GLOBALIZAÇÃO E FLUXO DE INVESTIMENTO DIRETO PRODUTIVO NO BRASIL: UMA ANÁLISE SETORIAL

26.06.201813h02 Álvaro Alves de Moura Jr. e Joaquim Carlos Racy

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GLOBALIZAÇÃO E FLUXO DE INVESTIMENTO DIRETO PRODUTIVO NO BRASIL: UMA ANÁLISE SETORIAL

O presente texto visa dar continuidade às discussões introduzidas no primeiro artigo Globalização e Fluxo de Investimento Direto Produtivo publicado em 09 de fevereiro de 2018, que analisou o aumento da liquidez internacional a partir da década de 1990, especificamente no que se refere aos capitais produtivos, que são denominados Investimento Estrangeiro no País (IDP).

Verificou-se uma expressiva elevação dos fluxos do referido capital, que passou de US$205 bilhões em 1990 para US$1,75 trilhões em 2016. Outra importante evidência destacada foi que os países em desenvolvimento ampliaram sua participação na recepção dos IDPs, respondendo por 37% do fluxo total neste último ano analisado.

O Brasil foi o oitavo País que mais recebei IDP entre os anos de 1990 e 2016, ao responder por 3,1% do fluxo acumulado no período. Dos Países em desenvolvimento, o Brasil só ficou atrás da China, cuja participação no fluxo global foi de 6,9%.

Neste sentido, o presente artigo visa analisar como se estruturou setorialmente esses capitais no Brasil, e quais os principais “exportadores” de IDP para o Brasil a partir da avaliação dos estoques de IDP.

Apenas quatro países são responsáveis por cerca de dois terços do IDP acolhido pelo Brasil entre 1990 e 2015, sendo que apenas os Países Baixos responderam por 27,1% do fluxo acumulado no período. Os Estados Unidos são o segundo país que mais remeteu o referido capital, seguidos pela Espanha e Luxemburgo, lembrando que este último é considerado pela Receita Federal do Brasil como um país que oferece um “regime fiscal privilegiado”. O gráfico abaixo apresenta o ranking da origem do IDP acolhido pelo Brasil no período analisado.

GRÁFICO 1 (AO LADO).

Outro importante indicador relacionado ao acolhimento de IDP refere-se ao número de empresas por origem do capital. Segundo o Banco Central, os Estados Unidos são o país com maior número de empresas instaladas no Brasil, com 20,6% do total, seguidos pela Itália, Espanha e Países Baixos, conforme mostra o gráfico a seguir.

GRÁFICO 2 (AO LADO).

Quanto aos setores de atividade, o que se observa é a predominância das empresas que atuam na área de serviços, cuja participação aumentou dezesseis pontos percentuais entre os anos de 2010 e 2015. Em contrapartida, o que se observa é a redução da participação das atividades manufatureiras e, em maior proporção, da agropecuária e extração mineral, essa última registrou uma redução de 50%, quando comparado o mesmo período.

GRÁFICO 3 (AO LADO).

Por fim, cabe destacar que São Paulo concentra um pouco mais da metade das receitas de empresas estrangeiras que atuam no país, o que denota a manutenção de uma forte concentração regional no estado. Na sequência estão os estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul. A participação de cada unidade da federação encontra-se dispostas no gráfico que segue.

GRÁFICO 4 (AO LADO).

Buscou-se, de maneira bastante sintética, dar um panorama de um dos fatores que contribuem para compreender a estrutura produtiva do Brasil a partir da ótica de empresas estrangeiras, bem como esses capitais representam o grau de internacionalização da economia nacional, tema que deverá ser explorado em novos artigos ao longo do ano.