Ao longo desses anos, foi ampliado o número de escolas e novos materiais foram adicionados. Em crescimento exponencial, hoje alcança mais de 100 mil alunos.
Fotos: NTAI/Mackenzie
O ano era 2004 e os primeiros desenvolvimentos do Sistema Mackenzie de Ensino (SME) se tornavam uma realidade. A versão inicial do projeto pedagógico ganhava os últimos retoques para ser lançada, mas, naquele momento, ainda havia grandes expectativas. Era um projeto ambicioso e ninguém poderia imaginar que, tempos depois, o Sistema estaria presente em 530 escolas de todas as regiões do país, alcançando mais de 9 mil professores e mais de 100 mil estudantes.
Essa história de duas décadas de sucesso começou com o objetivo de expandir a filosofia de ensino e a marca Mackenzie, atendendo a visão de seus fundadores; afinal está nas raízes da Instituição a missão de educar. Por meio de um planejamento estratégico cuidadosamente elaborado pelo Instituto Presbiteriano Mackenzie (IPM), a iniciativa começou a sair do papel. “O projeto-piloto do Sistema Mackenzie de Ensino partiu da proposta de produzir materiais que refletissem as melhores técnicas e recursos e que estivessem entrelaçados com a confessionalidade do Mackenzie”, explica o reverendo Mauro Meister, primeiro consultor teológico-filosófico do SME.
Márcia Régis, gerente do SME, reforça que, desde sempre, o conteúdo deveria ter autenticidade intelectual sem viés ideológico. “É um sistema de ensino confessional, focado no desenvolvimento pedagógico por meio de uma proposta alinhada à aprendizagem significativa, e que hoje cobre da Educação Infantil até o Ensino Médio. Na verdade, atualmente esse material atende escolas que buscam oferecer a seus alunos formação com relevância acadêmica”, resume.
No início, o maior desafio foi criar um sistema do “zero”, uma vez que não havia um modelo que pudesse servir como parâmetro. “Nós procuramos entender, com clareza, uma cosmovisão cristã que fosse associada a algum material pedagógico. O conceito básico, a ideia fundamental, era que o material fosse legitimamente confessional. Então, desenvolvemos um projeto político-pedagógico-confessional alinhado aos materiais de ensino da própria instituição Mackenzie. Fizemos essa integração entre a visão acadêmica e a visão de mundo cristã, que deve nortear nosso pensamento na academia”, explica o reverendo Meister.
A professora de Educação Infantil do Colégio Mackenzie de Brasília, Sandra Castor, foi uma das docentes que abraçou esse desafio com toda a dedicação. “Me lembro das primeiras reuniões, quando preparávamos o material para o maternal e o jardim e viajávamos a cada 15 dias para São Paulo. Era uma época que não tínhamos nada on-line. Fui autora dos livros de Arte e Música, que é minha área. Foi realmente um investimento do Mackenzie e um ponto muito positivo essa proposta inicial de eleger professores com experiência no próprio colégio para elaborar os conteúdos com base em nossa prática”, reconhece. Como avanço da proposta, o desenvolvimento também contou com o apoio de uma consultoria externa que se somou a um grupo de professores do próprio Mackenzie. O projeto deslanchou mesmo em 2005, sob orientação e coordenação do professor Solano Portela, com as diretoras dos Colégios Mackenzie — de maneira muito específica, a diretora da unidade Higienópolis, Débora Muniz, que liderou todo o processo.
Além dos próprios Colégios Mackenzie, que já adotavam o SME, as primeiras experiências práticas na Educação Infantil aconteceram em 2007 e 2008, com a introdução do método na Academia Cristã de Boa Viagem, no Recife (PE); no Instituto Presbiteriano de Educação, em Goiânia (GO); no Colégio Presbiteriano Reverendo Felipe Manoel de Campos, em Porto Feliz (SP); e no Colégio Presbiteriano de Tatuí (SP). “Foram os primeiros parceiros que aceitaram experimentar o SME, quando começamos a ter esse ‘campo de prova’ e também a chamar a atenção de novos parceiros”, revela Meister.
Expansão do conteúdo
Em 2008, foi lançado o material do SME para os anos iniciais do Ensino Fundamental, um trabalho cujo desenvolvimento contou com o apoio da Associação Internacional de Escolas Cristãs, dos Estados Unidos. No ano seguinte, nova etapa foi alcançada com o lançamento dos livros para o 4º e 5º anos do Fundamental. Naquele momento, que marcou o início das capacitações, o número de escolas que adotaram o SME já chegava ao total de 52, com 4.303 alunos. Para atender a novas dinâmicas de ensino, o projeto gráfico dos materiais também foi modificado, tornando-se mais inovador, contemporâneo e atraente ao explorar a linguagem infográfica e o uso de diagramas — etapa que marcou, em 2014, a conclusão da coleção para Ensino Fundamental.
O ano seguinte traria uma grande novidade: o selo Mackenzie Educacional. Márcia Régis, que atuou como revisora pedagógica dos materiais para o Ensino Infantil e Fundamental, assumiu, em 2011, a coordenação desse novo projeto. “Trata-se da versão do material para as escolas que não são confessionais. Ou seja, é direcionada para as escolas particulares, que desejam contar com a marca Mackenzie, cuja metodologia de ensino é sinônimo de excelência acadêmica”, explica a gerente. Logo de início, o material foi adotado por dez escolas.
O diretor de Estratégia e Negócios, André Ribeiro, comenta que o SME é um produto de fundamental importância por oferecer material didático confessional. “É uma forma de falarmos sobre nossa confessionalidade. As famílias dos estudantes têm nos procurado muito exatamente por isso”, afirma. Contudo, ele destaca que tanto o SME quanto o Mackenzie Educacional têm essa característica de agregar os princípios e os valores da Instituição. “Além de proporcionar a formação dos estudantes nas disciplinas convencionais, entendemos que esse material ajuda a complementar sua formação para futuras profissões e para o exercício pleno de sua cidadania”, completa o diretor.
Plataforma educacional
A partir da década de 2020, com a internet ganhando mais velocidade e os recursos tecnológicos se mostrando cada vez mais inovadores, o mercado educacional começou a construir as chamadas plataformas educacionais, ambientes digitais de aprendizagem que agregam múltiplas funcionalidades. Não foi diferente com o SME que, em 2024, atualizou a própria plataforma educacional e lançou a MackEnsina.
Essa nova dinâmica levou a um caminho natural, que foi a estruturação, no ano seguinte, de uma unidade de Negócios com a unificação de todos os setores do Instituto envolvidos nas etapas da produção do material (da editoração à distribuição). Ao longo desse tempo, os materiais e os conteúdos também passavam por atualizações contínuas, sempre buscando se adaptar às novas demandas educacionais. “Em 2020, o material foi atualizado para estar de acordo com os marcos regulatórios, sobretudo com a BNCC. E, em 2023, tivemos nova atualização, pelo mesmo motivo, para os materiais do Ensino Fundamental – Anos Finais e o Ensino Médio, atendendo às novas diretrizes do MEC”, aponta Márcia.
Sandra opina que o crescimento do SME e a aceitação pelo mercado é um fator que também impulsiona melhorias no conteúdo. “No ano passado, participei da revisão crítica do livro do Ensino Médio de acordo com a BNCC. A todo momento o Mackenzie procura saber com os professores como o material vem sendo apresentado em sala de aula”, informa. Para ela, esse crescimento também parte dessa prática dos docentes e é com satisfação que observa os resultados deste trabalho nesses 20 anos.
O reverendo Meister comenta que desde cedo foi percebido que o material do SME nunca poderia ser estático. Ao contrário, deveria ser sempre dinâmico. “O mercado tem suas demandas e o próprio conhecimento no fazer do material também demandava diferentes abordagens. Então foi uma tarefa de grande aprendizagem todo o processo de desenvolver o Sistema”, acrescenta.
Entretanto, a grande mudança, segundo Márcia, ocorreu em 2022 com a parceria com o grupo Somos Educação, que assumiu as áreas comercial e de logística. Isso impulsionou fortemente o crescimento do SME. “Foi um ganho exponencial”, declarou. Para completar, a atualização da plataforma MackEnsina trouxe uma interface dinâmica, com funcionalidades ampliadas e maior acessibilidade. Agora, o ambiente virtual de aprendizagem incorpora recursos como a Academia SME, área dedicada à formação de professores e gestores; o SME Cast, uma série de videocasts que abordam diversos temas; o MackEnem, com recursos e dados relacionados ao material do Exame Nacional do Ensino Médio; entre outros. O destaque é o Livro Digital Mackenzie, que reúne todos os livros didáticos em um único lugar para facilitar o acesso e a consulta.
Para a professora Sandra, a grande conquista do SME foi se manter firme na cosmovisão cristã, mesmo diante dessa expansão para tantas escolas. “É algo de que o Mackenzie não abre mão. E considero uma vitória conseguir manter o material de acordo com a proposta e o propósito com que foi feito, em conformidade com a base em que foi pensado lá no começo de tudo”, afirma. Para o reverendo Meister, ao fazer uma retrospectiva desses 20 anos do SME, sobressai o forte crescimento do projeto. “Começamos bem pequenos. Os próprios Colégios Mackenzie não eram tão grandes naquele tempo. E, em três anos após o lançamento, tínhamos cerca de 50 instituições e 4 mil alunos usando nosso material. Hoje chegamos a 530 escolas. Eu acredito que o Sistema Mackenzie de Ensino é a comprovação da importância de se conduzir com seriedade um projeto inovador”, conclui.