2007 - Sofia Melnikoff - Comércio Exterior


Sou aluna do oitavo semestre de Comércio Exterior e morei durante um ano na Espanha (na cidade de Cádiz). A cidade está localizada na costa sul do país (entre o estreito de Gibraltar e Portugal) e sua população é de cerca de 200 mil habitantes. Cádiz é quase toda rodeada por mar, e, segundo historiadores, abriga o bairro mais antigo da Europa. Por sua localização geográfica e seu histórico, tem grande importância turística dentro da Europa e, na Espanha, é considerada uma das mais atrativas cidades de veraneio, contando com muitas praias bonitas, clima agradável durante o ano todo e gente alegre e receptiva.

A pesar do curso de Comércio Exterior não ser ministrado na Universidade de Cádiz, tive a oportunidade de escolher matérias de qualquer curso oferecido na escola, de acordo com minha preferência. Assim, optei por estudar matérias de ciências náuticas e de administração de empresas. Cursei as disciplinas de Economia Mundial, Direito do Transporte Marítimo, Francês Empresarial e Economia Marítima. Essa oportunidade de estudar matérias relacionadas à navegação foi muito importante para mim, já que tenho interesse particular pelo tema.

Hoje existe convênio entre o Mackenzie e a Universidad de Cádiz que isenta os alunos do Mackenzie de pagamento da matrícula (e dos créditos a serem cursados). Somente matérias extracurriculares, como Espanhol, esportes etc, são cobradas. No primeiro semestre, morei em um apartamento com dois espanhóis e pagava 135€ de aluguel por mês, que acrescidos de gastos com energia elétrica, água e gás somavam cerca de 160€ mensais. No segundo semestre morei em um apartamento incrível, com dois espanhóis e uma italiana. O apartamento tinha vista para o mar, novo, totalmente equipado e de aluguel mais gastos (incluindo internet wireless) eu pagava 190€ por mês. De supermercado, gastava em torno de 100€ por mês e se come bem na rua por uns 10€.

Cádiz é uma cidade pequenininha e se você vive no centro (ou vive fora dele e gosta de caminhar – do começo ao fim, a cidade tem uns 7 ou 8km) não é necessário utilizar o transporte público. Eu tinha uma bicicleta e ia com ela para todos os lugares (paguei 90€ na bicicleta nova, mas é possível encontrar mais baratas de segunda mão).

Além disso, existem outros gastos e na conta final, se vive bem com 400€ ou 500€ por mês. Cádiz é uma das cidades mais baratas da Espanha (e consequentemente da Europa, desconsiderando-se os novos entrantes da União Europeia).

Em linhas gerais a minha experiência lá foi muito positiva! Conhecer pessoas, culturas e ideias é uma das coisas mais fascinantes que existe. Cádiz é um ótimo lugar para se fazer isso, já que na cidade existe uma grande fusão de pessoas (muitos turistas, estudantes estrangeiros e, claro, espanhóis).

O único problema que encontrei está relacionado ao visto de estudos e começou aqui no Brasil. É muito difícil negociar com o consulado espanhol de São Paulo. Depois de muito insistir (agendei minha entrevista no começo de dezembro) consegui marcar para o dia 26 de janeiro de 2007, sendo que minha passagem já estava comprada para do dia 7 de fevereiro. A pesar da intenção de permanecer na Espanha por um ano, me concederam o visto para seis meses, e me disseram que, aparentemente, eu não teria problemas para renová-lo se quisesse permanecer no pais por mais meio ano.

Aqui no Brasil me orientaram a “registrar-me” quando chegasse lá, assim que logo na primeira semana, procurei a polícia local, onde me disseram que eu não tinha que fazer nada e que quando meu visto estivesse para vencer eu deveria procurar o departamento municipal responsável por estrangeiros. Quando faltavam três meses para o vencimento do visto fui a esse lugar e lá me disseram que meu visto não era renovável. Ali me perguntaram sobre meu cartão de estudante (que deveria ter sido emitido na polícia quando cheguei e onde me disseram que eu não tinha que fazer nada!).

Em resumo, tive muita dificuldade com a questão do visto. Entrei com pedido de renovação, que foi negado duas vezes. Tive que procurar um advogado que me ajudasse com o caso e apesar de não ter ficado ilegal no pais em nenhum momento (pois enquanto se processam os pedidos de renovação de visto, você tem resguardo para permanecer legalmente no país), fiquei em uma situação que considero bastante desconfortável. Não tive muita liberdade para viajar pelos outros países da União Europeia (não só pelo problema de renovação, mas também pelo tipo de visto de estudos que eu tinha).

Minha dica é que no momento de fazer o visto aqui no Brasil, se faça um com validade de um ano, de múltiplas entradas na União Europeia e que na chegada ao país se emita o cartão de estrangeiro. Tomando esses pequenos cuidados a experiência internacional se torna ainda melhor!

Sofia Tobos Melnikoff

E-mail: sofia.melnikoff@gmail.com

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