câmera fotográfica antiga sobre mesa de madeira, com uma lupa desfocada em primeiro plano e óculos ao lado.
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Dia do Fotógrafo

Professores do Mackenzie contam sobre desafios e inspirações da profissão

08.01.201912h35 Comunicação - Marketing Mackenzie

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Dia do Fotógrafo

De acordo com a história, foi 08 de janeiro de 1840 que o abade Louis Compte trouxe o primeiro equipamento fotográfico (daguerreótipo) para o Brasil e o apresentou ao imperador Dom Pedro II, que era apaixonado por tal arte e foi considerado um dos primeiros fotógrafos brasileiros. Por esse motivo, no Brasil comemoramos o Dia do Fotógrafo nesta data.

E para celebrar este dia, conversamos com dois profissionais da área que contam um pouco sobre suas experiências pessoais, falam a respeito do mercado e dão dicas para quem quer se profissionalizar. Confira, a seguir, o bate-papo com os professores do Centro de Comunicação e Letras (CCL) da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), Fernando Pereira da Silva e Manoel Roberto Nascimento de Lima.

Quando você começou a fotografar?

Fernando: Foi ainda garoto, entre meus 13, 14 anos. Meu primeiro contato foi com as fotos do meu pai. Embora ele não exercesse a profissão, era apaixonado pela fotografia. Foi ele que me deu minha primeira máquina, uma Olympus Trip, uma maquininha amadora muito boa. Tenho ela guardada até hoje comigo, no meu armário aqui do Mackenzie, inclusive.

Manoel: Comecei no fotojornalismo, há cerca de 25 anos. Iniciei trabalhando em jornais de bairro, depois passei para grandes jornais de circulação nacional. Trabalhei muito tempo no antigo Diário Popular, que depois passou a se chamar O Diário de São Paulo, hoje já extinto.

Eu havia cursado faculdade em Produção Editorial, que te habilita a produzir o jornal, e percebi que o processo envolve muitas pessoas, dentre elas o fotógrafo e o jornalista, e aí eu migrei para área do jornalismo.

Como escolheu a área da fotografia?

Fernando: Decidi no dia em que abri a revista Realidade e me deparei com aquela foto da menininha nua, correndo no Vietnã. Foi nesse dia que eu falei: “quero ser fotógrafo, quero ser jornalista”. Foi aí que tudo começou.

Manoel: Eu já gostava de fotografia e fui estudar para aprimorar. Logo após o término do curso, comecei a fotografar dança flamenca, acompanhando por muitos anos todo esse desenvolvimento do estilo aqui em São Paulo. Depois, fui trabalhar em jornal, onde eu fazia a editoria Cotidiano, sobre a cidade de São Paulo. A seguir, fui para o jornal Diário Popular e atuei no caderno de Polícia e de Cidades.

Foi uma mudança interessante. Em um trabalho autoral você pode escolher, "ah, eu vou fotografar dança, futebol, paisagens". No fotojornalismo não, você é pautado. O que os diferencia é que, no fotojornalismo, sua imagem é um texto e tem de ser bem “escrita”. Se o leitor não entende aquilo que você está querendo dizer, a culpa não é dele, é você que não está sabendo transmitir a mensagem.

Como descobriu sua paixão fotografia?

Fernando: Foi a partir dessa foto. Inicialmente, eu queria ser jornalista, nunca tinha pensado em ser fotógrafo profissional. Eu trabalhava na Folha de São Bernardo e havia uma denúncia contra um hospital. Não tinha ninguém lá, eu estava com a minha Olympus Trip na bolsa e disse para o editor que eu faria tudo. Foi ali que emplaquei a minha primeira foto em jornal e foi assim que comecei a fazer as duas coisas, texto e foto. Não parei mais.

Manoel: Foi por influência do meu irmão, que já era um tipo de fotógrafo pericial. Minha paixão tinha ficado adormecida e retornou quando decidi estudar. Eu acho importante praticar a fotografia, é uma paixão, uma arte, mas tem de estudar. Se você quiser seguir a carreira de fotógrafo, tem que mergulhar nos estudos, praticar muito, enxergar a luz, enxergar seu dia, sentir o cotidiano, viver as histórias, só assim que você consegue traduzir isso na fotografia.

Para quem está começando agora na fotografia, que dica daria?

Fernando: É preciso ter um bom olhar e a melhor maneira é observar fotos dos grandes fotógrafos – como Sebastião Salgado, Araquém Alcântara, Bob Wolfenson (com quem estive em uma oficina, no Centro Cultural Porto Seguro, em dezembro de 2018) – e analisar o porquê usaram aquele ângulo, aquela luz, etc.

Ver quadros dos grandes mestres da pintura também influencia positivamente. Sugiro, para quem quer aprender fotografia, os quadros de Rembrandt, Monet e dos meus dois ídolos: o barroco italiano, Caravaggio, que é o mestre da luz; e Vermeer, do barroco holandês, que é outro grande mestre da luz e do enquadramento.

Manoel: Em primeiro lugar, não há necessidade de você começar com grande equipamento, ao contrário do que muitos pensam. Em segundo lugar, é preciso estudar e você tem boas escolas de fotografia, aqui no Mackenzie, por exemplo, vamos oferecer agora em 2019 uma série de cursos de fotografia. São cursos livres que qualquer pessoa pode fazer e devem ser realizados em março. Eu estarei entre os professores que darão as aulas. Aqui no Mackenzie, se você não tem a câmera, nós oferecemos o equipamento para o seu curso e depois você decide que câmera comprar, caso siga a carreira, pois é um investimento alto.

Que diferencial o curso tem?

Manoel: Além da parte técnica, ajudamos a desenvolver o olhar, aquele certo estranhamento com as coisas. A fotografia é memória e preserva a memória. Ela tem esse poder de conservar o dia, o momento, o cotidiano.

O que você mais gosta de fotografar?

Fernando: Gosto bastante de cenas urbanas e, nos últimos 20 anos, tenho curtido fotografar pássaros. Eu até ganho dinheiro com essas fotos, já vendi algumas para revistas estrangeiras.

Como está o mercado atualmente?

Fernando: Tem muita gente. Com o advento da câmera digital, as coisas ficaram mais fáceis e isso “atrapalhou” um pouquinho. Por outro lado, todas as grandes redações e veículos passaram a terceirizar a área de fotografia. Em um determinado momento foi bom, porque você vivia bem como freelancer, mas aí surgiram as agências ou as cooperativas, que abaixaram demais o valor da foto publicada e o pessoal passou a se vender a baixo custo. Mas quem é bom, quem tem um olhar diferenciado, quem tem responsabilidade profissional, sempre se destaca.

O que é ser fotógrafo para você?

Manoel: É traduzir, num único clique, um momento que vai ficar marcado para a eternidade.