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Programa da UPM investiga vínculos entre mãe e filho e sua relação com o desenvolvimento cognitivo.
Os primeiros meses de vida são decisivos para a vida de qualquer pessoa. Todos nós fomos bebês e vivemos em ambientes diferentes, recebendo diversos estímulos de pais e familiares. A ciência acredita que essa rotina de cuidados e atenção influencia o desenvolvimento cognitivo humano. Como resultado, fatores como inteligência, equilíbrio emocional, habilidade de resolver problemas e capacidade de enfrentar situações de estresse na vida adulta podem ter, em suas raízes, o que a pessoa viveu em seus primeiros meses de existência — inclusive o toque físico da mãe. Para entender melhor essa relação, a Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) lançou o Programa Bebê Cientista.
A iniciativa está vinculada ao Programa de Pós-graduação em Distúrbios do Desenvolvimento (PPGDD), do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS), no campus Higienópolis. A coordenadora do Bebê Cientista, professora Ana Osório, explica que o contato físico é inato aos seres humanos, isto é, tocar outras pessoas é algo que todos nós fazemos desde o nascimento, sem que ninguém tenha nos ensinado. No início da vida, a mãe é figura central desse processo; por isso, não é incomum encontrar bebês que só conseguem adormecer no colo materno, por exemplo. Pensando nisso, o Programa Bebê Cientista propõe investigar as relações existentes entre o vínculo físico entre mães e filhos e o desenvolvimento cognitivo das crianças. A pesquisa já está em andamento e está aberta à participação de famílias voluntárias.
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Por que existe o colo
Dor física, medo, desamparo. São muitas as sensações que, na primeira infância, parecem ter como único remédio o colo de uma mãe ou de outro cuidador central. E a ciência explica as razões disso. “Em bebês, o toque físico ajuda não só a aliviar o estresse que eles possam sentir como também lhes oferece a calma que eles precisam para novas aventuras e aprendizagens”, explica a professora de Psicologia do CCBS.
Bebês são seres totalmente dependentes de seus cuidadores e por isso, do ponto de vista deles, há uma relação direta entre o colo e a sobrevivência. Em situações críticas, o contato físico com os pais indica que tudo está sob controle, e com o tempo a criança compreende que, se há colo, não existem razões para se preocupar.
Esses primeiros relacionamentos também são responsáveis por ensinar as crianças sobre o contato com os outros de forma geral. “O ser humano procura o contato físico desde o nascimento. Esse contato proporciona bem-estar e contribui para a formação de vínculos entre as pessoas”, afirma Osório.
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Bebês na ciência
O Programa Bebê Cientista busca expandir o conhecimento científico sobre as relações entre toque materno e desenvolvimento cognitivo dos filhos — isto é, a forma como o cérebro deles amplifica a própria capacidade. Em sua jornada, a equipe do CCBS buscará compreender como crianças de até 1 ano interpretam o toque que recebem da mãe e quais áreas do cérebro são ativadas quando são tocadas pela genitora em comparação com uma pessoa não familiar. Os pesquisadores também devem investigar como as diferentes formas de interação são capazes de melhorar a maneira com que os bebês enfrentam situações de estresse.
“A ideia é entender como se dá o fenômeno de sincronia cerebral, cardíaca e comportamental entre mãe e bebê, ou seja, quanto os padrões de funcionamento do cérebro, os ritmos cardíacos e os movimentos físicos da mãe e do bebê ficam alinhados, síncronos, quando se tocam”, sintetiza a professora.
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Uma pesquisa para o mundo
O Programa Bebê Cientista está em fase de coleta de dados. Por isso, a equipe precisa de famílias voluntárias, com bebês de até 6 meses no início da pesquisa. O estudo é realizado em três encontros com as famílias, aos 6, 10 e 12 meses da criança.
Ana Osório convida as mães que se interessaram pela pesquisa e destaca que todo o processo é seguro. “Este é um projeto concebido por uma mãe, pesquisadora do neurodesenvolvimento, e desenvolvido com o suporte de uma equipe de pesquisadoras altamente dedicada e profissional. Cada etapa do projeto foi pensada para proporcionar o máximo conforto às mães e aos seus bebês”, destaca.
Vale lembrar que o time que integra o Programa Bebê Cientista é inteiramente feminino, formado por dez mulheres. As pesquisadoras são psicólogas e fisioterapeutas em diferentes níveis da carreira. Há desde pesquisadoras de iniciação científica, que cursam a graduação, até alunas de pós-doutorado.
O perfil ativo no Instagram indica outra característica do Bebê Cientista: sua relação com o mundo além dos muros da Universidade. Ana Osório adianta que a pesquisa e suas descobertas serão amplamente divulgadas para a sociedade. “Vamos disseminar ativamente nossos achados para a sociedade em geral e, assim, compartilhar de forma ampla os avanços no conhecimento sobre o desenvolvimento infantil que as famílias participantes permitiram alcançar”, afirma a pesquisadora. Por isso, vale a pena ficar de olho nas redes. Além de compartilhar informações sobre a pesquisa em andamento, a equipe divulga outras informações para interessados em neurodesenvolvimento infantil, como a influência do uso de telas na vida infantil.
As mães que desejarem participar do processo podem encontrar todas as orientações no perfil que o projeto mantém no Instagram: @bebe.cientista. É possível contatar a equipe por mensagem direta no aplicativo ou via WhatsApp, pelo número (11) 9 1696-4811.