Robinson Grangeiro Monteiro, chanceler do Mackenzie

Foto: NTAI/Mackenzie

A humanidade está em constante processo de conhecimento. Em certo sentido, conhecer é uma forma de aproximação da realidade. No entanto, esse movimento curioso pode levar por muitos caminhos, bons ou maus, de vida ou morte, progressivos ou cíclicos, inovadores ou conservadores. A chamada “Teoria do conhecimento” estuda a arte de conhecer, e, de modo mais específico, a epistemologia tem se tornado o campo que estuda a construção e a validação do conhecimento científico. Instituições educacionais, como o Mackenzie, se propõem a conhecer e encontrar o sentido amplo da realidade.

Apesar de ser uma área da Filosofia desde a Grécia Antiga, a epistemologia é levada a um novo momento com a teoria do inconsciente por Freud, a ruptura da universalidade do pensamento ocidental engendrada por Nietzsche e, ainda, a essência universal de homem preconizada por Marx, que Paul Ricoeur chama de “os mestres da suspeita”. A partir destes, a consciência empírica passou a ser questionada. Estabeleceu-se clara crítica à ideia cartesiana de que o sentido e a consciência do sentido coincidem. Plantou-se a dúvida sobre os poderes da consciência em apreender o sentido do mundo e de si mesmo de forma evidente, clara e distinta.

O duplo diferencial do Mackenzie é reconhecer, primeiramente, que é impossível conhecer a realidade por si mesmo, mas não necessariamente por uma suspeição dessa realidade, e sim pela forma como o ser humano se permite deduzir que todo o conhecimento obtido por ele mesmo é fragmentado, enviesado, parcial, em razão da interrupção do fluxo do conhecimento sobre Deus, sobre si mesmo e sobre a realidade, ao comparar o antes e o depois da queda.

De fato, o ser humano é incapaz de “compreender” a realidade por uma falha não essencial, mas adquirida e transmitida ao longo das gerações e que se chama “pecado”. Ele é o grande redutor de percepção e conhecimento, ao criar as ilusões internas condicionantes das percepções construídas a partir de um conjunto de narrativas sobre a realidade ao longo da formação da história da humanidade.

Assim, desconfie de seus olhos. Melhor. Desconfie de si mesmo e do que você sabe, porque lembrando o profeta Jeremias — “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?” (17:1) –; por isso, suspeite do que se apresenta como realidade (ou como narrativa de realidade) em termos de fidedignidade e legitimidade da apreensão do real.

Contudo, a outra face desse diferencial educacional mackenzista é propor que existem lentes pelas quais a realidade de Deus, da vida e de si mesmo pode ser corretamente compreendida. Essas lentes têm nome: confessionalidade e cosmovisão. Todos usam esses filtros. O ateu, o agnóstico, o religioso, seja ele um homem simples do campo, seja um intelectual na academia. É preciso assumir esse fato e explicitar com palavras e ações.

No caso do Mackenzie, as lâminas de análise estão consignadas em sua missão, visão, princípios e valores, propondo a aplicação destes em tudo o que se faz, e é justamente este o papel fundamental da Chancelaria como guardiã da confessionalidade do Instituto.

Desde os serviços devocionais de apoio emocional e espiritual das Capelanias até as ações de gestão nos cuidados de saúde e da educação, do fundamental ao ensino superior, passando pela preservação da memória e da cultura mackenzista, um conjunto amplo de ações confessionais tem sido constituído. O propósito maior é demonstrar que conhecer é divino, quando o conhecimento é conduzido por uma confessionalidade propositiva e aplicada.

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