Por que as restrições de comércio sempre falham

29.12.2017

Lawrence Reed



Quando os EUA impuseram uma tarifa sobre o papel de revista do Canadá em 2015, os trabalhadores de uma fábrica de papel com dificuldades financeiras no Maine se animaram. Menos de dois anos depois, seus empregos desapareceram e a fábrica está fechada.


Não deveria ser assim. As tarifas, os protecionistas nos dizem, ajudam a economia doméstica, ou pelo menos certas indústrias. A verdade é que as restrições às importações quase sempre são contraproducentes. Ao suprimir a concorrência, tornam as indústrias domésticas menos eficientes; aumentam os preços tanto nas importações como nos produtos nacionais concorrentes; elas não nos estimulam a consertar nossos próprios problemas ou produtos, mas, em vez disso, elas nos tornam desleixados. E prejudicam os consumidores que enfrentam preços mais elevados e muitas vezes menos escolhas.


Com tantas pessoas que pedem tarifas ou cotas ou outras restrições protecionistas sobre o comércio nos dias de hoje, talvez tenhamos que reaprender algumas lições importantes.


A Importância do Comércio


Por que fazemos comércio? Se realmente quiséssemos, poderíamos comportar-nos como uma nação Robinson Crusoé - mantendo bens estrangeiros de fora e fazendo tudo nós mesmos. Mas as pessoas trocam porque querem adquirir coisas mais baratas ou melhores ou mesmo indisponíveis em casa. O princípio fundamental do comércio é que ambos os lados se beneficiam da transação ou eles não teriam trocado em primeiro lugar.


A lição mais dolorosa na história comercial dos Estados Unidos ocorreu em 1930. Para combater o aumento do desemprego no início da Grande Depressão, o Congresso e o Presidente impuseram as maiores tarifas em um século. O pensamento era que, se tornássemos as importações estrangeiras mais caras, os americanos comprariam mais bens domésticos e, assim, colocariam as pessoas de volta ao trabalho. Mas os estrangeiros retaliaram impondo tarifas sobre os EUA. Resultou uma guerra comercial em grande escala.


O comércio é uma rua de dois sentidos. Fechar a porta para as importações fecha a porta para as exportações. Se os estrangeiros não podem vender aqui, eles não podem ganhar os dólares que precisam para comprar aqui. Quando a tarifa de 1930 fez com que os americanos comprassem menos importações, os vendedores estrangeiros pararam de comprar produtos americanos. Como resultado, a agricultura americana, dependente então, como agora, da exportação de produtos agrícolas, sofreu uma grande queda de preços e grandes perdas na década de 1930.


Os americanos no ano passado importaram cerca de US$ 2,3 trilhões em mercadorias físicas. Mais de metade do total não foram produtos acabados. Em vez disso, eram matérias-primas, bens de capital, suprimentos industriais e componentes para coisas como automóveis. Torne todas essas coisas mais caras através de tarifas e você simultaneamente afeta as indústrias americanas que as compram. Uma tarifa sobre bens estrangeiros deve ser considerada como um imposto sobre o consumo de cidadãos e empresas americanas.


E quanto ao comércio justo?


Os governos estrangeiros não jogam justo, você diz. Sim, outros países de tempos em tempos nos impõem tarifas. Mas retaliar é, como na expressão americana, "cutting off your nose to spite your face". Isso apenas torna as coisas mais caras para nós.


Sim, a China manipulou sua moeda para ajudar suas exportações, mas alguém acha que o banco central da América não manipula o dólar, bem como as taxas de juros? E quando a China reduz o valor de sua moeda para ajudar suas exportações, o outro lado é que nós recebemos muitas coisas da China a preços baixos que podemos usar para economizar dinheiro e tornar as nossas indústrias mais competitivas. As montadoras americanas podem não gostar de carros provenientes do Japão, mas com certeza gostam de peças mais baratas provenientes da China ou de qualquer lugar.


O comércio mais livre causa problemas de curto prazo e requer ajustes na produção e emprego, pelas mesmas razões que o automóvel desafiou a indústria de buggy. Mas impor custos e barreiras ao comércio criam problemas próprios. O comércio é, e sempre foi, uma forma de importância vital para fortalecer uma economia e dar escolha aos consumidores.

Leia o texto completo (em inglês) em: fee.org/articles/why-trade-restrictions-always-backfire/

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