Autor e palestrante sobre as realizações de Marechal Rondon, o conselheiro Maurício Meneses recebeu homenagem na Assembleia Legislativa de São Paulo por seu trabalho voltado ao desenvolvimento socioeconômico e cultural.
Tudo começou com uma coleção de selos sobre a vida do Marechal Candido Rondon. Em maio, o membro do Conselho Deliberativo do Instituto Presbiteriano Mackenzie (IPM), Maurício Melo de Meneses, foi homenageado na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). E, recentemente, o conselheiro lançou a terceira edição de um livro filatélico dedicado às realizações daquele que é considerado um do maiores heróis nacionais. Entretanto, para entender esta história vamos voltar ao princípio — com a coleção de selos de padrão internacional, que foi, inclusive, premiada em uma das maiores exposições mundiais, realizada na China.
Como membro de diferentes clubes filatélicos, Meneses, com apoio do Mackenzie, trabalhou para que os Correios produzissem seis selos em homenagem aos 150 anos de Rondon, celebrados em 2015. O lançamento estadual, no IPM, incluiu uma exposição de objetos vindos da Secretaria Estadual de Cultura do Mato Grosso, bem como itens particulares do Marechal, conseguidos por intermédio da Associação dos Amigos de Rondon. Assim, o movimento foi ganhando força. Primeiro com uma série de palestras no Mackenzie com o jornalista e diretor Cacá de Souza, que produziu dois documentários sobre o personagem. E, em maio de 2022, com o lançamento do livro Rondon, o marechal da paz — A vida de um herói nacional contada por meio da Filatelia, de Maurício Meneses.
Com tiragem inicial de 5 mil exemplares, a obra foi o start de uma série de palestras, que começou pelo Colégio Militar de São Paulo, estendendo-se por oito estados, onde há unidades do Colégio Mackenzie. “A proposta inicial era somente escrever um livro, mas tive a ideia de criar concursos de redação, no intuito de contribuir para melhorar o grave problema que temos nas escolas brasileiras com a língua portuguesa. O Brasil está na 54ª posição entre 65 países no Índice Pisa, que mede, entre outros quesitos, o desempenho escolar no idioma pátrio. Isso sem contar que cerca de 15% dos participantes do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) tiram zero em redação”, explica Meneses.
A ideia começou a ser colocada em prática nas unidades do Mackenzie de todo o Brasil, sendo depois levada para os colégios militares, entre outras instituições parceiras. No dia da premiação dos autores das melhores redações, Meneses era convidado para apresentar uma palestra sobre a vida e a obra de Marechal Rondon, na qual entregava exemplares de seu livro aos agraciados. Assim, de maio de 2022 a dezembro de 2023, foram envolvidas nesse programa 18 escolas, incentivando-as também para que outros temas fossem alvos de novos concursos no futuro — o que foi muito bem aceito por elas.
A segunda edição do livro nasceu da parceria com a Secretaria Estadual de Cultura do Mato Grosso, com tiragem de 2.200 exemplares. O intuito era distribuir os exemplares nas escolas municipais, também por meio de concursos de redação, visando incluir a obra no acervo das bibliotecas. Ao mesmo tempo, a programação de palestras teve continuidade, envolvendo 33 locais que não estavam vinculados à realização de concursos, a exemplo da Academia Militar de Agulhas Negras, no Rio de Janeiro. Mais de 10 mil pessoas tiveram acesso a esse conteúdo.
O passo seguinte foi levar as apresentações para as faculdades, começando pela Faculdade Evangélica de Medicina do Paraná (Fempar), mantida pelo Instituto Presbiteriano Mackenzie. “Rondon foi um menino que tinha tudo para dar errado. O pai morreu cinco meses antes de seu nascimento e a mãe dois anos e meio depois. Ele morava em um lugar muito pobre, no interior do Mato Grosso. Mas superou tudo isso e se tornou engenheiro, também se graduou em Ciências Físicas e Naturais e em Matemática. Aprendeu quatro idiomas”, resume Meneses para sintetizar a história de vida de um homem que pode ser considerado um herói nacional por seus incríveis feitos pelo país. Rondon, inclusive, foi o único brasileiro a ser indicado várias vezes para o Prêmio Nobel, uma delas por ninguém menos que o próprio Albert Einstein.
Isso explica por que uma palestra sobre o Marechal se encaixa perfeitamente em qualquer curso, desde o Ensino Fundamental até os mais diversos programas de graduação nas faculdades brasileiras. “Ele aprendeu com seu mestre, Benjamin Constant, três principais valores: o amor, a ordem e o progresso”, acrescenta o palestrante, que leu nada menos que 24 livros sobre o personagem.
Agora, com o lançamento recente da terceira edição de seu livro, Meneses comemora a apresentação realizada em Brasília, para uma audiência de 1.640 pessoas, no encerramento da Semana das Comunicações, área da qual Rondon é patrono. E também para 440 alunos da Academia Militar de Agulhas Negras. Além de celebrar e tornar conhecida a vida, a obra e as realizações de um dos ícones da história nacional, Meneses ainda divulga o verbo “rondonear”, cunhado pelo sociólogo Darcy Ribeiro, para definir as pessoas que se comportam de maneira ética e justa e que, assim como o Marechal, realizam grandes feitos, mas que, em suas palavras cobertas de modéstia e humildade, apenas “fizeram o que qualquer um poderia fazer, basta querer”.
Homenagem
A homenagem da Alesp aconteceu em 6 de maio, quando Meneses, em sessão solene, recebeu o Colar de Honra ao Mérito do Estado de São Paulo. A cerimônia contou com a presença de diversas autoridades mackenzistas, políticas e militares. “Fiquei muito feliz por receber essa condecoração. Eu dedico essa medalha para Marechal Rondon, porque ele foi e é um exemplo para todo brasileiro”, destacou.
Entregue por iniciativa do deputado estadual Lucas Bove, o colar é a mais alta honraria concedida pelo Estado de São Paulo às pessoas que têm contribuído para o desenvolvimento social, econômico e cultural paulista. A cerimônia também celebrou o Dia das Comunicações do Brasil, comemorado no dia em que Marechal Rondon faria 159 anos. “É um dia muito especial para o Brasil, para lembrar a memória, a saga, a vida e a dedicação de Rondon para nossa pátria”, apontou o conselheiro mackenzista. Durante a cerimônia, foi anunciado um concurso de redação entre as escolas públicas do estado sobre a vida de Marechal Rondon. Entre os prêmios para os melhores escritores, está previsto uma bolsa de estudos na Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM).
Rondoneando em família
Se Rondon inspira pessoas por suas realizações e caráter, os valores de uma boa educação familiar também podem produzir os mesmos efeitos. Foi com essa excelente influência dos pais que, há sete anos, o economista e empresário Maurício Meneses Filho, primogênito do conselheiro mackenzista, se envolveu com o trabalho do Instituto Ethnos Brasil, associação sem fins lucrativos que tem por objetivo a capacitação teológica básica de nativos e o plantio de igrejas entre os povos menos alcançados pelo evangelho no mundo.
Mestre em Teologia, ele está atualmente engajado em um projeto no continente africano, voltado ao ensino bíblico em comunidades localizadas em regiões muito pobres, onde ainda não há seminários. A proposta é levar conhecimentos a pastores, evangelistas, líderes cristãos e demais interessados, mas sem um viés religioso específico desta ou daquela ramificação cristã. Com seis anos de atividade, o Instituto atua em 14 localidades, distribuídas em 11 países: Brasil, Malawi, Tanzânia, Burkina Faso, Níger, Mali, Benin, Nepal, Índia, Butão e Timor-Leste. “Ensinamos teologia reformada, em linguagem simples para que todos possam entender”, explica Meneses Filho. A ação vai muito além. Nesses locais, os missionários ajudam a construir poços artesianos, sistemas de captação de energia solar, construção de casas e templos, cuidado integral de refugiados cristãos e doação de bíblias, entre outros benefícios estruturais, incluindo a doação de equipamentos de trabalho. “Nosso objetivo é ajudar essas famílias, zelar por eles”, declara o missionário.