A Itália sempre foi um destino que eu sonhava, pela cultura, pela língua (já fazia italiano há algum tempo), e a cidade de Firenze se encaixou perfeitamente no senso de que aqui existe muito do que ser visto em relação à história da arte, da arquitetura. Quando soube que a COI tinha esse convênio com a Universidade aqui de Firenze, busquei as informações necessárias para poder me inscrever.
A universidade foi minha escolhida depois de analisar as cadeiras que ela oferecia. Vi diversas cadeiras na área de restauro e isso me interessou, e muito. Depois, tinha de novo a questão da cidade em que está. Conversei também com quem já estava aqui e o que me contaram também influenciou na escolha decisiva.
Os pontos positivos para mim, em relação ao país são: A língua, a cultura, o modo de vida daqui, por exemplo, existem suas diferenças, mas de forma geral, os italianos que eu conheci são simpáticos, dispostos a ajudar os outros ... não que seja igual ao Brasil, mas, facilita um pouco as coisas se você se sente “em casa”.
Muitas das lições são “in loco”, o que facilita muito você assimilar. O curso de história da arquitetura é muito bom. Os professores, na maior parte, são atenciosos no sentido de que se você é “Erasmus” (como somos conhecidos aqui) eles estão dispostos a falar mais devagar quando necessário, se você tem dúvidas, depois da aula, ou em dia fixado por eles, você pode ter atendimento. Acho importante dizer um ponto que não é propriamente da universidade, mas é uma dificuldade que eu encontrei aqui: É a questão dos grupos de trabalhos com italianos ou pessoas que cursam regularmente a faculdade, eles se fecham e fica complicado trabalhar junto.
Participação da COI durante o processo: A COI participa mais nas questões relacionadas aí no Brasil, aqui quase não fizemos contato. Mas quando precisamos ela ajudou sim, respondia prontamente os emails pedindo “socorro”.
Obtenção do visto: Eu não tenho a cidadania por isso precisei do visto. Bom, para pegar meu visto eu tive que ir algumas vezes ao Consulado Italiano em São Paulo, eles me diziam sempre que faltava algum documento, no entanto, eles te passam uma lista, você leva tudo o que precisa e eles pedem algo que não estava nessa lista. Tive problema ainda que a pessoa que me atendeu me fez fazer um cartão (não fiz o que ele indicou, fiz um outro) e colocar 600 euros mensais por todo o período que estaria aqui. Sem esse cartão, e sem a comprovação eu não teria meu visto. Só que essa pessoa só me disse isso na terceira vez que eu estava indo lá. É cansativo o processo, por isso eu recomendo ir ao Consulado com tempo sobrando. Além disso, deve chegar lá bem cedo, porque tem número limitado de senhas, e vá com tempo, porque ficará ali por um bom tempo esperando ser atendida.
Não esquecer de que quando chegar aqui deve ir ao correio, pegar um envelope cheio de papéis que devem sem preenchidos. Depois deve ir ao correio enviar isso à Questura, você receberá uma data e um horário para comparecer à Questura (conselho: leve uma água, chegue bem cedo, em torno das 6 horas da manhã, leve algo para ler e tenha muita paciência), depois disso de averiguar se toda sua documentação está certa, eles te darão outra senha, em outro dia para ir de novo e só na terceira vez é que eles te entregam o permesso di soggiorno que é necessário para estar aqui.
Universidade receptora de um modo geral (ensino, nº de disciplinas cursadas, sistema de provas e trabalhos, professores, adequação, comportamento, grau de dificuldade, etc): O ensino é de qualidade, porém, eles têm uma didática totalmente diferente da nossa e isso pode desestimular um pouco quem vem, mas meu conselho é que continue indo nas aulas, faça os trabalhos, mesmo que seja “chato”. Eu cursei 3 disciplinas e me arrependo, deveria ter cursado mais, mas foquei nas disciplinas de restauro e fiz história da arquitetura I para complementar.
As disciplinas que eu cursei não existiam trabalhos, era um único trabalho ao final do curso mais o exame, que é sempre oral e que pode ou não ser acompanhado de uma parte escrita. Os professores são normalmente simpáticos e atenciosos, sempre acessíveis para conversar e até mesmo trocar experiências vividas nos diversos países. A maioria das pessoas que fazem cadeiras de restauro é estrangeira, o que deixa a aula bastante dinâmica. Nos exames, eles conhecem nossas dificuldades na língua italiana e são compreensivos se cometemos alguns erros.
Matrícula: No momento da matrícula encontramos dificuldades porque ninguém sabia aonde se encontrava o professor responsável por nós aqui, e ele por sua vez, não atendia o telefone, nem respondia nossos emails... Não sei ao certo quanto tempo, mas se eu não me engano ficamos atrás dele por quase 3 meses até finalmente conseguir fazer a matrícula. Depois tivemos que ir à secretaria e pegar o famosos “libretto” que ao final de cada semestre deve conter uma assinatura do professor dizendo que você frequentou a matéria dele, e depois, se fizer o exame (que não é obrigatório) uma outra assinatura, dizendo ou não se você superou. Após isso completo, deve levar esse “libretto” na secretaria para que eles façam os certificados. É um pouco complicado só na parte de encontrar o professor responsável, depois é simples.
Recepção em si (tanto por parte da Universidade quanto pelos alunos e demais pessoas): A recepção aqui de um modo geral é muito boa. As pessoas são simpáticas e estão dispostas a ajudar.
Alojamento: Eu estou na Evergreen Residence, é um alojamento novo, perto do centro, de ônibus em torno de 10 minutos no máximo. Primeiramente eu estava em um apartamento para quatro pessoas, o que é muito legal no senso de que você conhece-as e conhece um pouco da cultura, porém, existem os problemas de conflitos de cultura o que muitas vezes não acaba bem. Eu no final acabei trocando de apartamento, estou em um para duas pessoas, é bem mais tranquilo. Aqui nós temos uma sala de estudo, segurança, os diretores são atenciosos e você tem grande chance de conhecer muita gente.
Clima do país: Bom, quem chega em Agosto, prepare-se: é difícil o termômetro não marcar pelo menos uma vez ao dia 40 graus, e a cidade estará vazia, ou seja, aproveite para viajar! Depois a temperatura melhora, mas, o inverno que passei aqui foi muito frio, com neve e temperaturas em torno de 0 graus. No começo de Junho a temperatura começou a melhorar e agora já temos dias de muito calor.
Custos (alojamento, transporte, alimentação, material didático, outros e um total aproximado): A residência eu pago mensalmente 345 euros, mais a internet 10 euros mais a conta de água, luz, calefação que chega a cada dois meses e que normalmente dá em torno de 50 euros mensais, ou seja a cada dois meses se gasta em torno de 100 euros. Para me locomover eu fiz o abbonamento mensile, que custa 23 euros ao mês e você pode usar o ônibus e agora o trem o quanto você quiser. Alimentação eu gasto em média de 80 a 100 euros mensais se faço comida aqui em casa mas também há a possibilidade de ir na mensa, que é o “bandeijão” daqui e se paga 2,50 euros a refeição. O material didático é difícil fazer uma média, já que depende de qual matéria você escolheu, eu, só tive que comprar alguns livros. No total, contando com os extras, que envolvem final de semana, viagens pequenas de fim de semana, aperitivos e outros, eu gasto em média 600/650 euros mensalmente. E a cada dois meses o “plus” da despesa de água, luz e outros.