A foto mostra uma bola no meio de campo de futebol
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Novo árbitro da Copa: VAR

Conheça o Video Assistant Referee, novo árbitro utilizado na Copa

26.06.201815h31 Comunicação - Marketing Mackenzie

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Novo árbitro da Copa: VAR

Apita o árbitro, começa o jogo e o novo recurso utilizado na Copa está dando o que falar! O sistema de vídeo é mais um integrante da comissão de arbitragem, só que dessa vez com mais 33 olhos em campo para acompanhar de perto cada lance. Esse é o Video Assistant Referee, o VAR.

A ferramenta serve como uma ajuda para o árbitro principal tomar decisões em lances duvidosos. “Adotar essa nova tecnologia é justamente a vitória do processo de televisionamento e do mundo audiovisual do esporte”, afirma Anderson Gurgel, professor de Jornalismo na Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM).

O sistema já gera visões positivas e negativas e traz um novo significado à análise dos lances dentro de campo, podendo ser utilizado nas seguintes situações nos jogos da Copa: gols, cartões vermelhos diretos, pênaltis e confusão de identidade.

Para o professor Gurgel, fã de esportes assumido, existe uma relação de amor e ódio com o recurso. “Eu tenho uma simpatia pelo VAR, mas estou ciente de que em algum momento vou ficar bem irritado, porque pode prejudicar meu time”, diz entre risos.

Reflexos do VAR

Pensando juridicamente, o professor da Faculdade de Direito da UPM, Fábio Trubilhano, explica que o árbitro principal ainda mantém sua autoridade, mas que agora pode tomar suas decisões apoiado pelo VAR. “Nos termos das regras vigentes na Copa do Mundo, as decisões do árbitro principal tomadas em razão da assistência dada pela equipe de arbitragem de vídeo são plenamente legítimas”, pontua.

E não é só no campo que as mudanças acontecem, Gurgel acredita que a ferramenta pode alterar até mesmo a atitude do jornalista esportivo. “Ele vai sair da sua zona de conforto. Lances polêmicos, que antes geravam discussões por horas, principalmente em programas especializados, agora não rendem tanto para debate posterior. A imagem passa a ter uma interferência direta no momento do jogo. Foi o que aconteceu na partida do Brasil e Costa Rica, no pênalti do Neymar, por exemplo”, cita o professor sobre o jogo da seleção brasileira em 22 de junho.

Erros históricos

Para o professor de Direito, a maior vantagem seria aumentar consideravelmente o nível de acerto das decisões da arbitragem. “Muitas Copas foram marcadas por erros que teriam sido facilmente detectáveis pelo VAR”. Ele cita a final de 1966 entre Inglaterra e Alemanha, que foi decidida por um gol irregular dos ingleses. “O famoso lance em que a bola bateu no travessão e quicou na linha sem entrar totalmente gerou dúvidas no árbitro e em seu auxiliar que, sem acesso ao vídeo, confirmaram indevidamente o tento inglês”, relembra.

Há ainda o famoso lance de Diego Maradona. “É inesquecível o gol argentino com "la mano de dios", marcado por ele com a mão e que foi o segundo gol dos hermanos contra os ingleses na copa do mundo de 86”, comenta Trubilhano.

Dinâmica do jogo

Por outro lado, ainda segundo ele, a principal desvantagem do uso do VAR é a ruptura na dinâmica do jogo. “Diferentemente de alguns outros esportes, no futebol não estamos acostumados a parar o jogo para que o árbitro reveja lances. Muitas vezes, a comemoração do gol pode deixar de ser o momento eufórico para ser o momento quase burocrático em que o árbitro ‘desenha’ no ar a tela e aponta ou não para o meio-de-campo”, opina.

Pensando como torcedor, há dois cenários diferentes a serem considerados. A narrativa de quem está no estádio e a de quem assiste ao jogo pela TV. “Na TV já há uma profusão de câmeras muito grande, você foca em detalhes e consegue construir uma narrativa. Então o sistema até acrescenta à história, como o vôlei já faz com o recurso do challenge”, pontua Gurgel.

“Já no estádio é diferente porque as pessoas ficam num suspense, com o jogo parado. Você sabe que algo está acontecendo, mas não tem certeza”, descreve. Essa dinâmica no local depende do telão, da performance do juiz, do tempo que isso demora, etc. “A pergunta é se isso vai, em certa medida, ‘desmobilizar’ o torcedor no estádio ou não. A resposta dependerá do tempo e do uso, mas é uma bela motivação de pesquisa para o esporte", analisa Gurgel.

No país do futebol a malandragem às vezes é bem vista, mas só quando é sutil. “Aproveitar as regras e colocar seu estilo é uma coisa, agora, ficar ‘marcado’ e começar a ser criticado por isso, já não é legal”, pontua o professor de jornalismo esportivo.

Por fim, pode até haver uma alteração na dinâmica do futebol por conta do VAR e ela pode ser boa se não for usada à exaustão. “Se a cada falta duvidosa houvesse paralisação do jogo, ele ficaria truncado e sem emoção. A tecnologia tem de servir para trazer maior justiça aos resultados, mas essa tal justiça tem de estar em harmonia com a preservação da emoção e do dinamismo típicos do esporte”, finaliza Trubilhano.