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O Centro de Radioastronomia e Astrofísica do Mackenzie (CRAAM) está nos ajustes finais para colocar em pleno funcionamento o High Altitude THz Solar Photometer (HATS), considerado o primeiro aparelho para medição solar de faixas infravermelhas. O telescópio foi construído em parceria com a Universidad Nacional de San Juan e está localizado na Argentina. O Na Lupa! conversou com o pesquisador do CRAAM, Guillermo Giménez de Castro, para conhecer os detalhes da operação.
O pesquisador explica que o telescópio é o primeiro construído no mundo para investigar diariamente a atividade solar em uma frequência infravermelha média, em 20 micrômetros de comprimento de onda, visto que a luz é uma onda eletromagnética. “Essa região do espectro da luz tem sido pouco explorada pelos astrônomos”, aponta Guillermo de Castro. Ele ressalta que o aparelho é um “fotômetro” e registra apenas a intensidade na região espectral selecionada, sem fazer imagens.
A faixa pesquisada está bem abaixo daquela que o olho humano consegue perceber, portanto, só pode ser captada por aparelhos. Os dados coletados pelo centro permitirão melhor análise da atividade do Sol, principalmente para o acompanhamento das explosões solares. “O CRAAM investiga a origem das explosões solares, eventos transientes de liberação de energia repentina numa região compacta da superfície do Sol. Essa região espectral, em particular, nunca foi observada anteriormente”, aponta o pesquisador.
As explosões solares costumam ter pouco impacto no dia a dia na Terra. Mas, à medida que a tecnologia fica mais exposta ao espaço exterior, como comunicações, GPS e outras, esses eventos solares começam a ser importantes. A empresa Starlink perdeu 40 satélites (de 49 lançados simultaneamente) por culpa de uma explosão solar bastante moderada.
Com o HATS será possível complementar as observações e os dados já produzidos por outros telescópios em comprimentos de ondas diferentes, permitindo aos pesquisadores melhor compreensão das explosões solares. “Sempre que se observa uma região espectral nova, aparecem fenômenos novos que interpelam nosso conhecimento anterior. Nós conseguimos algumas respostas em troca de novas perguntas”, afirma Castro.
A construção do telescópio envolveu uso de tecnologia desenvolvida pelo Mackenzie: a parte eletrônica de leitura e digitalização dos sinais, incluindo sensores de temperatura, além dos softwares de controle, foram montados e desenvolvidos no CRAAM. Outras partes do aparelho foram importadas ou construídas por pesquisadores parceiros.
O HATS localiza-se na Estação Carlos Cesco do Observatório Astronômico Félix Aguilar, na província de San Juan, na Argentina. A escolha do local também foi importante para melhor captação dos dados. “As condições no observatório argentino não são encontradas em lugar nenhum do Brasil. A altura (2.500 m acima do nível do mar) reduz a absorção atmosférica, tornando o céu mais transparente para essa banda espectral, e o clima desértico garante mais de 300 dias de céu sem nuvens por ano”, explica.
Guillermo de Castro conta que os dados iniciais apontam que o processo de construção está próximo da conclusão. “Foi realizada uma medida da intensidade fazendo uma passagem do telescópio na frente do Sol, chamada de ‘varredura’, que permitiu verificar a qualidade óptica. Por enquanto, são resultados que nos deixam tranquilos de saber que tudo está funcionando corretamente e de acordo com o esperado”, celebra.
Todavia, um percalço surgiu recentemente: os pesquisadores do CRAAM estão avaliando novas proteções para o telescópio, pois o domo que foi colocado não resistiu aos fortes ventos que atingiram a região. O HATS necessita de uma proteção especial e não pode pegar chuva.
“Quando estiver pronto o novo domo, faremos a instalação definitiva e depois começará a fase de comissionamento em que se corrigem erros menores, se desenvolvem os procedimentos de calibração final dos dados etc.”, aponta Castro.
Além do CRAAM e da Universidad Nacional de San Juan, o HATS foi construído com a colaboração do Instituto de Ciências Astronômicas de la Tierra y del Espacio (ICATE).
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O Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo é celebrado em 2 de abril, com objetivo de promover a conscientização e a compreensão sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA), uma condição neurológica que afeta a capacidade de comunicação, interação social e comportamento de milhões de pessoas em todo o mundo. Por conta da data, o Na Lupa! conversou com a professora geneticista Liya Regina Mikami, da Faculdade Evangélica Mackenzie do Paraná (FEMPAR), que trabalha há muito tempo com a genética do autismo, tentando entender melhor quais genes mutados aumentam a susceptibilidade para o desenvolvimento do transtorno.
Estima-se que existam hoje, somente no Brasil, mais de 2 milhões de autistas. Em razão dessa alta incidência no contexto atual, o autismo tornou-se tema de estudo para muitos pesquisadores. “Nossa grande vantagem é que, com o Hospital Universitário Evangélico Mackenzie (HUEM), temos metodologia e pacientes para que possamos trabalhar e encontrar muitas respostas para uma condição que afeta milhares de indivíduos atualmente”, conta Mikami.
Mikami comenta que na FEMPAR, graças ao HUEM, que possui um ambulatório de Neuropediatria coordenado pela dra. Mariane Wehmut, a equipe pôde recomeçar as pesquisas. Atualmente, são dois projetos desenvolvidos dentro da linha de autismo.
O primeiro projeto é sobre farmacogenômica do autismo. A professora explica que um dos medicamentos mais prescritos para tratar a agitação como sintoma do TEA é a risperidona, porém ela não se mostra eficaz em todos os casos, com a existência dos pacientes chamados de irresponsivos. “Acreditamos que essa ineficácia do medicamento seja por causa de uma variante genética no gene que codifica a enzima que faz sua metabolização, o CYP2D6.”
Assim, o estudo busca analisar a presença de variantes genéticas em um grupo de pacientes cujo tratamento com risperidona não foi efetivo e um grupo de pacientes que respondeu bem ao medicamento, comparando as variantes encontradas em busca de uma correlação.
O segundo projeto é relacionado à microbioma intestinal e visa identificar os tipos de bactéria encontrada na flora intestinal dos pacientes com autismo e seus irmãos sem autismo. “Vários trabalhos têm indicado que a presença de determinadas bactérias predispõem ao desenvolvimento do TEA. Assim, queremos comparar pacientes e seus irmãos que possuem a mesma dieta e ver se existe diferença na composição da microbiota intestinal”, comentou Mikami.
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O plástico é um dos materiais mais utilizados no mundo, porém, por causa de sua constituição, tornou-se um problema ambiental. Apesar de ser uma solução para minimizar esse cenário, a reciclagem pode apresentar limitações. De acordo com o pesquisador do Instituto Mackenzie de Pesquisa em Grafeno e Nanotecnologias (MackGraphe) e professor da Escola de Engenharia (EE) da UPM, Guilhermino Fechine, o plástico sofre um processo de envelhecimento. O pesquisador tem desenvolvido estratégias para evitar esse processo, utilizando métodos que acrescentam o grafeno nos materiais plásticos. O Na Lupa! conversou com Fechine para entender a investigação. “Nosso grupo de pesquisa visa coletar e recuperar as propriedades perdidas dos plásticos após uso e descarte. Para tal, utilizamos o grafeno e seus derivados para, além de recuperar propriedades, agregar novas características”, apontou o pesquisador mackenzista.
De acordo com Fechine, os novos processos pesquisados garantem melhor reciclagem do plástico, uma vez que o grafeno possui características que, quando associadas ao plástico, permitiriam melhores utilizações dos novos materiais. “Podemos assim dar novas aplicabilidades a esses materiais, muitas vezes até mais tecnológicas do que o material que havia sido usado”, disse.
A reciclagem de plástico usando grafeno é um dos projetos disponíveis na Vitrine Tecnológica, plataforma que pretende dar visibilidade a projetos de pesquisa e desenvolvimento de novas patentes realizados na UPM. Os interessados em ampliar o desenvolvimento dessa pesquisa podem entrar em contato com o Núcleo de Inovação Tecnológica (cit.nit@mackenzie.br) ou com a Coordenadoria de Inovação Tecnológica (cit@mackenzie.br).
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Entre 2021 e 2022, os casos de feminicídio cresceram 5%, com 1,4 mil mulheres mortas nesse período (segundo dados do portal G1). A Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos registrou, no primeiro semestre de 2022, 31.398 denúncias e 169.676 violações envolvendo a violência doméstica contra mulheres.
Os dados alarmantes foram a motivação para Iara Mola, doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGL) da UPM, dedicar-se à pesquisa que analisa o discurso presente nos relatos de vítimas de violência doméstica.
O Na Lupa! conversou com ela sobre a pesquisa “O discurso da violência contra mulher na perspectiva das vítimas: um estudo semiótico-discursivo”, que analisa o tema sob perspectiva linguística. A ideia é utilizar os conceitos da análise do discurso para compreender padrões e regularidades nos relatos das mulheres que foram vítimas desse tipo de crime — o que se insere no viés da violência que nem sempre é física ou psicológica, mas também acontece no âmbito das palavras.
O foco do estudo é sempre o relato da vítima, para o qual foram selecionados 24 relatos de mulheres que foram agredidas por seus companheiros, publicados em uma página do Instagram, chamada Sobrevivendo ao abuso. O que a pesquisadora observou foi que havia muitos pontos em comum entre as histórias. Com base nisso, Iara viu a possibilidade da existência de um ciclo de violência discursiva sofrida por essas mulheres. De acordo com Iara Mola, a pesquisa possui um caráter educativo, pois os relatos publicados nas redes sociais servem como uma forma das vítimas contarem o que sofreram, mas também possui um caráter de alerta para outras mulheres. Além disso, a pesquisadora acredita que a área da Linguística pode dar excelentes contribuições no combate à violência contra a mulher, principalmente porque a sociedade tornou-se mais atenta com preconceitos e formas diversas de violência. A tese de Iara Mola é orientada pela professora do PPGL, Diana Barros, e foi aprovada na qualificação.