NASA/SDO
O Sol possui uma configuração que pode influenciar a forma como os satélites funcionam e afetar sistemas de comunicação aqui na Terra. Por conta das diversas trocas ocorridas entre suas camadas, ocorrem tempestades solares que liberam partículas e que acabam por prejudicar diversos sistemas terrestres.
As tempestades solares é tema de pesquisa do professor da Escola de Engenharia (EE) da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), Paulo Aguiar Simões, que também faz parte do Centro de Astronomia e Astrofísica Mackenzie (CRAAM) e teve um artigo publicado recentemente na revista The Astrophysical Journal.
O professor explica que o Sol possui camadas como a fotosfera, mais interna e na qual a luz não atravessa; portanto, não podemos “ver” o interior solar. É nessa região que surgem as chamadas manchas solares. Acima, está a cromosfera, com temperaturas mais altas e um plasma com menor densidade. No topo da cromosfera, em uma fina camada de transição, a temperatura sobe abruptamente, passando de 1 milhão de Kelvin, e a densidade do plasma cai muitas ordens de grandeza, tornando-se muito rarefeita. Por fim, existe a coroa, em que a influência dos campos magnéticos é marcante, estruturando o plasma, em particular, nas chamadas regiões ativas.
As tempestades solares são provocadas pela energia acumulada nos campos magnéticos coronais, liberada repentinamente. Ao fazer isso, o plasma solar é aquecido e provoca liberação de partículas como elétrons e prótons. Os elétrons sofrem um processo de ionização e são liberados no meio espacial, podendo atingir a Terra.
Paulo Simões indica que a observação dos fenômenos solares e do clima espacial é feita com base nos modelos computacionais. “Dados observacionais nas diversas faixas do espectro eletromagnético nos permitem entender melhor a evolução das tempestades solares e as propriedades físicas do plasma envolvido no evento. Cada faixa de radiação do espectro eletromagnético pode revelar uma fração importante dessas informações”, declara. Para realizar essas observações, são utilizadas ferramentas de simulação de tempestades solares. “As simulações permitem acesso a propriedades que não podemos ver diretamente por meio de observações: estrutura vertical da temperatura, densidade, grau de ionização, altura da deposição de energia, e muitos outros”, finaliza o pesquisador.