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500 anos da Reforma Protestante: Uma história também brasileira, uma história Tupinambá

Carta de Princípios 2017

02.08.201816h00 Chancelaria

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500 anos da Reforma Protestante: Uma história também brasileira, uma história Tupinambá

500 anos da Reforma Protestante:

Uma história também brasileira, uma história Tupinambás

 

500 anos da Reforma Protestante: celebrando a interação entre a cosmovisão cristã e o povo brasileiro.

         A Universidade Presbiteriana Mackenzie, em acolhimento aos ideais de seus fundadores, bem como o cumprimento dos eminentes objetivos institucionais estabelecidos por seu Associado Vitalício, entrega à comunidade acadêmica a Carta de Princípios de 2017.

O assunto é a Reforma Protestante do séc. XVI, que completa 500 anos no corrente ano. O objetivo mais específico, entretanto, será indicar algumas implicações do pensamento da Reforma Protestante manifestadas na interação entre europeus protestantes e nativos brasileiros, ocorrida em período relativamente próximo aos fatos que marcaram o ano de 1517, qual seja, um intercâmbio cultural, religioso e social associado ao ano de 1556 e à figura do eminente reformador genebrino, João Calvino (1509-1564).

O episódio poderia, a princípio, aparentar ser apenas mais uma instância do eurocentrismo, criticado em muito da historiografia sobre o período das “grandes descobertas”. Como na suposta regra geral, esse encontro entre brasileiros e europeus deveria, então, também ser entendido, primariamente, do ponto de vista negativo, enfatizando aspectos invasivos, imperialistas, intolerantes e, afinal, de imposição religiosa, cultural e racial.

O encontro entre culturas tem intercorrências deveras negativas, bem como positivas, especialmente culturas significativamente diferentes ou em condições de desigualdade – há sempre algum choque entre as cosmovisões, o qual deixa marcas profundas. Todavia, a troca de experiências culturais é também importante para o próprio desenvolvimento civilizatório. Como, entretanto, refletir de forma também positiva, quando se tem à frente uma cultura radicalmente diferente daquele que a confronta?

Vale lembrar que nenhuma narrativa histórica pode ser verdadeiramente neutra e objetiva: a própria ideia de “narrativa” implica uma linha, um cordão, no qual são amarrados uma sequência de fatos.

Os fatos e a própria coleção e arranjo deles sempre envolvem variados graus de interpretação e discernimento (que, curiosamente, também têm como sinônimo “discriminação”, além de “reconhecimento” ou “estimação”). A historiografia não procede livre de pressupostos. Antes, as narrativas são, muitas vezes, excelentes testes para a adequação dos pressupostos dos quais elas decorrem.

Os cinco séculos da história após a Reforma Protestante coincidem com os cinco séculos da história do Brasil. Em ambos os casos, uma simples análise poderia facilmente destacar exemplos críticos e criticáveis do ponto de vista até mesmo dos pressupostos bíblicos, protestantes e calvinistas que norteiam a identidade institucional da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Muito mais proveitoso para o momento, porém, é identificar a extraordinária história de nosso país também aponta europeus que vieram a esta terra com propósitos construtivos, de elevada construtivos, de elevada nobreza, e inusitadamente alinhados com valores que a Reforma Protestante do século XVI legou à civilização moderna. Pessoas desinteressadas e altruístas que traziam na bagagem um Novo Mundo envolto em paz e sem perseguições religiosas. Um lugar para o exercício da fé cristã e para integração cultural.

Esse lugar de tolerância e verdadeira solidariedade estava no ideário do viajante Jean de Léry. Esse jovem não desembarcou no Brasil Colônia para enriquecer às custas de nossos recursos naturais ou subjugar os nativos; antes, veio por causa dos ideais da Reforma Protestante, como um missionário sapateiro e estudante de teologia. Sua vinda e convivência entre os indígenas brasileiros veio a ser um ensejo e um útil instrumento para apresentar, aos demais europeus, um povo brasileiro que, de fato, eles não conheciam. Para tanto, Jean de Léry lançou mão da perspicácia de observador antropólogo, e o fez através das lentes de uma cosmovisão cristã, fruto de sua fé reformada.

Jean de Léry: o predecessor da antropologia moderna

         Jean de Léry (1534-1611) nasceu em Lamargelle, Côte-d'Or, França. Como profissão tonou-se sapateiro, uma tarefa que exigia dedicação e habilidade de um artesão. Todavia, seu encontro com a fé cristã reformada o destinou a tomar um rumo inesperado em sua vida.

A Europa havia experimentado um singular avivamento religioso, reverberando nas esferas social e política. As igrejas protestantes, por sua vez, cresciam e agregavam adeptos. Pessoas que encontraram na fé cristã reformada um modo de vida abrangente, de forma que o cristianismo podia ser eficazmente aplicado a todas as áreas da existência humana. A teologia calvinista promovia transformações diversas, inclusive de cunho acadêmico-científico. Na verdade, o Ocidente não seria o mesmo após a propagação da cosmovisão cristã que emanou da Reforma Protestante. Todos esses resultados foram recebidos como uma ameaça à religião dominante europeia e, assim, acirraram-se os ânimos e as disputas entre romanistas e protestantes.

Nesse afã, Lery associou-se à Igreja Reformada de Genebra, na Suíça, cujo pastor era João Calvino (1509-1564). Com isto, além de sapateiro, começou a preparar-se para o ofício pastoral, tornando-se seminarista. No entanto, aumentavam as perseguições contra os adeptos da Reforma, e aqueles que defendiam outra posição religiosa partiram para a ofensiva, inclusive armada. Com efeito, países como a França passaram a perseguir ferrenhamente os cristãos reformados, chamados de huguenotes. Nesse tempo, Léry deparou-se com a oportunidade de acompanhar alguns de seus irmãos de fé numa viagem à França Antártica (atualmente, Baía da Guanabara, na cidade do Rio de Janeiro ). A Igreja de Genebra recebera um pedido especial de ajuda, vindo da França Antártica, do comandante Villegaignon (1510-1571), solicitando que pastores cristãos reformados fossem enviados à colônia para estabelecer uma igreja reformada.

Certamente, Léry não sabia o que o esperava no Brasil, mas ele estava destinado a trazer não somente a fé cristã reformada à América, mas fazer uma pioneira apresentação antropológica e etnográfica de nosso povo original. A partir desse encontro singular, os brasileiros seriam apresentados aos europeus, através das lentes da cosmovisão cristã. Seriam os nativos brasileiros canibais selvagens e desprovidos de qualquer valor? Léry mostraria quais são as verdadeiras respostas para tal indagação.          

         A viagem de partida aconteceu em 19 novembro de 1556, sob a aprovação e o incentivo do pastor genebrino, Calvino, e as autoridades de Genebra, com o apadrinhamento do grande Almirante Gapas de Coligny (1519-1572). A missão genebrina chegou ao Brasil em 10 março de 1557, acompanhada de grandes esperanças. O Novo Mundo parecia um lugar ideal para estender os braços da Reforma e, ainda, criar na colônia um refúgio para milhares de huguenotes desejosos de escapar às violentas perseguições que sofriam na França. Com a Chegada dos cristãos calvinistas, aconteceu o primeiro culto protestante a Deus em solo brasileiro e americano.

Entretanto, as expectativas de dias melhores foram frustradas quando Nicolas Durand de Villegaignon, militar vice-almirante da Bretanha e o principal responsável pela fundação da França Antártica (1555), mudou seu comportamento. A promessa de Villegaignon aos viajantes cristãos europeus era a de liberdade religiosa. Em uma Europa manchada com o sangue da intolerância religiosa, o Novo Mundo apresentava-se como um vislumbre de uma vida renovada. Todavia, Villegaignon mudou de ideia após oito meses da chegada deles, e os missionários protestantes percebiam tanto as crescentes tensões quanto o perigo iminente. Expulsos, eles deixaram a Ilha e foram rumo ao desconhecido no Continente. Finalmente, a perseguição havia chegado também à terra do Brasil. Léry e seus companheiros não tiveram alternativa senão procurar abrigo na floresta continental.

É nesse momento que a Reforma Protestante e o povo brasileiro promovem um encontro inesquecível e inestimável. Contra todas as expectativas, Léry e seus amigos foram acolhidos pelo povo Tupinambá – o lugar de refúgio, verdadeiramente, veio a ser entre os nativos brasileiros. Léry, por sua vez, enfrentou a fome e as privações da floresta impiedosa, mas permaneceu com os tupinambás no Continente até conseguir uma forma de retornar à Europa.

         Quando finalmente foi assegurada passagem de retorno à Europa, as condições da nau não permitiram que todos embarcassem. Léry permaneceu na embarcação e salvou-se, mas cinco de seus companheiros não puderam embarcar e retornaram ao arraial francês. Destes, um conseguiu fugir para o Continente, mas os quatro foram aprisionados por Villegaignon, acusados de heresia. Eles produziram uma sólida e coerente confissão de fé (a Confissão de Fé da Guanabara). Não obstante, três deles (Jean du Bordel, Matthieu Vernuil, Pierro Bourdon) foram brutalmente mortos por Villegaignon. Jacques Le Balleur havia conseguido fugir, mas, possivelmente, foi executado pelos portugueses quando capturado mais tarde. Já Andre La Fon teria renegado sua confissão e sido poupado.

         A experiência do tempo entre os Tupinambás, que durou dois meses, foi registrada e, posteriormente, reunida em um livro, a saber: Viagem à terra do Brasil (LÉRY, 2007), que se tornou um clássico da literatura francesa e uma das obras mais importantes da Antropologia do século XVI, publicada pela primeira vez em 1578.

         O autor narrou a saída da Europa, o percurso realizado de navio e a chegada ao Brasil. Ele também descreveu o Brasil em suas paisagens, fauna e flora. Além disso, e o mais interessante, é a descrição do povo Tupinambá, que ocupa mais da metade de seu livro. Lévy narra o modo de vida, os costumes e inclusive o canibalismo (antropofagia) praticado pelos tupinambás. Por último, ele expõe as intempéries e vicissitudes da tumultuada viagem de retorno à Europa (1558)

         Finalmente, a oportunidade ímpar que recebeu de habitar entre os nativos brasileiros concedeu a Léry a inusitada chance de mostrar para os europeus quem era de fato o povo Tupinambá, porém, através dos pressupostos das Escrituras. Assim, é adequado identificar as narrativas de Léry como sendo um olhar para o outro guiado pela cosmovisão cristão.

 

O olhar de Léry guiado pela cosmovisão cristã

         Uma vez que os tupinambás acolheram Léry e os demais cristãos protestantes, o que veio a seguir ficou conhecido como os primeiros passos da Antropologia moderna. Léry registrou detalhadamente o que viu e experimentou. Nesse ponto, não é possível discordar que o missionário tenha sido um excepcional precursor da Antropologia. Por isso, ele tem a seu favor o testemunho do pai da Antropologia moderna. Claude Lévi-Strauss (1908-2009), registrou em um de seus ensaios (Tristes Trópicos,1955) que, ao chegar ao Brasil, trazia em seu bolso o “breviário do antropologista Jean de Léry”. Em outro lugar, Lévi-Strauss agradece a Léry por sua perspicácia antropológica e etnográfica, que produziu uma visão peculiar do povo Tupinambá. Sobretudo, Lévi-Strauss reconhece a habilidade de Léry ao comparar e contrapor esses brasileiros nativos com o povo europeu, civilizado. Lévi-Strauss, ainda admite com apreço que a acuidade de Léry foi de grande valor para a emancipação da Antropologia. Outro vulto entre os grandes pensadores que foi influenciado pelo texto de Léry é Michel de Montaigne (1533-1592).

         Em poucas palavras, Léry não se limitou a interpretar os Tupinambás como selvagens, incrustados em uma forma de “tábula rasa”, quase nada diferentes de animais e, assim, sem lei, sem conhecimento, sem um rei, sem senso moral e, ao mesmo tempo, sem fé. Essa visão exigiria que os habitantes das terras do Brasil fossem forçadamente convertidos e civilizados. Em contrapartida, havia outra percepção comum nos dias de Léry. Alguns percebiam os povos ameríndios como possuidores de uma cultura amaldiçoada e bárbara. Logo, a conversão e a civilização seriam possíveis, mas somente depois de uma anulação total de seu modo de ser. Ao contrário dessas duas interpretações, Léry concebeu o que os demais não conseguiram enxergar no povo Tupinambá.

         Primeiramente, Léry se aproximou dos tupinambás com um olhar simpático e sensível e marcado por alteridade. A partir disso, o missionário retrata o povo Tupinambá como sendo generoso, leal, dado à hospitalidade e capaz de receber o Evangelho. Em segundo lugar, Léry considera com seriedade a cultura tupinambá, sem preconceito; antes, percebendo humanidade, dignidade e, em muitas instâncias igualdade, e, por fim, até mesmo superioridade diante da civilização europeia. Nesse ponto, vale ressaltar que ele chegou a registrar algumas canções entoadas pelos tupinambás. De fato, Léry percebeu que, diferente dos europeus, os tupinambás tinham uma clareza muito maior sobre a brevidade dos bens materiais e os perigos da avareza. Em alguns de seus diálogos com os nativos, Léry destaca o espanto deles ao saber que os europeus arriscam suas vidas no mar para tomar madeira e outros produtos, e vende-los na Europa com o único fim de ficarem ricos.

         Não obstante, a percepção de Léry também é diferenciada até mesmo ao identificar procedimentos que atentavam contra a vida humana, como a antropofagia praticada pelos tupinambás. Contudo, ele reconheceu que essa prática era motivada pela falta de conhecimento das leis de Deus reveladas nas Escrituras.

         Os tupinambás eram canibais não por serem movidos por um desejo sórdido e macabro, mas pelo ritual e pelo simbolismo que envolviam a prática. Nesse afã, é interessante que o missionário compare as ações dos tupinambás com as dos europeus que, ao contrário, possuíam as Escrituras e se envolviam em “pecados semelhantes”, porém com conhecimento de causa. Posteriormente, Léry usou esse mesmo argumento por ocasião do massacre da Noite de São Bartolomeu (agosto de 1572), quando milhares de protestantes foram covarde e brutalmente assassinados por seus rivais religiosos, dando início a uma sangrenta guerra civil.

         Diante disto, cabe uma indagação: Afinal, por que Léry percebeu e identificou tais qualidades nos Tupinambás? A resposta está no pressuposto interpretativo que emana da cosmovisão cristã. Como um adepto da teologia reformada calvinista, usou os fundamentos das Escrituras para interpretar e descrever o povo brasileiro. Ele queria enxergar a realidade Tupinambá através dos olhos de Deus, o que lhe proporcionava um ponto de vista que transcendia as meras relações humanas e convenções culturais. Por conseguinte, deixou um legado intelectual-acadêmico que merece atenção de nossa parte pois somos uma universidade que tem a mesma identidade cristã reformada.

        

O legado da cosmovisão calvinista

         Caso seja verdadeira a máxima que devemos aprender com o passado para evitar os mesmos desacertos no presente, as experiências e as percepções de Léry devem alterar nosso olhar sobre a realidade, sobre as pessoas e, sobretudo, a respeito das culturas. Então, o relacionamento com o desconhecido e com o outro assumem um sentido diferente, uma vez que, à semelhança de Léry, temos à nossa disposição o olhar transcendente das lentes das Escrituras Sagradas.

         Não obstante o fato de que pela própria lei divina a antropofagia seria condenada, o missionário protestante viu o canibalismo com outros olhos, procurando entender a dinâmica e seu significado, de tal modo que conduziu Léviu-Strauss a afirmar em um de seus textos que, sem a percepção de Léry, não poderíamos entender os insights que a cultura desses povos e suas práticas poderiam nos oferecer quanto à própria realidade humana, mesmo aquelas que são muitos distantes das práticas europeias.

         No final, sabendo que Léry era calvinista, entendemos que ele fez antropologia a partir do pressuposto da criação, queda e redenção, a mesma cosmovisão que sustenta a confessionalidade do Mackenzie. Ele reconheceu que os tupinambás eram pessoas criadas por Deus e, por isso, feitas à sua imagem, dotadas de dignidade intrínseca. Como tal, apresentavam momentos em sua cultura que refletiam as verdades do Criador, mesmo que inconsciente ou institivamente. Todavia, também estavam sob os efeitos da queda. Sejam europeus ou ameríndios, todos os seres humanos sofrem os efeitos da queda. Afinal, não há cultura, povo ou nação que escape dessa realidade ou dessa poeira de morte. Sob os efeitos da queda, e na ânsia de saciar a sede do coração, os povos tupinambás praticavam rituais que acreditava trazer sentido para sua existência, até mesmo algo tão sombrio como se alimentar da carne dos inimigos derrotados. No entanto, havia esperança para esses povos, como para todos os demais, pois sempre há um caminho de redenção.

         Portanto, nos 500 anos da Reforma Protestante temos a oportunidade de olhar para trás e descobrir o que está gravado na nossa história. Perceber que a Reforma não é um evento estritamente europeu e sem reflexos em nossa nação. Não é a imposição de uma cultura mais elevada sobre outras inferiores e, sim, o anseio por olhar para todas as culturas humanas de uma perspectiva que transcende a elas e assim oferece uma unidade analítica. Ao mesmo tempo, esse momento abre os nossos olhos para enxergarmos um futuro melhor, no qual criação, queda e redenção nos fazem ver as pessoas e suas culturas com respeito e dignidade, porém, sem ingenuidade, e, finalmente, com verdadeira esperança

 

Texto produzido pela Capelania Universitária Mackenzie, sob a idealização e direção do Chanceler da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Rev. Dr. Davi Charles Gomes, baseado em seu trabalho: The Huguenot Experience in the Guanabara Bay: Crucial Lessons for Apologetics
(
Philadelhia: Westminster Theological Seminary, 1996).

 

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Para mais leituras:

 

CRESPIN, Jean. A tragédia da Guanabara. São Paulo: Cultura Cristã, 2007.

DAHER, Andréa. A viagem de Jean de Léry e a missão de Claude d’Abbeville no Brasil (Séc. XVI e XVII). In: COSTIGAN, Lúcia Helena  (Org.). Diálogos da conversão: missionários, negros, índios e judeus no contexto ibero-americano do período barroco. Campinas: Unicamp, 2005.

GOMES, Davi Charles. The Huguenot Experience in the Guanabara Bay: Crucial Lessons for Apologetics. Philadelphia: Westminster Theological Seminary, 1996.

LÉRY, Jean de. Viagem à terra do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia, 2007, 303 p.

MEDEIROS, Christian Brially de. Jean de Léry e a escrita da história: uma heterologia calvinista. 2012. Tese (Doutorado em Ciências da Religião) – Universidade Metodista de São Paulo, 2212