O Planejamento Central da Economia está Fadado ao Fracasso. 

10.07.202009h57 Matheus Campos A. Cosso B. Resende

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O Planejamento Central da Economia está Fadado ao Fracasso. 

Embora as promessas dos políticos que defendem o planejamento central pareçam atraentes, o caminho correto é orientar sobre a destruição causada por essas bombas econômicas

Vivemos em uma América cada vez mais aberta à ideia de alterar nosso sistema econômico para implantar uma versão utópica de justiça e igualdade. O senador Bernie Sanders, primeiro em 2016 e novamente neste ciclo eleitoral, empolgou uma coalizão de eleitores com a premissa de "socialismo democrático", prometendo saúde para todos, faculdade para todos, moradia para todos e tudo mais para todos. Obviamente, de uma maneira ou de outra, o governo estabeleceria preços de bens e serviços, independentemente desse preço ser “gratuito” ou não.

Mas essa fixação de preços é a principal razão pela qual, mesmo que o governo seja eficiente, benevolente e livre de corrupção, os preços quando determinados pelo governo sempre fracassam. Na economia, os preços são definidos através da interação de oferta e demanda. As preferências do consumidor, substitutos, complementos e outros fatores determinam a curva de demanda. Os custos operacionais e de oportunidade compõem a curva de oferta. Na sua forma mais simples, esses dois conceitos determinam o preço de todos os bens disponíveis. Essa teoria é chamada de teoria dos preços.

Um componente importante da teoria dos preços é a informação que o preço traz consigo. A ilustração mais clara dessas informações é o preço dos produtos em torno de Houston, Texas, quando ocorreu chegada do furacão Harvey. Houve relatos de casos de venda de água por US$ 99 e um galão de gás custando US$ 20. Para a maioria das pessoas, isso parece imoral.

Na teoria dos preços, no entanto, esses aumentos demonstram que houve um aumento repentino na demanda por esses produtos. Como a demanda aumentou, as empresas têm um forte incentivo para fabricar e enviar um certo número de mercadorias, equilibrando cuidadosamente os custos de fabricação e o preço da venda, para a área de alta demanda. Eventualmente, o preço cairá para um novo equilíbrio para refletir o aumento da oferta e o aumento da demanda.

Esse equilíbrio de custos e preço esperado de venda pelas empresas elimina a produção desperdiçada e leva toda a economia à eficiência econômica. Sem o aumento de preço, as empresas não saberiam quanto mais produzir e enviar. Nesta situação, ocorre desperdício, levando à ineficiência e perda de bem-estar.

Sob governos de planejamento central (sistema socialista), esse equilíbrio não ocorre. Quando os preços são definidos pelos governantes, eles não enviam informações para toda a economia. Por exemplo, os preços da habitação tendem a subir nas áreas metropolitanas. Políticos bem-intencionados, procurando proteger indivíduos de baixa renda da perda de moradias, promulgam controles de aluguel para evitar mais aumentos de aluguel.

Essa política, no entanto, impede que os preços desempenhem seu papel na economia. Com preços artificialmente baixos, os empreendedores não criam mais moradias. Lojas e escritórios não são convertidos em apartamentos e terrenos vazios não são transformados em casas. Como resultado, ocorre uma escassez de moradias.

Em alguns cenários, devido aos controles de preços, a produção desperdiçada é incentivada. Durante a Grande Depressão, o governo Roosevelt pagou aos agricultores para destruir as plantações e manter os preços dos produtos agrícolas altos. Em vez de encontrar empregos diferentes, os agricultores que não podiam competir a preços de mercado deixaram suas terras vazias ou continuaram a cultivar culturas que seriam destruídas.

Essa incapacidade do governo de administrar a economia por meio do planejamento econômico ocorre devido ao desaparecimento das informações sobre preços e é chamada de “O problema do cálculo econômico”. O economista Ludwig von Mises descobriu esse problema, usando-o como um de seus principais argumentos contra a onda de planejadores econômicos que surgiram em meados do século XX. Durante e desde então, várias defesas comuns para o planejamento estatal da economia foram desenvolvidas.

Primeiro, os defensores do socialismo argumentam que os mercados também têm ineficiências. Essa afirmação é verdadeira, mas negligência o fato de que os mercados ainda precisam reagir aos preços estabelecidos, pelos custos e pelos desejos dos consumidores. Mesmo nas condições mais ineficientes do mercado, como o monopólio, as empresas são limitadas pelos custos e pela demanda. Além disso, esse argumento ignora que oportunidades empreendedoras surgem a partir das ineficiências de mercado, levando, a longo prazo, a redução delas.

O segundo argumento comum é a crença de que, em sua raiz, a economia é um conjunto de equações. Com o poder computacional e pesquisas realizadas pelos planejadores centrais, os governos podem usar a tecnologia para calcular o melhor resultado para cada mercado. Essa resposta, no entanto, ignora ou alicerce básico de toda a economia: as preferências do consumidor. Essas preferências não são apenas únicas para cada indivíduo, mas também mudam com o tempo. A quantidade de informações necessárias para concluir quais são as preferências do consumidor, mesmo supondo através de diversas equações computacionais, é imensurável.

Para construir equações que levariam ao equilíbrio da demanda com a oferta dos bens e serviços, os planejadores centrais precisam determinar as preferências dos indivíduos. A atribuição de valores às preferências do consumidor se torna arbitrária, levando a que qualquer equação desenvolvida não reflita as verdadeiras preferências dos agentes.

Embora existam muitos argumentos contra o socialismo, os fundamentos da teoria dos preços, resultando no problema do cálculo econômico, causam o colapso da ideologia socialista. Os planejadores centrais simplesmente não podem obter informações suficientes para operar a economia com eficiência. Portanto, embora as promessas dos políticos do governo que defendem o planejamento central pareçam atraentes, o bom caminho é orientar e conscientizar as pessoas sobre o estrago causado por essas verdadeiras bombas econômicas.

 

Alex Houtz

Alex Houtz está em seu primeiro ano de doutorado em Economia na Universidade

de Notre Dame neste outono.

 

Tradução, adapatação e organização: Matheus Campos A. Cosso B. Resende

Estudante de Economia na Universidade Presbiteriana Mackenzie

Estagiário no Centro Mackenzie de Liberdade Econômica