Colégios Mackenzie se destacam por iniciativas de ensino-aprendizagem que buscam promover o desenvolvimento pleno dos estudantes, respeitando sua individualidade em cada um dos estágios de suas vidas.
Fotos: NTAI/Mackenzie
Desde que foi criado, o Colégio Presbiteriano Mackenzie (CPM) segue uma trajetória de contínuas inovações no Ensino, sempre procurando atender de modo pleno os alunos. O foco é prezar pela identificação de suas habilidades e competências para cultivá-las e expandi-las, considerando as demandas dos estudantes e da sociedade, oferecendo uma educação ampla e preparando-os para serem agentes de mudanças. “O maior propósito dos Colégios é preparar seus estudantes para a vida, estabelecendo bases para a aquisição de uma grande variedade de habilidades, em um ambiente acolhedor e cuja infraestrutura favoreça as aprendizagens”, declara a superintendente de Educação Técnica e Básica (SUPEB) do Instituto Presbiteriano Mackenzie (IPM), Márcia Braz.
Estas são as diretrizes estabelecidas para todas as unidades do CPM, atualmente localizadas em São Paulo (Higienópolis), Tamboré (Alphaville), Brasília (DF), Palmas (TO) e Castro (PR). Contudo, cada unidade do Colégio também adota iniciativas arrojadas, visando promover uma verdadeira transformação no processo de ensino-aprendizagem. Nesta reportagem especial, apresentamos alguns desses diferenciais e projetos.
Educação 5.0
A Educação 5.0 está relacionada ao conceito de Sociedade 5.0, que surgiu no Japão em 2016. A ideia é pensar na tecnologia não apenas como uma ferramenta para aumentar a produção, mas como forma de oferecer melhor qualidade de vida. Aplicada à área educacional, o conceito se traduz em termos como ensino por competências, metodologias ativas, inteligência artificial, cultura maker e competências socioemocionais. Além disso, a Educação 5.0 está pautada no desenvolvimento socioemocional como um complemento importante e humanizador. O conceito da Educação 5.0 é citado na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para a Educação Infantil, destacando que o aluno deve ser capaz de exercer uma postura ativa perante as tecnologias digitais desde cedo, sabendo produzir conteúdo nesse ambiente.
Um exemplo de aplicação vem da unidade do CPM Higienópolis, com a disciplina eletiva “Nanotecnologia e MackGraphe”, destinada aos alunos da 3ª série do Ensino Médio e fruto de uma parceria com o Instituto Mackenzie de Pesquisas em Grafeno e Nanotecnologias (MackGraphe). Para o diretor de Ensino, Pesquisa e Inovação, dr. Carlos Cesar Bof Bufon, nessa disciplina os alunos adquirem base para compreender o princípio da pesquisa. “Eles entendem como a matéria na nanoescala pode ser manipulada e aplicada em soluções que impactam a sociedade, melhorando a qualidade de vida das pessoas” explica o diretor.
Novas oportunidades curriculares
O CPM São Paulo disponibiliza aos alunos dos segmentos do Ensino Fundamental II e Médio os Programas Curriculares Eletivos. As disciplinas eletivas são extracurriculares e não fazem parte do currículo básico do curso em que o aluno está matriculado. Elas têm por objetivo diversificar o currículo, proporcionando aos estudantes experiências culturais, tecnológicas, científicas e preparação para a vida adulta, profissional e acadêmica. São elas: Educação Financeira, Nanotecnologia e Teatro. Além dessas, há uma eletiva com foco na preparação para o vestibular, a MACKVEST, que vai promover a interação do aluno com conceitos e materiais diferenciados que possibilitam a resolução de situações-problema de alta complexidade típicas de exames vestibulares.
De acordo com a diretora do CPM São Paulo, Márcia Regis, os Programas Curriculares Eletivos, apesar de serem comuns no Ensino Superior em diversas instituições, são uma novidade para o Ensino Médio e Ensino Fundamental II. Apesar disso, elas estão previstas na legislação e integradas à BNCC.
Novo método avaliativo
O sistema de avaliação do CPM conta com a aplicação de três diferentes modelos: a sondagem, a formativa e a somativa. Isso permite que o aluno seja avaliado de modo integral, valorizando-o em suas diferentes habilidades e competências, além de compreender suas dificuldades e necessidades. A assessora pedagógica do CPM Tamboré, Andréa Fanton, destaca que isso traz benefícios para todos que estão envolvidos no processo, promovendo uma constante reflexão da prática educacional cotidiana. “A avaliação de sondagem é importante para levantar aquilo que o aluno já sabe e quais são suas necessidades. A partir disso, pode-se estabelecer estratégias para que as defasagens sejam resolvidas. Já a avaliação formativa trata-se de um conjunto de práticas contínuas que utiliza diferentes instrumentos para medir, de maneira profunda e individual, o processo de ensino e aprendizagem. A participação do estudante é avaliada nessa modalidade. Por outro lado, a avaliação somativa é focada no desempenho escolar do discente como um todo e, geralmente, acontece quando se encerra um ciclo”, explica a assessora.
Projeto Inspirar
Para complementar a didática rotineira da sala de aula e unir as competências gerais estabelecidas pela BNCC aos valores humanos e princípios cristãos, os professores do CPM Brasília criaram, há três anos, o Projeto Inspirar: Referenciais Consolidar, realizado com os estudantes do Ensino Fundamental I e II. Elaborada com a missão de promover virtudes e exemplos positivos às crianças, a proposta acontece durante os oito anos da formação, sendo organizada em duas fases principais: na primeira parte do Ensino Fundamental chama-se Inspirar e na segunda é denominado Referenciais Consolidar.
A proposta é aplicada em três etapas — uma para cada trimestre —, nas quais são trabalhados os princípios confessionais e sociais em três momentos: conhecendo a virtude, desenvolvendo a virtude e a viabilização de ações práticas. Em cada uma dessas etapas, o projeto abordará uma virtude com uma variedade de recursos e metodologias por meio de atividades individuais e em grupo que levam à reflexão sobre as práticas cotidianas. Por meio de jogos, músicas, fábulas e obras de arte, o tema será conceituado de maneira que atraia o interesse das crianças, ao passo que são tratadas as perspectivas bíblicas sobre o assunto. Em todas as fases, os tópicos são trabalhados de acordo com as propostas da BNCC. Ademais, os professores promovem tarefas para aplicar o que está sendo estudado no cotidiano dos estudantes e os faça compreender a importância das tradições.
Didática do afeto
Outro inovador projeto do CPM de Brasília (CPMB) foi colocado em prática recentemente: a didática do afeto na Educação Infantil, por meio da qual os docentes fundamentam sua metodologia na compreensão dos relacionamentos e nas particularidades da criança. O método permite identificar o perfil de cada aluno e, a partir disso, promover dinâmicas que cooperem com seu desenvolvimento. Adicionalmente, torna o ambiente escolar acolhedor e provocador na medida certa, possibilitando um progresso constante no aprendizado.
Gestos de acolhimento e afeto entre professores e alunos, fundamentais para o desenvolvimento pleno infantil
Essa abordagem é fundamentada no conceito da Zona de Desenvolvimento Iminente ou Proximal (ZDP), proposta pelo psicólogo russo Lev Vygotsky (1887-1934). A ideia determina que as estruturas de aprendizagem acontecem por meio das interações sociais do ponto de vista da construção do conhecimento.
O conteúdo das atividades está alicerçado na didática do afeto para incentivar o interesse dos pequenos de acordo com os aspectos únicos da personalidade de cada um. O grande desafio está no planejamento de uma abordagem minimamente comum que considere a heterogeneidade presente nessas turmas. “Cada pessoa carrega uma bagagem única e particular com base em sua estrutura biológica, psicológica, social e cultural”, explica a orientadora educacional Dayana Garcia, responsável pela orientação entre os responsáveis e as mais de 300 crianças que compõem a Educação Infantil do CPMB.
Atenção ao desenvolvimento infantil
No CPM São Paulo, a preocupação dos educadores é enxergar cada criança como única, com características individuais que proporcionam diferentes modos de aprender e de se desenvolver. Isso é parte da visão de mundo que reconhece que cada indivíduo é criado à imagem e semelhança de Deus e, portanto, deve ser respeitado, motivado e desafiado, a fim de que suas habilidades sejam valorizadas.
Para que seja pleno, o desenvolvimento infantil, que engloba o ser como um todo, deve ser compreendido numa perspectiva na qual a infância e seus estágios sejam realizados a fim de respeitar a criança em seu tempo de aprendizagem e necessidades. O objetivo é despertar em cada aluno seu potencial e fortalecer as bases para uma aprendizagem saudável e segura. Isso é realizado por meio de interação e brincadeira, que são direitos de aprendizagens, consideradas eixos estruturantes na Educação Infantil. É por meio do brincar que a criança cria e experimenta hipóteses, estabelece relações, expressa seus conhecimentos e, com isso, constrói novas conexões.
O papel do professor, assim, é mediar e favorecer o ambiente, criando situações de investigação, de descoberta e de questionamentos. Os professores do Mackenzie têm o olhar atento para as habilidades já consolidadas dos alunos para então incentivar as que estão em curso de desenvolvimento por meio de estratégias pedagógicas. Para isso, é utilizado o Sistema Mackenzie de Ensino (SME) para organizar e sistematizar o conhecimento, apoiado na BNCC.
Projeto Mãos Dadas
O projeto Mãos Dadas é uma das respostas que o CPM Brasília internacional estruturou pensando nos impactos já diagnosticados dos primeiros meses de retorno às atividades educacionais presenciais, terminado o estágio crítico da pandemia. Em diálogo com familiares, estudantes, professores e colaboradores, por meio da observação do ecossistema escolar da Instituição, a equipe gestora colocou em prática o programa que estabelece a atenção humanizada aos frequentadores do campus para além das rotinas e obrigações do dia a dia. A ideia é contribuir para aumentar a qualidade de vida das pessoas e reduzir o nível de estresse.
Com o Mãos Dadas, alunos, docentes e colaboradores farão justamente a desconexão com essas perspectivas, separando algumas horas semanais (no período comercial), para a dedicação exclusiva a atividades físicas, relacionamento com os colegas, interação com projetos e ações que não tenham relação direta ou indireta com o cotidiano de trabalho ou com a rotina de aulas e o envolvimento com produções artísticas.
Todas essas iniciativas partem da consciência do papel fundamental dos educadores no desenvolvimento dos jovens. Estar atentos às necessidades das crianças e dos adolescentes é, sim, uma atribuição da escola, mas uma pesquisa recente destaca o papel fundamental de mães/cuidadores como porta de entrada para o sistema de tratamento para crianças e jovens com transtornos psiquiátricos. O levantamento foi elaborado por pesquisadores da Inglaterra e do Brasil, entre eles a professora de Psicologia Cristiane Silvestre de Paula, do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS) da UPM campus Higienópolis.
O total de 1.400 famílias de crianças e jovens (10 a 19 anos) de São Paulo e Porto Alegre foram seguidas por um período de quatro anos, como parte dos estudos ”High risk cohort study for psychiatric disorders” e “APPLAUSE”, do Reino Unido. Dados das pesquisas revelam que de 13% a 20% desse público no Brasil e no mundo têm algum transtorno psiquiátrico e somente um terço recebe atendimento formal (psicólogo, psiquiatra, entre outros). A professora mackenzista pontua que a falta de estrutura é uma das principais barreiras para a assistência formal no mundo e é difícil ser modificada por depender de verba e planejamento de políticas públicas.