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Avaliação da Entrevista de Fernando Haddad ao Jornal Nacional

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Avaliação da Entrevista de Fernando Haddad ao Jornal Nacional

Em uma iniciativa da Rede Globo, os cinco candidatos mais bem posicionados nas pesquisas de intenção de votos foram entrevistados na bancada do Jornal Nacional, cuja audiência é a maior da televisão brasileira. Foram, portanto, convidados e sorteados previamente a fim de ordenar as entrevistas: Ciro Gomes, Jair Bolsonaro, Geraldo Alckmin, Marina Silva e Fernando Haddad.

02.10.2018

Rodrigo Augusto Prando e Paulo Rogério Scarano


Haddad foi o último entrevistado no Jornal Nacional. As primeiras questões foram destinadas à temática da corrupção. Foram, portanto, trazidas à tona as corrupções no Governo Lula e no Governo Dilma, no “Mensalão” e no “Petrolão”.

Foram, também, tratados da indicação de membros do Poder Judiciário em governos petistas e se isso dava possibilidade de afirmar que havia contra o PT uma “conspiração” do Judiciário contra o partido. Na sequência, ainda dentro do tema corrupção, até mesmo Haddad foi questionado das citações em seu nome em investigações.

 

A primeira questão dentro do escopo econômico foi, apenas, feita já no final da entrevista:

“Candidato, para a entrevista então render mais, vamos continuar. Na eleição, para a eleição de 2010, o presidente Lula indicou a então candidata à Presidência da República, Dilma Rousseff. Exatamente como fez com o senhor em 2012 para a prefeitura de São Paulo. E, agora, com a sua candidatura à Presidência da República. Mas, ao sair do governo, ao ter que deixar o governo, a presidente Dilma deixou o Brasil na crise em que todos nós brasileiros estamos mergulhados hoje e quase 11 milhões de desempregados. Hoje esse número já são 13. Mais de 11 milhões de desempregados, hoje são 13 milhões. Por que que os eleitores devem acreditar que com o senhor, o partido que deixou mais de 11 milhões de desempregados não vai agravar a crise? ”

 

E teve a seguinte resposta:

“Olha, eu tenho todas as razões do mundo para imaginar que o PSDB não vai sabotar o governo eleito no próximo dia 7 de outubro, como fez em 2014”.

 

E a jornalista questiona:

“A culpa é do partido?”

 

E Haddad afirma:

“Em 2014 [...] Não, a culpa é do PSDB, porque o presidente do PSDB assumiu a culpa ontem, numa [...]

 

E continua:

“O Tasso Jereissati falou: Nós cometemos três erros. Nós, pela primeira vez, questionamos o resultado eleitoral no Brasil. Isso é um crime contra a democracia, não se faz. Segundo lugar, nós aprovamos uma pauta em que nós não acreditávamos, para prejudicar o PT. As palavras são dele, Tasso Jereissati. Três, nós embarcamos no governo Temer. E quatro, nós embarcamos em Aécio Neves. Esses quatro elementos é responsabilidade do PSDB, dito que o PSDB […]”.

 

Questionado, ainda, pela jornalista:

“A crise é dos outros, então? O que dizer dos mais de 11 milhões de desempregados? Dilma Rousseff deixou o Brasil com mais de 11 milhões de desempregados.”

 

E Haddad questiona quando a recessão começa e a resposta do jornalista é que começa em 2014, depois da reeleição.

E Bonner, então, comenta que:

“O senhor me fez uma pergunta, vou responder. Em 2014, durante a campanha eleitoral de 2014 o déficit público passava de R$ 17 bilhões, o PIB, o crescimento do PIB já tinha caído para 0,5%. A presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição, dizia que estava tudo indo às mil maravilhas. Vamos relembrar a história. Não só isso. Ela dizia que ia manter, se reeleita, a política que estava implementando para a economia brasileira e ainda acusava, o senhor deve se lembrar disso, ela acusava os adversários, dizia que se eles ganhassem, ao assumirem o poder, eles iam mexer na economia e iam tirar, aspas, “tirar a comida na mesa do trabalhador”. Aí, ela ganhou a eleição. Ao ganhar a eleição, tomou posse imediatamente, tentou corrigir os rumos da economia, daquilo que o senhor mesmo chamou de cavalo de pau. Ela deu o cavalo de pau, tentando corrigir a economia, porque ela precisava ser corrigida, só que aí ela perdeu completamente a credibilidade. Os críticos imediatamente disseram que ela cometeu um estelionato eleitoral e nós mergulhamos numa crise de que, aliás, ainda não saímos até hoje. Qual é a dificuldade que o Partido dos Trabalhadores tem de fazer uma autocrítica, de reconhecer a sua culpa, a gestão da economia no ano de 2014 já fazendo água?”

 

Haddad responde:

“Sabe qual é o problema? Você [...] Primeiro, você está citando uma entrevista minha em que eu digo os erros que foram cometidos no final do governo Dilma. Então, é contraditório o que você está dizendo, porque você está citando uma entrevista minha em que eu estou dizendo. Eu estou fazendo as críticas. Outra coisa é você dizer que a recessão de 2015 e 2016 [...]”.

 

E o jornalista volta a afirmar:

“O senhor estava culpando os outros partidos, candidato.”

 

E, na sequência, tem a seguinte resposta:

“Eu estou dizendo que as pautas-bomba e a sabotagem que ela sofreu, reconhecida pelo presidente do PSDB, teve mais influência na crise do que os eventuais erros cometidos antes de 2014. Nós tínhamos a menor taxa de desemprego em 2014. Você está falando de desempregado. Pega a série histórica: 4,9 % de desemprego em dezembro de 2014. E aí começa o seu Eduardo Cunha, o seu Aécio Neves a aprovar despesa lá no Congresso Nacional. Despesa em cima de despesa para sabotar um governo que precisava fazer um ajuste, mas não para jogar a economia numa recessão, para recuperar a economia. Como já tinha acontecido em vários momentos”.

 

Na entrevista com Fernando Haddad, como ocorreu com outros candidatos, a economia foi, também, pouco presente. Preponderou em questões e em tempo, as temáticas ligadas à corrupção. No caso de temas econômicos, o candidato foi questionado sobre o Governo Dilma Rousseff que nos legou uma crise econômica aprofundada e, ainda, milhões de desempregados. Na ótica de Haddad, a crise foi muito mais agravada por aquilo que chamou de “sabotagem” do PSDB do que por erros cometidos por Dilma e seus colaboradores. No limite, a culpa, responsabilidade, não está no governo petista e sim nos adversários, especialmente o PSDB.

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