Ser uma inspiração para as pessoas é um dos sonhos de Samuel Lopes, o jovem de 17 anos que já coleciona títulos nas piscinas.
Fotos: Divulgação
Animação: Envato Elements
O Brasil é, reconhecidamente, um destaque nas piscinas de campeonatos mundiais, sejam os de natação, sejam nas Olimpíadas. Apenas nos últimos Jogos Pan-americanos, realizados no Chile, no ano passado, a modalidade alcançou 27 medalhas. Um nome começa a se destacar entre esses atletas consagrados, o de Samuel de Oliveira Lopes, nadador patrocinado pelo Instituto Presbiteriano Mackenzie (IPM). Com apenas 17 anos, o jovem já conquistou títulos nacionais e internacionais, além de ter sido convocado para a seleção brasileira júnior de natação no ano passado, quando tinha 16 anos.
Em 2023, além das categorias de base, o nadador disputou com adultos em campeonatos absolutos, conquistando suas primeiras medalhas nessas categorias, como no Troféu José Finkel, uma das seletivas olímpicas. Samuel conquistou ouro no 200 metros costas, bem como alcançou o melhor tempo brasileiro e o terceiro melhor tempo júnior do mundo na modalidade. Agora, o jovem está focado na busca por uma vaga nas Olimpíadas de Paris, que acontecerão entre julho e agosto deste ano.
Essa carreira de sucesso no esporte começou aos 5 anos por um motivo bem curioso. Baiano de Salvador, Samuel foi matriculado na natação pelos pais porque temiam os perigos que a proximidade com o mar representava. Três anos depois, ele já estava competindo em provas escolares. A mudança para São Paulo aconteceu aos 15 anos, quando Samuel foi matriculado do Colégio Presbiterano Mackenzie (CPM), onde teria início sua trajetória com o patrocínio do IPM. Entre um treino e outro no Esporte Clube Pinheiros, o jovem atleta falou sobre suas expectativas, rotina diária e relação com a família.
Balanço de 2023
“Foi o melhor ano da minha carreira até agora. Fiz 17 anos e, na natação, você vira júnior, e começa a participar de campeonatos mais importantes, absolutos, sem categoria definida. No primeiro campeonato que disputei, o Paulista, estava meio nervoso, queria nadar bem, mas logo de cara tive um bom resultado e isso me deu confiança. Depois, aconteceu a seletiva do Mundial Júnior e o troféu Brasil, que é um campeonato de todas as categorias, de todas as idades, ali ganhei uma medalha de bronze na prova 200 metros costas. Foi uma emoção para mim, minha primeira medalha em um campeonato absoluto. Com 17 anos, bati o recorde brasileiro da categoria e consegui a vaga para o Mundial Júnior.”
Principais competições de 2023
“Para mim, foi o Troféu José Finkel, em setembro. Eu nadei a prova 200 metros costas de novo e ganhei, fui o único atleta da América Latina a fazer um tempo abaixo de dois minutos. Conquistei o terceiro melhor tempo do mundo na minha categoria. Fiz o melhor tempo da América Latina, e o terceiro melhor tempo do Pan-Americano. No ano passado, teve o Campeonato Sul-Americano também, meu segundo sul-americano, no qual consegui baixar meus tempos e me tornei bicampeão, batendo mais recordes sul-americanos.”
Desempenho perante atletas adultos
“Participei de dois campeonatos absolutos em 2023. No primeiro, estava tranquilo, não estava pensando em pódio, medalha, nada disso, porque eu sabia que nadaria contra atletas mais experientes. Então, fiz minha prova e, quando percebi, estava lá como terceiro melhor atleta da prova. Estava comemorando mais que o primeiro colocado ali do meu lado (risos). Em setembro, eu já era medalhista, então, fui nadar a prova com outra mentalidade, pois sabia que estava brigando pelo pódio. Nessa época, estava mais treinado, então já cheguei pensando, ‘eu quero fazer minha prova, tenho que controlar bem, porque posso ganhar’. Quando venci, comemorei muito.”
Foco em um estilo
“Antes eu treinava borboleta, costas e crawl. Com isso, as três modalidades ficavam boas, mas nenhuma ótima. Como havia os campeonatos absolutos, seletivas e até mesmo as próprias Olimpíadas deste ano, busquei focar em um estilo para me tornar profissional nele. Não esquecendo os outros, mas priorizando um. Comecei a treinar só costas basicamente e continuei nadando as outras provas. Mas o estilo costas foi o principal. Com isso, fui abaixando os tempos, batendo o recorde brasileiro. Foquei mais nesse estilo, na técnica e foi melhorando muito.”
Rotina de treinos
“Estou treinando de segunda a sábado na piscina, mas também treino na academia às segundas, terças, quintas e sextas-feiras. Além das dobras, que são treinos de madrugada e de manhã, às segundas, terças, quintas e sextas-feiras. Então, às segundas, terças, quintas e sextas-feiras, tenho três treinos: dois de piscina e um de academia. A quarta-feira é o dia mais ‘tranquilo’.”
Olimpíadas de Paris
“Estou bem confiante para as Olimpíadas. A seletiva vai ser no Rio de Janeiro (em maio) na piscina da aeronáutica, que é muito boa. Vejo como meu momento, estou novo ainda e baixando meus tempos. Também penso que, nas próximas Olímpiadas, terei 22 anos, e ainda tenho muito tempo para treinar e me esforçar. Lógico que o sonho, agora, é ir para Paris, mas também fico tranquilo para não colocar essa pressão toda na minha cabeça.”
NTAI/Mackenzie
Apoio da família
“Minha família me ajuda para eu não enlouquecer (risos), eles auxiliam nessa conciliação entre treinos, estudo, viagens etc. Minha família me dá esse suporte e fico tranquilo, confiante para me divertir acima de tudo, nadando, na escola com meus amigos. Porque o Colégio é muito importante para mim de diversas formas, até porque, estudando, aprendo muito sobre meu corpo, sobre nutrição...”
Como conciliar a rotina de treinos com os estudos
“É bem difícil, por conta dos treinos. Chego da escola, almoço e já saio. Às vezes, é difícil estudar em dia de semana, então, para conciliar, estudo no fim de semana. Às vezes, assisto a videoaulas, leio livros no carro. Minha irmã me ajuda nos estudos, ela já está na faculdade, no Mackenzie também, então me ajuda em algumas matérias que ela tem mais facilidade. Meus pais também me ajudam muito, às vezes ‘ensino’ para minha mãe para fixar o assunto melhor. História é minha matéria favorita. Eu gosto de algumas áreas da Biologia também, para estudar o funcionamento do corpo humano.”
Sonhos para 2024
“Neste ano, o sonho são as Olimpíadas de Paris, principalmente com 18 anos, representando o Brasil, o Mackenzie: nadar bem na seletiva e poder ir para as Olimpíadas em julho. E o sonho de carreira é ser campeão mundial, olímpico, bater os recordes mundiais e o principal: ser um exemplo. Acho que está faltando isso, o exemplo de atleta que é focado, disciplinado e que não fica fazendo besteiras. Meu sonho é ser um exemplo para as pessoas verem que é um caminho possível, não é o caminho mais fácil, mas há um caminho no qual você consegue ter sucesso, não só no esporte mas na vida, mantendo o foco e a responsabilidade. Sempre busco ser um exemplo para meus colegas, exatamente para, quando eles me olharem no futuro sendo campeão olímpico, campeão mundial, eles falarem: ‘estudei com esse cara e ele realmente é diferente e esforçado’.”