2017 - Catharina Chaui Vilares Landufo - Arquitetura e Urbanismo


Gostaria de contar para vocês um pouco sobre a minha experiência de intercâmbio no IPCB ESART, em Portugal.

Acredito que como estudantes de arquitetura, somos como uma espoja: devemos "sugar" diversos conhecimentos para nossa vida, pois eles que vão nos ajudar a criar uma arquitetura mais humana e inclusiva. Por esse motivo encontrei no intercâmbio uma forma de conhecer novas culturas e lugares, novas vidas cotidianas e memórias de um país que cresceu diferente do nosso, mesmo com suas semelhanças tão marcantes. Tive a oportunidade de visitar lugares e sentir eles ao meu redor, de ver paisagens diferentes e perceber o quanto somos diferente uns dos outros e o quando podemos nos ajudar, aprendendo e ensinando. Conheci monumentos e edificações que explicam a história de um povo e de suas memórias atreladas àquele sítio, e por fim conheci pessoas que me mostraram que ainda há muito que aprender e entender, que o mundo é bonito por suas diferenças e originalidades, pessoas que dividiram comigo um pouco da sua cultura e que tenho certeza que me ajudará muito no futuro.

Já escutei uma vez que fazer intercâmbio não é somente um ano em sua vida, mas sua vida em um ano. É exatamente isso que aconteceu, não é só um aprendizado acadêmico, mas uma união de experiências que mudam sua vida e seu modo de pensar. Meu intercâmbio em Portugal foi incrível e excedeu muito mais do que o acadêmico. Em Portugal, apesar de não ter estudado, de fato, Arquitetura e Urbanismo, fui para uma escola de Design de Interior e Equipamentos, uma parte da Arquitetura, mas de longe a menos importante, e que me ensinou muito.

A cidade onde se localiza minha escola fica a três horas de trem de Lisboa. Uma cidade pequena e bem pacata, basicamente funciona para os universitários. Não aconteciam muitas coisas na cidade, como palestras, cursos ou aulas magnas, por exemplo. Esse foi um ponto muito difícil na minha adaptação, pois aqui em São Paulo há uma variedade absurda de informações a todo tempo de diferentes assuntos. Outro ponto relevante para mim foi a falta de matérias optativas ou de tópicos especiais, onde podemos sair um pouco da grade regular do curso e adquirirmos conhecimento extra sobre assuntos relacionados aos nossos estudos. Mas aos poucos consegui perceber aspectos que existem na formação em Portugal em que aqui há uma carência.

Não consigo avaliar com base no curso de Arquitetura, mas percebo que aqui nossas aulas são bem teóricas, quase nunca conseguimos fazer algo de fato, na prática. Lá cursei matérias que basicamente não existia aula teórica em sala com cadeiras, o aprendizado era na tentativa, na execução dos objetos, no erro e no acerto. Aprendemos a usar maquinário para mexer com madeira e metal, e, uma vez que já sabíamos como funcionava, tínhamos total liberdade de executar sozinhos e utilizar o laboratório a qualquer hora do dia. Então, quando vejo as aulas no Brasil, sinto que as oficinas de experimentação não são livres para o uso de seus alunos, não conseguimos utilizar essa ferramenta.

Outro ponto que gostei muito na ESART é que ao final da execução de um projeto, o professor nos pede uma tabela de orçamento daquilo que foi feito, desde modo podemos saber o quando vale aquele objeto, o quanto vale o material em que foi feito e o quando vale o nosso trabalho para executar aquele projeto. Acredito que seja uma parte muito importante da aprendizagem, principalmente para termos noção de quando vale a nossa mão de obra, coisa que aqui no Brasil não se é pedido, fica sempre no mundo da imaginação.

Para finalizar, incentivo a todos essa pausa para um intercâmbio: é vendo o novo que a gente cresce, nos faz analisar melhor as situações, nosso senso crítico fica mais apurado, a gente aprende a se adaptar nas situações mais extremas e saímos de lá com uma sensação de dever cumprido. Sinto que esse tempo foi essencial na minha formação acadêmica, e sinto que esse período em Portugal me fez uma melhor pessoa e irá me fazer uma melhor profissional.

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