últimas décadas, o campus Higienópolis, com seu charme único, recebeu uma merecida distinção. Em 1993, a área histórica do campus, onde estão localizados os prédios centenários, foi tombada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo, como bem cultural de interesse histórico.
Em 1996, com a alteração da personalidade jurídica do Mackenzie, passou a ser utilizada a designação denominacional “Presbiteriano”, para o, agora, Instituto Presbiteriano Mackenzie. Também naquele ano foi inaugurado o Colégio Presbiteriano Mackenzie Brasília, a primeira investida da instituição para fora do estado de São Paulo. Localizado em área nobre do Plano Piloto e com uma infraestrutura educacional de ponta, o Colégio se colocou rapidamente entre as melhores instituições do Distrito Federal, passando a ser uma alternativa qualificada para as famílias brasilienses educarem seus filhos.
Essa fase que cronologicamente está contida entre os anos de 1961 e 1996 é, portanto, responsável pela definição da estrutura que conhecemos atualmente para a organização como um todo. Isso pode ser exemplificado pela postura profissional e contemporânea que os Conselhos Deliberativo e de Curadores tratam o conjunto de serviços prestados, aplicando a eles as melhores práticas de gestão, assumindo, entre outras, a realização sistemática do planejamento estratégico que possibilitou a viabilização de condições para a fase seguinte, a fase de expansão.